A Revolução Farroupilha em Passo Fundo
Paulo Monteiro
A conquista das Missões, em 1801, marca a consolidação territorial, humana e econômica do Rio Grande do Sul. A exitosa expedição da cavalaria gaúcha, que imortalizou Borges do Canto, firmando a imagem do “centauro gaúcho”, presença constante e base de toda a literatura gauchesca de língua portuguesa, praticamente delimitou as fronteiras sul-rio-grandenses e estabeleceu o poderio dos estancieiros-militares.
A conquista das Missões e a partilha do seu território entre veteranos das guerras de Fronteira, transformou a nova unidade territorial brasileira em área ocupada por “um povo em armas”. Esse fato, como conquista militar de brasileiros – e muitos desses brasileiros naturais da própria Província de São Pedro do Rio Grande do Sul – será fundamental para garantir a integração definitiva da região ao Brasil. Será, também, fundamental para integrar seus habitantes a todas as campanhas militares posteriores do Brasil e em todas as revoluções, três delas: 1835, 1893, 1923, 1924, 1926, 1930, 1932 e 1964, aqui surgidas, lideradas ou, no mínimo, hegemonizadas pelos gaúchos.
A Revolução Farroupilha foi obra e arte dos estancieiros gaúchos, em defesa dos seus interesses como produtores de charque. O charque era o petróleo daquela época. Os serviços, a indústria, a agricultura – toda e qualquer atividade econômica – eram realizados pela mão-de-obra escrava. E o combustível que fazia essas máquinas humanas moverem-se era o charque produzido no Rio Grande do Sul e nos países platinos, mormente no Uruguai. E isto, também, é importante porque a maior parte das estâncias uruguaias de criação de gado pertenciam a sul-rio-grandenses.
Para baixar os custos de produção do café, do açúcar e de outros produtos exportados pelo Brasil era importante que o preço do charque fosse baixo. Isso prejudicava grandemente e revoltava os estancieiros gaúchos de 1835. Ao mesmo tempo, questões geopolíticas, contribuíam para que o governo imperial favorecesse o charque uruguaio. Ao proteger a economia oriental, garantia uma barreira de contenção às ambições hegemônicas dos argentinos nesta parte da América do Sul.
A política do governo central contrariava os interesses econômicos dos estancieiros gaúchos, fundamentados na indústria saladeira destinada à exportação para as regiões agrícolas do país. Ainda que os presidentes provinciais sempre fossem nomeados pela Corte, os estancieiros controlavam política e economicamente a Província. O Centro necessitava da periferia gaúcha pela capacidade militar que representava.
Entretanto, os estancieiros e charqueadores não representavam a maioria política da Província. Elementos urbanos, concentrados em Porto Alegre, São José do Norte e Rio Grande, representando interesses comerciais formavam a base da oposição, também conhecidos como conservadores, regressistas ou caramurus. Com a nomeação de Antônio Rodrigues Braga para presidente da Província, em 1834, os cargos públicos da Província passaram para os conservadores, adversários políticos dos liberais, partido de Bento Gonçalves da Silva, líder dos estancierios-militares, muitos deles próprios proprietários de charqueadas.
A demissão dos companheiros de Bento Gonçalves da Silva e dos demais “farroupilhas”, como eram apelidados os liberais, foi a gota d'água. O que aparece como “despotismo”, nos manifestos, discursos e outros documentos dos “farroupilhas”, significa exatamente isso: a substituição dos seus correligionários pelos conservadores. A partir daí, a história é conhecida: o Rio Grande do Sul, durante dez anos (1835 a 1845), foi varrido pela mais demorada revolução brasileira, uma verdadeira guerra civil que ficou conhecida como Revolução Farroupilha.
Passo Fundo, ao estourar a Revolução Farroupilha, começara a ser povoada há menos de sete anos. E crescia vertiginosamente.
O comércio de gados e outros animais, a erva-mate e as madeiras nobres eram as principais atividades econômicas da nascente Passo Fundo. Tropas de animais, atravessando o Mato Castelhano, o Campo do Meio e o Mato Português, cortando os atuais estados de Santa Catarina e Paraná, seguiam para a Feira de Sorocaba, em São Paulo. Carretas com erva-mate, atravessando Cruz Alta, seguiam para os comércios na Fronteira. Cargueiros, “em lombo de burro”, alternando-se com carretas, tomavam o “caminho do Botucaraí” até Rio Pardo, e dali a erva-mate e o chá de mate, eram levados para os mais diversos pontos onde existissem consumidores para esses abundantes produtos passo-fundenses.
Se o comércio de animais e de erva-mate eram as principais atividades econômicas de Passo Fundo, quanto começou a Revolução Farroupilha, diversos produtos agrícolas começavam a ser produzidos em abundância. A lavoura, ainda que incipiente, produzia milho, feijão, batatas, amendoim e arroz.
Em 1835 Passo Fundo possuía dois comerciantes: Manoel José das Neves, o primeiro morador, e Adão Schell, alemão, primeiro imigrante estrangeiro a instalar-se na área urbana da cidade. Ambos, fiéis ao governo do Império, abandonara o município. Manoel José das Neves, no posto de capitão do Exército Imperial, aderiu às forças que combatiam os farroupilhas, e Adão Schell exilou-se no Uruguai, de onde, pacificado o Rio Grande do Sul, retornaria definitivamente para Passo Fundo.
A Revolução Farroupilha dividiu o Rio Grande, e também dividiu Passo Fundo. Joaquim Fagundes dos Reis, José Antônio de Quadros, João Floriano de Quadros, Rodrigo Félix Martins, Manoel Antônio de Quadros e Manoel Joaquim de Britto, apoiaram a Revolução Farroupilha, o que deveria ser natural, pois todos tinham ligação com a Guarda Nacional, que formou a base inicial do Exército Farrapo.
Fiéis ao Império ficaram outros fazendeiros passo-fundenses que também deixaram numerosa descendência: Manoel José das Neves, Bernardo Paes de Proença, Manuel de Souza Duarte, Manuel José de Araújo e João da Silva Machado, Barão de Antonina, que residia em Curitiba, dono das fazendas do Arvoredo, do Cedro e do Sarandi.
Entretanto, muitos fazendeiros da região que, de início, apoiaram a Revolução Farroupilha, mais tarde passaram para o lado governista, acompanhando Bento Manoel Ribeiro. É o caso de Atanagildo Pinto Martins, de Cruz Alta, e todo o seu “clã”, que incluía muitos moradores de Passo Fundo e tiveram grande importância no combate aos revolucionários, inclusive em SC.
Os habitantes do Planalto Médio Gaúcho, em sua maioria paulistas e paranaenses, não tinham os mesmos interesses dos fazendeiros da Fronteira. Estes, homens com propriedades no Brasil e no Uruguai, dependiam do charque. Ao contrário, a base da economia planaltina assentava-se no comércio de animais com o centro do país, o extrativismo ervateiro e de peles de animais silvestres e alguma produção de serreais.
Passo Fundo, em 1835, se constituía numa extensão da província de São Paulo. A maioria dos moradores locais retornaram para suas regiões de origem ou aderiram às forças legais. Sirvam de exemplo, Manoel José das Neves, pelo menos por duas vezes preso pelos farroupilhas, no posto de capitão do Exército Imperial, e Atanagildo Pinto Martins – e seu clã familiar –, que enfrentaram os farrapos. Atanagildo conduziu os caramurus gaúchos, numa incursão a Santa Catarina, derrotando os revolucionários no Combate de Curitibanos.
Por aqui passaram forças revolucionárias e legalistas, inclusive acampando em variados pontos do município. Entretando, não ocorreram combates importantes, mas alguns episódios pouco divulgados aconteceram, como a derrota do general Pierre Labatut, mercenário francês, herói da Guerra da Independência. Humilhado pelos ataques que sofreu dos índios serranos, respondeu a conselho de guerra. Mesmo absolvido e reintegrado ao Exército Imperial, acabou com depressão profunda. Recolheu-se à capital baiana, onde faleceu.
A verdadeiramente esfarrapada e faminta infantaria de Pierre Labatut foi uma das diversas forças envolvidas na Revolução Farroupilha que passaram por nossa cidade.
Em 1838 o presidente em exercício da República Rio-Grandense, José Mariano de Mattos teve de abandonar Porto Alegre, assediada pelas tropas legalistas. Seguiu para Lages, pelo primitivo Caminho das Tropas, regressando ao Rio Grande pelo Caminho das Missões. Chegando em Passo Fundo, tomou o Caminho do Botucaraí (hoje Soledade), seguindo para o centro da Província, assediando militarmente a capital gaúcha. Nesse mesmo ano, em fevereiro, o então coronel farroupilha João Antonio da Silveira estava em operações sobre o Mato Castelhano, para desalojar uma força imperial cruz-altense, comandada por Manoel dos Santos Loureiro, que ali se aquartelara.
Em 12 de janeiro de 1839, no passo do Pontão, estrada de Campos Novos e Curitibanos, uma força imperial da qual faziam parte muitos passo-fundenses e cruz-altenses, guiados por Atanagildo Pinto Martins, que abandonara os farrapos, derrotou uma tropa farroupilha comandada pelo tenente-coronel Joaquim Teixeira Nunes, e sues valentes lanceiros negros, vingando a derrota que os imperiais tinham sofrido, pouco tempo antes, no mesmo local diante do incansável campeador republicano.
No final do ano seguinte passariam outras forças por aqui. No dia 5 de dezembro de 1839 o coronel Agostinho Melo pede a Ricardo Antônio de Melo para comunicar a Bento Manuel Ribeiro que, tendo mandado um contingente de 50 homens reunir-se ao tenente-coronel Aranha, essa força foi atacada “para cá da estância do Lara. Agostinho Melo afirma que essa força era comandada pelo capitão Lima e que foi completamente destroçada, ficando prisioneiro o tenente Saraiva. Apenas o capitão, com dois oficiais e oito soldados conseguiram escapar. Como eram poucos os farroupilhas estacionados em Passo Fundo, o que seria confessado pelos prisioneiros, ordenou que se retirassem para o Botucaraí (Soledade).
Antonino Xavier e Oliveira registra que a força imperial vinha de São Paulo e era comandada pelo capitão Hipólito Machado Dias. Segundo o “pai da história passo-fundense”, o farroupilhas eram comandados por um capitão de nome Felisberto, alcunhado de Carne Preta. Os caramurus fizeram 42 prisioneiros, que não opuseram resistência maior. Eram legalistas “reunidos a ponta de espada.
Hipólito Machado Dias deixou em Passo Fundo um contingente com 150 homens, comandado por um tenente de nome Lúcio. Este, ao que tudo indica, procurando “reunir índios a ponta de espada”, atacou uma aldeia de índios, matando e violentando mulheres, e abandonando as crianças indígenas nas ruas de Passo Fundo. Em princípios de 1840, Bento Manoel Ribeiro passa por Passo Fundo, recolhe os pequenos órfãos, e os remete para Domingos José de Almeida, um dos mais representativos líderes farroupilhas. Recomendava que as crianças fossem entregues a pessoas filantrópicas, que se responsabilizassem pela criação e educação dos adotados. Bento Manoel recomenda que as crianças, sob maneira alguma, fossem tratadas como escravos.
Domingos José de Almeida, que pretendeu escrever uma História da Revolução Farroupilha, ainda em 1860 se preocupava com o destino dos bugrinhos passo-fundenses. Mais precisamente, queria saber como estavam uma “bugrinha tomada ao pé de Passo Fundo” por Bento Manuel Ribeiro “para mandar criar e educar” e sobre uma “menina achada no mato” pelo major Antonio Vicente da Fontoura.
Antonio Vicente da Fontoura, que seria encarregado, em 1844, de acertar a paz com o Império, no Rio de Janeiro, esteve em Passo Fundo, durante largo período. Aqui recolheu dinheiro entre proprietários rurais e manteve uma guarda, no Mato Castelhano, para a cobrança de impostos. Aqui sua esposa deu a luz a Bento Porto da Fontoura, que ao publicar o livro de poemas “Flores Incultas”, em 1872, tornou-se o primeiro escritor passo-fundense a editar um livro.
O “massacre das bugras” e o caso dos órfãos sensibilizou Domingos José de Almeida, que responde que os pequenos órgãos índios deveriam ser cuidados à custa da nação, pois os nativos deveriam merecer apreço de todos. A ação legalista contra os índios apenas aumentaria a revolta dos mesmos contra os brancos.
O português Francisco José de Souza Soares de Andréa, legalista, exerceu a presidência da Província do Rio Grande do Sul, em duas oportunidades: entre 24 de junho de 1839 e 27 de junho de 1840 e entre 17 de abril de 1841 e 9 de novembro de 1842. Intransigente, aferrou-se ao plano de que os farroupilhas somente poderiam ser derrotados militarmente se conseguissem ser atraídos para um único local. Postos entre dois fogos, não resistiriam.
Um desses planos, poderíamos denominar exatamente de “Operação Passo Fundo”. Aparentemente simples, consistia em atrair para cá o exército farroupilha, cuja maior parte, sob o comando de Bento Gonçalves da Silva e David Canabarro, mantinha um cerco sobre Porto Alegre e atrair em auxílio daqueles dois generais, os farroupilhas da Fronteira. Para “chamar” os farrapos veio de São Paulo uma força com mais de mil homens, comandada pelo mercenário francês Pierre Labatut, herói das Guerras da Independência.
Bento Gonçalves e Davi Canabarro, temendo que Labatut, descendo pela primitiva “estrada das tropas”, que passava por Torres, fosse atacá-los, favorecendo que as forças de Andréa, estacionadas em Rio Pardo, aproveitando a vinda de Labatut, cercasse o exército farroupilha, adotou uma estratégia ousada. Abrindo picadas pela “serra das Antas”, foi sair no Campo do Meio, então pertencente a Vacaria, quase caindo na armadilha pensada pelo presidente da Província. Enquanto isso, os republicanos da Fronteira marchava às pressas para Cruz Alta.
Pierre Labatut viu sua tropa esfacelar-se nas serras de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tiveram de abandonar artilharia, armamento da infantaria e munições. Contribui para esse esfacelamento a dissolução do corpo militar formado por passo-fundenses e cruz-altenses comandado pelo coronel Antonio de Melo Albuquerque e o afastamento daquele oficial legalista.
Além disso, sofreu ataques dos caigangues, no Mato Português e no Mato Castelhano. Quando aqui chegou, em 7 de dezembro de 1840, seu exército estava reduzido a pouco mais de 300 homens, “todos mal armados e em um verdadeiro estado de nudez que faz pejo apareça em uma tropa da legalidade, e demais uns três grupos de homens a cavalo intitulados Corpos de Cavalaria e uma bagagem então numerosa de bestas em carga”, segundo deixou registrado o tenente-coronel Francisco de Arruda Câmara, que fazia parte dessa força.
Pierre Labatut pouco permaneceu em Passo Fundo. Temendo a aproximação das forças de Bento Gonçalves da Silva e David Canabarro, pela “estrada das Missões” e a subida de outros contingentes farroupilhas, que já dominavam Cruz Alta, tomou o “caminho do Botucaraí (Passo Fundo/Soledade) e marchou na direção de Rio Pardo.
De Passo Fundo, onde estava acampado, em 5 de janeiro de 1841, Bento Gonçalves informa a Domingos José de Almeida, ministro do Interior que “A deserção de Labatut foi espantosa; sua força reduziu-se a 400 homens; em sua fuga lançou seis bocas-de-fogo no rio das Antas, grande porção de munições etc., etc. O depósito que tinha em Lajes ficou em nosso poder; nele acharam-se 800 armas de infantaria, 40 pistolas, algumas espadas, munições, 200 serigotes e outras miudezas. O povo lajeano e bem assim quase todos os homens que acompanhavam o estrangeiro, de Cima da Serra a Vacaria, ou que estavam asilados nos matos se têm apresentado, e mui breve terei uma boa divisão na Vacaria”.
Bento Gonçalves também pouco ficou aqui. Logo seguiu para Cruz Alta. Das forças farroupilhas que passaram por Passo Fundo faziam parte o revolucionário italiano Giuseppi Garibaldi, sua mulher catarinense, Anita, e o filho gaúcho de ambos, Menotti. Ficaram acampados onde hoje é a praça Tamandaré e abrigados numa casa, que ficaria, aproximadamente, onde hoje é a Praça Tamandaré.
Enquanto a divisão paulista de Pierre Labatut era esfacelada pelos caigangues e “desertores”, na definição do Barão de Caxias, dois anos depois, os farroupilhas, que vieram atrás de Labatut, mesmo cruzando em áreas controladas pelos coroados, não foram atacados pelos selvagens. Segundo historiadores, como Evaristo Afonso de Castro, apenas o fato de que esses índios tenham sido forçados a abandonar suas terras no paraná, pelos paulistas, justifica a violência com que atacaram o Exército Imperial, sem que tenham tomado qualquer atitude hostil contra os farrapos, conforme descrição de Garibaldi em suas Memórias.
A “Operação Passo Fundo” redundou em grande fracaço para as forças imperiais, representando uma vitória das tropas farroupilhas.
No dia 26 de janeiro de 1842 o tenente-coronel Francisco de Melo Bravo, liderança imperial do Botucaraí (Soledade) marchou para o passo do Jacuí. No dia 31 uma tropa bastante superior de farroupilhas atravessou o referido passo, embaixo de vivo fogo, obrigando os legalistas a recuarem, deixando quatro mortos.
Já no dia 10 de março do mesmo ano, uma partida farroupilha, comandada por João Antonio da Silveira entrou em Passo Fundo, destroçando uma guarda de fronteira do 10º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional, Corpo esse que era comandado pelo tenente-coronel Antonio de Melo e Albuquerque, conhecido como Mello Manso.
Os legalistas tiveram um morto e outro inválido para sempre. O “anarquista” José Bernardo, como também eram chamados os farroupilhas, foi preso pelo tenente Antonio Portelo, tendo sido encaminhado preso ao comandante da 1ª e 2ª Divisão do Exército Imperial. Saliento que no documento oficial daquela época está grafado tenente Antonio Portelo, o que pode ser um erro, podendo chamar-se Antonio Portela.
A história da Revolução Farroupilha em Passo Fundo guarda a notícia de outros dois combates, um no Arroio Miranda e outro, que teria sido o mais violento, na coxilha entre o arroio Lava-Pés e o Mato do Jabuticabal, possivelmente onde hoje estão localizadas a Vila Independente, o Bairro Edmundo Trein e a Vila Dona Júlia.
Quando estourou a Revolução contávamos com 140 residências. A agricultura começava a desenvolver-se. Eram exportados diversos produtos, entre os quais a erva-mate e o chá de mate. Com a revolução muitas famílias migraram ou se exilaram no Uruguai. Passada a revolução, os colonizadores deram um exemplo, tanto que, no ano de 1836, a estatística oficial registra 1.159 moradores livres em P. Fundo e 1.207, no Botucaraí, que seria distrito de Passo Fundo. Quando a Revolução Farroupilha estourou em Porto Alegre no dia 20 de setembro de 1835, encontraria Passo Fundo em franco desenvolvimento.
Ao final do movimento armado, a promissora povoação estava reduzida a cinco ou seis ranchos, segundo o testemunho recolhido pelo historiador Antonino Xavier e Oliveira entre pessoas que aqui viveram e, portanto, conheceram Passo Fundo daquela época.
A Revolução Farroupilha representou o que de pior poderia ter acontecido para a florescente povoação de Passo Fundo. Mesmo aqueles que, de início, ficaram ao lado dos revolucionários, ao sentirem que os interesses serranos não eram os mesmos dos estancieiros e charqueadores, bandearam-se para o lado imperial.
Portanto, à exceção de alguns “políticos” e empregados públicos ou pessoas, como Joaquim Fagundes dos Reis, que possuiam ligações com a corrente maçônica de que faziam parte os principais próceres farroupilhas, a maioria dos passo-fundenses e cruz-altenses acabou apoiando as forças imperiais.
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