A semente
A semente
Meu amor nasceu de uma frágil sementinha que plantei, assim, ao acaso, em terreno alheio.
Quando plantei, nem sabia ao certo o local, nem mesmo o que estava fazendo.
E quando a plantinha brotou, miúda, esquelética, nem dei muita importância, achei mesmo que não duraria, pensei, pobrezinha, vai morrer.
O tempo foi passando, e ela crescendo. O que este pobre vegetal enfrentou, é impressionante!
Nevascas e ventos fortes, chuvas torrenciais e sol ardente, noites frias congelantes, enchentes arrastando tudo.
Com isso, se feria, mas machucada, resistia, assim, em uma teimosia desconcertante.
Pisada várias vezes, com sacrifício se reerguia, fortalecendo suas raízes, esticando braços e folhas, rumo ao céu dos amores.
E foi corajosamente tomando espaço, e não sei que tamanha gula ela tem, que ficou imensa, de um verde esperança cintilante, reluzindo ao sol.
Mas nem assim lhe deram tranqüilidade. Machados tentaram inutilmente cortar seu tronco, pragas parasitas colando e sugando sua doce seiva, e ela inerte aos acontecimentos, crescendo cada vez mais.
Nada foi suficiente para barrá-la. Empecilhos cada vez maiores, obstáculos aparentemente intransponíveis, regada à lágrimas e fertilizada com a fé dos que conhecem verdadeiramente o significado do verbo amar, ela resiste ao tempo, plena, guerreira, ciente do sonho que acalenta e das pedras que esfolam sua casca.
Muitas sucumbiram ao seu lado. Por muitas ela chorou.
Hoje as enchentes já não dobram suas folhas, e as nevascas já não queimam suas flores que espalham perfume pelos ares, os ventos já não racham seu tronco e os parasitas não chegam às suas raízes.
Alimentou-se de ternura, de afeto, bebeu o néctar do mais verdadeiro sentimento, elevou seu pensamento ao Ser que a criou, embebeu seu corpo todo com a proteção da simplicidade e foi sincera nas suas palavras.
Ergue-se imponente na floresta dos mais puros desejos, e confia plenamente na virtude de ser real.
Sabe que a espera é longa, sabe que além dos mares, desertos, campos e montanhas, estará reinando absoluta, que céus e terras passarão, mas o amor nunca passará.
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1524 reads
Add comment
other contents of Gisa
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Tristeza | A moça | 5 | 893 | 12/24/2009 - 00:42 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Nem sempre | 1 | 1.718 | 12/23/2009 - 23:00 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Olhos de menina | 4 | 552 | 12/23/2009 - 22:38 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Poliana | 4 | 580 | 12/23/2009 - 04:21 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Mais um ano | 6 | 1.070 | 12/22/2009 - 18:48 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Mil razões | 1 | 1.392 | 12/21/2009 - 22:42 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Inércia | 3 | 643 | 12/21/2009 - 06:28 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Tudo é você | 4 | 1.271 | 12/21/2009 - 06:01 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Errante | 2 | 1.100 | 12/20/2009 - 10:04 | Portuguese | |
Poesia/General | SER HOMEM | 2 | 797 | 12/20/2009 - 06:55 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A pipa ( Dedico a todas as crianças, que tomem cuidado) | 4 | 1.336 | 12/18/2009 - 18:59 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Demasia | 5 | 874 | 12/18/2009 - 02:30 | Portuguese | |
Poesia/Erótico | Pelo seu corpo | 5 | 379 | 12/18/2009 - 01:38 | Portuguese | |
Poesia/General | AZUL ( Dedico ao Marne, que me cobrou na poesia Vermelho) | 4 | 386 | 12/17/2009 - 23:44 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Desastre do cupido | 4 | 1.338 | 12/17/2009 - 23:34 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Diferentes | 5 | 1.077 | 12/17/2009 - 00:01 | Portuguese | |
Poesia/General | Tributo a música | 5 | 623 | 12/16/2009 - 23:08 | Portuguese | |
Poesia/General | VERMELHO | 3 | 1.755 | 12/16/2009 - 13:00 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | O ELO | 3 | 515 | 12/16/2009 - 10:34 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | trecho de A ÚLTIMA MARGARIDA | 3 | 1.121 | 12/15/2009 - 12:34 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Crônica ao amor | 1 | 888 | 12/15/2009 - 08:59 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | EU | 2 | 792 | 12/14/2009 - 11:50 | Portuguese | |
Poesia/Alegria | ALEGRIA | 5 | 1.028 | 12/14/2009 - 02:45 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | DEU A LOUCA | 3 | 858 | 12/13/2009 - 18:10 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Só hoje | 6 | 789 | 12/13/2009 - 13:32 | Portuguese |
Comentarios
Re: A semente
Um belo texto, sobre a força,
inabalável, de um amor
verdadeiro.
:-)
Re: A semente
"E quando a plantinha brotou, miúda, esquelética, nem dei muita importância, achei mesmo que não duraria, pensei, pobrezinha, vai morrer."
Mas não morreu... Face a todas as adversidades sobreviveu e floriu! Fazes-me lembrar uma papiola a despontar numa estrada de alcatrão!
Beijinho na flor, aparentemente fragil, mas de raizes profundas!
Inês
Re: A semente
Olá Gisa
Também tenho Fé e Esperança que o amor
jamais acabe, pelo contrário cresça
cada dia mais e mais, com a ternura
o carinho e muitas outras afeições
que fazem dele o maior...Parabéns!
Beijinhos no coração
Re: A semente
É, o amor é como uma árvore, até que dê fruto, há muito trabalho interior a fazer para o colher!!!
:-)
Re: A semente
Lindo, o amor sempre nasce aos pouquinhos e vai crescento e pode germinar até a eternidade sem nunca se desfazer.
Outra vezes intenso pode logo passar.
Mas como dizes é uma semente sempre pronta a germinar.
Maravilhoso.