Meu filho (carta a um filho com depressao)

Estimado filho...

O que posso dizer,
ou o que posso fazer,

por você? Por nós?

Se tento escutar-te
insisto, procuro-te
mas, você anda tão fechado.
caminha tão absorto.

Se tento perscrutar,
invisto, lanço-te
um pequeno olhar, um gesto,
mas, você cerra as pálpebras.

Se tento te falar,
ao vento, se vão as palavras,
você não quer mais conversar,
tergiversa e volta ao que estava fazendo.

Se nada digo,
Se nada faço,

Então fica tudo como está?
O que restará
nesse mundo de silêncio?
neste muro interposto?

Se dê apenas uma oportunidade,
para aplacar o que você sente.

Ainda que de longe,
observando você mergulhar
no doce caminho da música
tocando sua guitarra noite adentro

Continuo a procurar um meio,
uma porta para falar ao seu coração,
como seu pai e velho amigo,
hoje ignorado e desconhecido.

Muitas vezes no sentimos
feito um vulcão
que morre em lavras,
pra depois se deixar renascer em ilhas.

Todos temos direito,
ao nosso momento de busca interior,
por isso respeito a tua vontade, dói lhe ver assim
todavia, torço que você encontre o seu caminho.

Olhe filho, a indiferença é algo
muito forte e cultivado no mundo atual.
Nós precisamos lançar as sementes
da concórdia entre as pessoas.

Aprender a perdoar
do mesmo jeito que se aprende a amar,
Dialogar ainda é o melhor caminho,
para o entendimento entre os homens (e porque não dizer entre os pais e os filhos)

Se você prefere ficar assim,
Sofre você, sofremos todos nós.

Sabe porque?
Por uma razão muito forte:

Por que nós gostamos de você.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em junho de 2003, a propósito do drama de um filho com quadro depressivo.

Submited by

Miércoles, Abril 14, 2010 - 00:58

Poesia :

Sin votos aún

AjAraujo

Imagen de AjAraujo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 7 años 8 semanas
Integró: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Comentarios

Imagen de AjAraujo

Aprender a perdoar do mesmo

Aprender a perdoar
do mesmo jeito que se aprende a amar,
Dialogar ainda é o melhor caminho,
para o entendimento entre os homens (e porque não dizer entre os pais e os filhos)

Imagen de Susan

Re: Meu filho (carta a um filho com depressao)

AJ , QUE BONITO VER SEU AMOR PELO SEU FILHO , A DEPRESSÃO É ALGO MUITO DELICADO , ESPERO QUE ELE JÁ ESTEJA BEM MELHOR MAS SE NÃO ESTIVER SUGIRO QUE O LEVE A PASSEAR NUMA PRAÇA OUVIR O SOM DOS PÁSSAROS E RESPIRAR AR PURO , TOMAR UM SORVETE UM CAFÉ CONTAR PIADA FALAR BOBAGEM...
DEPOIS DAR-LHE UM BEIJO E UM ABRAÇO , SÃO COISAS SIMPLES PORÉM PRA QUEM TEM DEPRESSÃO JAMAIS SERÃO ESQUECIDAS.
ABRAÇOS
SUSAN

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AjAraujo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Intervención Desencanto (Manuel Bandeira) 0 1.967 08/17/2011 - 21:57 Portuguese
Poesia/Intervención Minha grande ternura (Manuel Bandeira) 0 2.403 08/17/2011 - 21:54 Portuguese
Poesia/Meditación Enquanto a chuva cai (Manuel Bandeira) 0 2.373 08/17/2011 - 21:52 Portuguese
Poesia/Intervención A morte absoluta (Manuel Bandeira) 0 3.641 08/17/2011 - 21:47 Portuguese
Poesia/Pensamientos Arte de Amar (Manuel Bandeira) 0 5.428 08/17/2011 - 21:44 Portuguese
Poesia/Desilusión Surdina (Olavo Bilac) 0 1.166 08/17/2011 - 13:28 Portuguese
Poesia/Amor O Amor e a Morte (José Régio) 0 4.465 08/17/2011 - 13:25 Portuguese
Poesia/Intervención Solidão (Pedro Homem de Mello) 0 3.058 08/17/2011 - 13:23 Portuguese
Poesia/Intervención O que eu sou... (Teixeira de Pascoaes) 0 1.784 08/17/2011 - 13:21 Portuguese
Poesia/Intervención Fim (Álvaro de Campos) 0 4.265 08/17/2011 - 13:16 Portuguese
Poesia/Meditación Memória (Carlos Drummond de Andrade) 0 1.685 08/17/2011 - 13:14 Portuguese
Poesia/Intervención A hora da partida (Sophia de Mello Breyner Andresen) 0 5.999 08/17/2011 - 13:12 Portuguese
Poesia/Intervención Canção da Partida (Cesário Verde) 0 3.196 08/17/2011 - 13:09 Portuguese
Poesia/Archivo de textos Biografia: Cora Coralina(1889-1985), poetisa brasileira, natural de Goiás. 0 13.760 08/17/2011 - 02:21 Portuguese
Poesia/Meditación Mascarados (Cora Coralina) 0 3.790 08/17/2011 - 02:12 Portuguese
Poesia/Dedicada Minha Cidade (Cora Coralina) 0 761 08/17/2011 - 02:10 Portuguese
Poesia/Dedicada Rio Vermelho (Cora Coralina) 0 952 08/17/2011 - 02:08 Portuguese
Poesia/Dedicada Bem-te-vi bem-te-vi... (Cora Coralina) 0 3.153 08/17/2011 - 02:06 Portuguese
Poesia/Meditación Todas as Vidas (Cora Coralina) 0 639 08/17/2011 - 02:04 Portuguese
Poesia/Archivo de textos Biografia: Mário Quintana (1906-1994), poeta, escritor e jornalista brasileiro. 0 10.549 08/15/2011 - 18:48 Portuguese
Poesia/Intervención Ah! Os relógios (Mário Quintana) 0 1.393 08/15/2011 - 18:38 Portuguese
Poesia/Desilusión Canção dos romances perdidos (Mário Quintana) 0 2.012 08/15/2011 - 18:35 Portuguese
Poesia/Amor Canção do amor imprevisto (Mário Quintana) 0 2.468 08/15/2011 - 18:33 Portuguese
Poesia/Amor Bilhete (Mário Quintana) 0 711 08/15/2011 - 18:30 Portuguese
Poesia/Dedicada As mãos do meu pai (Mário Quintana) 0 624 08/15/2011 - 18:28 Portuguese