E eu escrevo...
Eu escrevo, quando a minha alma remói
Sobre uma dor, ou um acontecimento
Sobre uma reacção tida, sem fundamento
Quantas vezes, eu escrevo, sobre alguém
Que, em mim, suscita um qualquer sentimento
Alguém, que eu acolho, com ternura
Ou, alguém, que eu escorraço, com bravura
Eu escrevo, quando o meu coração sorri
Perante um, qualquer, facto da vida,
Perante uma alegria surgida
Na vida de uma pessoa querida
E, ou, na minha vida, também
Mas eu escrevo, também, quando ele chora
Se, em mim, porventura, a dor mora
Eu escrevo, quando recordo as alegrias,
Que um dia eu vivi e, por elas, sorri
Se, elas se transformam, em agonias
Ou, que, num repente, se vão embora
Tal como a traiçoeira paixão, ardente
Que vem forte e esvai-se, num repente
Relançando-nos na rotina de outrora
Escrevo, para entender os meus sentimentos
Quando a minh`alma, assim, o reclama
Escrevo, quando, em mim, arde aquela chama
Que se alastra, pelos meus lamentos,
Quando, em meu coração, a dor, aclama.
E, também, escrevo, naqueles momentos
Em que me tomam os meus tormentos
Eu escrevo, naqueles momentos,
Em que me confrontando, com a vida
E vendo-me, em situação reprimida
Que não me trará emolumentos
Este meu coração, então, deserta
De uma batalha franca e aberta
Deixando-me, assim, sem argumentos
Eu escrevo, quando tomado, pela solidão
Eu sinto apertar-se-me o meu coração
Sinto-o, como se a atulhar-se, numa alverca
Vagueando, por incertos pressentimentos
Pois, que a fome de amor me acerca
Para que, na saudade, eu não me perca
E consiga libertar-me, desses sentimentos
Eu escrevo, naqueles momentos,
Quando a luz do dia se atenua
E eu olho, quem passa na rua
E o que eu vejo, é passar tormentos
E, quando minh` alma se corrói
Por ver um mundo, que se destrói,
Por, claramente, insólitos argumentos
Eu escrevo, naqueles momentos
Em que vejo esqueletos vivos
Definhando, porque cativos
Das políticas, para os alimentos
E, quando, o pão, a alguém, se nega
Pois, que a mesquinharia é cega
E baseia-se, em singulares argumentos
Eu escrevo, naqueles momentos
Em que os meus sonhos se destroem
E, em minha alma e coração, remoem
Os mais absurdos desapontamentos
Pois, quando os meus sonhos desmoronam
Logo, as esperanças me abandonam
E escurecem-se os meus pensamentos
Eu escrevo, naqueles momentos
Em que, o mundo no seu girar
Faz, a inocente criança, chorar
Sobre egoístas fundamentos
E em que a minha alma, dilacerada
Por não ser capaz de fazer nada
Percorre a rota dos discernimentos
Eu escrevo, naqueles momentos
Em que alguém parte, deste mundo
Gerando um pesar, profundo
Gerando tristeza e saudade
Situações angustiantes, de verdade
Que parecem obra do Espírito Imundo
Deixando fome e demais sofrimentos
Eu escrevo, naqueles momentos
Em que minha alma se liberta
Das amarras de uma vida incerta
Que me amordaça os sentimentos
Ou, quando a noite, se transforma em dia
Em que o choro, é choro de alegria
E dispensa, quaisquer, argumentos
Eu escrevo, naqueles momentos
Em, que a solidão não me dá tréguas
E vendo a felicidade a por-se a léguas
Procuro, alguém, que me conforte
Alguém, que me estenda a sua mão
Alguém, que me acolha, em seu coração.
Escrevo se procuro e não tenho a sorte…
apsferreira
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Comentarios
E dispensa, quaisquer, argumentos
E dispensa, quaisquer, argumentos
eu
leio
Amo esse poema
Amo esse belo poema, muito bem escrito pelo meu amigo poeta Albano. Eles descreve exatamente o meu inicio na escrita poética...
Amigo saudade de ti.
Re: E eu escrevo...
E muito bem escrito!!!
A confissão do poeta!!!
:-)
Re: E eu escrevo...
Escreve, e escreve superiormente as inquietações da alma.
Um belíssimo poema
Abraço
Nuno
Re: E eu escrevo...
Senhor Albano ,sem dúvida é um poeta completo aonde deste o menor grão de sentimento visto ou gerado para além dos maiores não passam desapercebidos diante de seus olhos poéticos e estados da Alma.
Parabéns pela tua escrita !!!
Abraços
Susan