Falar-te de amor...

por mais que o negue…
como Judas negou o seu Mestre.
Por mais que os pensamentos em rodopio
sejam uma espécie de galo enrouquecido
que canta quando se despede da noite,
com uma estridência silenciosa
a beliscar as insónias.
Por mais que eu baralhe as cartas
à espera do rei de copas
que completará a jogada de poker.

Tenho saudades tuas… sim…

Sem lamentações ou contemporizações!

... Sou como uma rola depenada,
que caiu num poço sem fundo,
que tilinta o calor mais gélido que ouses pensar,
que teima em cantar para a nesga de sol que espreita envergonhado.

- O amor é uma teimosia sabes?
Uma mão fechada que afaga o coração.
Constato-o e bloqueio
essa inevitabilidade com a mesma displicência
com que te encontro dentro de mim
a pisar os meus sonhos,
com os teus sapatos de vidro.

Um dia vou ser capaz…
de não olhar mais para a tua sombra
que corre aos ziguezagues no meu sangue…

(VÓNY FERREIRA)