Palhaço

Provoco-te, sabes mesmo não sabendo que sabes que sim, dissimulado, muito ou nada, esperando para ver o que apanhas de mim, apanhas? Apanhas algo? Não sei mas continuo a fingir que sim, porque na verdade, sei que sim, mesmo que não saibas, mesmo que eu não saiba, na verdade apenas quero te ver sorrir, não importo de ser teu palhaço para que isso aconteça, não um palhaço triste, um alegre palhaço malabarista que mesmo não sabendo fazer o pino arranca o teu riso, se o resto da plateia ri ou não não me importa, se riem como quem ri das minhas figuras de palhaço triste, não me importa, todo mundo pode pensar que eu sou um palhaço triste, até tu podes pensar que sou, mas eu… sei que não sou, porquê tu ris, e rio no teu rio, nas margens do teu ser, que acompanho, que olho e vejo, mesmo vestido de palhaço, sei que não sou palhaço algum, mas… que ninguém saiba, quem nem tu saibas, pois como palhaço posso caminhar pelas tuas margens, ninguém impede um palhaço de ir onde quer, ninguém, nem um tolo, e continuo a subir, pela margem, como um bobo, o bobo da corte com chapéu com estrelas, com a cabeça nas estrelas que iluminam o meu céu na minha viagem, até ti, a tua nascente, criança, a infantil criança que aparece quando te ris, do bobo, que sobe as tuas margens em piruetas, o eu que vê a ti, de maneira que mais ninguém vê, talvez de maneira que ninguém nunca viu.