Vida

Nu despido, aparentando ter mil mascaras por ser mil máscaras, sem peça sequer, cantando, chorando, bem dizendo, mal dizendo, como todos, como toda gente que por mim passa, toda gente que mente, que sorri, ilude e é iludida, por um sorriso, uma promessa, um pedaço de pão, de alimento, afecto, triste, feliz, descontente, contente, feliz com o aperto de mão, infeliz com um abraço frio e gélido, com todas palavras do mundo para dizer a alguém mas sem nenhuma palavra que queira sair da língua, sem alma, desalmado, vivo, cheio, oco, vazio, como todos, como ninguém, a espera de alguém, quem? Quem espera? A si mesmo, talvez, como todos, como todos que fogem de si, mas…, acabam sempre por se encontrar, aqui, ali, no dobrar da esquina, no travo amargo do que não gosta de gostar mas gosta, na ponta do cigarro, no copo de vinho, na alegria, na tristeza, pois… promessas, promessas quebradas, partidas, e o desejo de não querer mais o que se quer, promessas, como li em algures… com o desejo de ter um coração que não se parte, ou senão partido… que já não se cola, mas isso é viver? Sobreviver talvez sobreviver é mais simples, viver é difícil, e amar é doloroso, custa, tudo custa, tudo é dor, e o desejo de não sentirmos dor, a anestesia para os sentimentos, chame-se o que quiser, pode até ser Zoloft ou o ultimo CD, alento, gritamos todos calados nos autocarros quando fingimos que nos interessa o assunto do jornal gratuito, mas quem dá? Quem recebe? Quem está disponível? Quem estando disponível faz algo? Alguém? Não sabe-se, alguém sabe? Cada um por si busca a sua maneira, a vida, vivida não apenas sobrevivida mas na verdade são os sobreviventes que mais vivem, os heróis estão debaixo da terra, em suas casas… medalhas, os que vivem mesmo, intensamente… aposentam-se cedo para vida, os sobreviventes é que ai andam, invejam quem vive, não tem coragem para sair do seu estilo medíocre de vida, mas estão lá, nos bancos de jardim, nos cafés, nos empregos reles ou simples, a tirarem fotocopias, cafés, andando em seus carros velhos, sem sequer sonharem com aqueles das capas de revista, esses sim, vivem, vivem? Quem vive realmente, o que é viver? Pagar contas, trabalhar, carregar o corpo para casa, fazer amor com sua mulher se tiver, carregar o corpo para o trabalho, isso é viver? VIVER E OUTRA COISA
Viver é viver. Viver é amar, é sonhar, é chorar, é acreditar, é iludir-se, é ser iludido, é fazer promessas, é partir promessas, é partir corações o seu e os dos outros, é colar sentimentos, é sorrir, destruir, construir, largar, deixar, recomeçar, reiniciar… e se isso significa aposentar-se cedo… que se aposente-se afinal a vida que temos não deve ser medida pelos anos que estamos cá mas sim pelo que por cá fizemos.

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Lunes, Mayo 26, 2008 - 10:11

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Re: Vida

Gostei das forças antagónicas que movem..movem-me...movem-te...movem-nos.

...num movimento ímpar.

beijo

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