Os sons

Onomatopéias, oscilação sonora
Parecia a resposta do vento
Ventando, comunicando e a falar
Falando num só mover
Que tudo parece morrer

E eu vivo, transformo vaidades em concretude

Vivo e falo aos quatro cantos do mundo do meu orgulho poliglota

E faço arte, reproduzo o existir segundo minhas paranóias
Criando felicidade entristeço-me com a impossibilidade de reviver acordando com minhas hipocrisias

Sim, sou demasiado hipocrita: calado julgo o que falando entrego
Externo o verbo, interno precipícios
E quando ando, corro ao abismo outro e estendo a mão
(Pendurado, pronto a cair, reerguido, apto a seguir)
E andando não percebo o quão baseio meus passos na hipocrisia

Onomatopéias, as nunvens chegando
Avisam dos prantos vindos de longe
E longe é, na verdade, aqui
Onde agora não chove, não brilha o sol
Onde agora não chove, condena o sol
Parece, no entando que, o brilho condena

Antenas, aeronaves, extratosfera
Explodem, expulsam, aportam
Um medo trancado é um medo vivido
Estou disposto a morrer por mim

Li uns textos e tornei-me sábio
Ainda não sei o bem de saber sem viver

Perguntam do amor e da vida certos de que possuem a resposta certa
Sabendo, por que perguntam?
Por que a dúvida esclarecida gera nova dúvida?

Li alguns livros e tornei-me vivido
Não entendi a função da ficção em meu viver

Onomatopéias, os carros passando
Quando param os giros, a vida tende a seguir
Ainda que morta em vida, vive por si
Até que a escolha derradeira seja a morte
(A vida vive por si)

Os braços cansam, as pálpebras quase vencem o olhar fixo...
Parece que há por aqui uma longa jornada a ser feita:
A baixo ou a cima, quem decide sempre sou eu

E quando os sons cessarem, cessarei com a minha descrença na capacidade humana de mudar o mundo

Mudo, sou imperfeito

Dizendo, mostro defeitos que, meus, tangem a sinceridade da escrita que ledes.

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Sábado, Junio 26, 2010 - 17:59

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robsondesouza

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Re: Os sons

"Mudo, sou imperfeito

Dizendo, mostro defeitos que, meus, tangem a sinceridade da escrita que ledes."

Pior eu que mesmo gritando sou sempre NADA ecoando no vácuo dos meus pensamentos.
O pensando bem... melhor ser nada... Mas ter teus belos sons para refletir, eu nunca tornei-me nem me tornarei sábia, vivida eu já nasci...Na verdade o que me faz e desfaz é a loucura que me imputa sempre a dúvida: Afinal qual o sentido desta coisa toda chamada vida?

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