As verdades de amor

Gosto das janelas, de as olhar, de entrar nelas, de pensar que olham dentro dos meus olhos, da janela do meu prédio saem cheiros gastronómicos, variados cheiros oriundos de diferentes regiões, o primeiro andar é trás os montes, o segundo é o Alentejo e por coincidência o rés do chão é o Algarve. Costumo desenhar na janela do meu quarto, faço nuvens e pássaros e com a chuva que cai imagino lágrimas a cair nos olhos que desenho nas nuvens. Na rua onde moro há uma taberna e um velho que sabe muitas histórias, era no tempo em que as mentiras encantavam, a minha avó advertia-me que ouvir mentiras era ir para o quente do inferno e eu que gostava de ouvir histórias á lareira imaginava aquele bom inferno cheio de fantasias , de mentiras tão verdadeiras porque faziam sonhar. Agora sou grande, tenho verdades que apertam como um nó de gravata. A taberna que conheci é agora um banco, aquilo é outra mentira, é muito pior, é o tempo em que as mentiras não encantam, mas aquele velho tinha uma desculpa, estava bêbedo e hoje me apetecia voltar a escrever na janela, escrever um novo engano, ouvir histórias de amor porque as verdades de amor não nos deixam sobreviver

lobo

Submited by

Miércoles, Enero 13, 2010 - 00:45

Prosas :

Sin votos aún

lobo

Imagen de lobo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 7 años 5 semanas
Integró: 04/26/2009
Posts:
Points: 2592

Comentarios

Imagen de Anita

Re: As verdades de amor

Simplesmente magnífico! Não gosto de ler prosas, nunca tive interesse algum, há não ser agora pelas suas. Não sei se sabes, mas a tua escrita tem algo de encantador...

Cumprimentos, Anita.

Imagen de Obscuramente

Re: As verdades de amor

Simplesmente adorei.

A tua escrita criativa é original, bela, introspectiva...

Abraço.

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of lobo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Dedicada Quando o sol se derrete 0 2.384 12/27/2011 - 18:14 Portuguese
Poesia/General Eu não sei nada 0 1.806 12/27/2011 - 14:15 Portuguese
Poesia/Dedicada Com fome não se faz a sopa 1 2.092 12/26/2011 - 17:39 Portuguese
Poesia/Dedicada Ó sol preciso dos teus raios 1 1.367 12/26/2011 - 17:29 Portuguese
Poesia/Aforismo Ao redor do fogo 0 1.068 12/26/2011 - 14:50 Portuguese
Poesia/General Atrás da porta eu fico 0 1.292 12/24/2011 - 17:34 Portuguese
Poesia/Dedicada Não vou ficar com a tristeza 0 1.349 12/23/2011 - 13:48 Portuguese
Poesia/General Como se faz a casa 0 1.738 12/23/2011 - 10:52 Portuguese
Poesia/General Aquece as palavras 0 1.219 12/19/2011 - 15:03 Portuguese
Poesia/General Esperamos a solidão 0 1.463 12/17/2011 - 20:29 Portuguese
Poesia/Dedicada Agora já não vou fazer planos 0 1.140 12/16/2011 - 11:43 Portuguese
Poesia/General Dentro das páginas 1 1.905 12/16/2011 - 02:19 Portuguese
Poesia/General Carta 0 1.396 12/15/2011 - 14:36 Portuguese
Poesia/General O mar vê-se dos teus olhos 1 1.311 12/14/2011 - 23:41 Portuguese
Poesia/General A cidade... 0 1.613 12/14/2011 - 16:19 Portuguese
Poesia/General Nós fazemos a viagem 0 1.423 12/13/2011 - 10:50 Portuguese
Poesia/Intervención O mar é o teu animal 0 1.318 12/05/2011 - 00:08 Portuguese
Poesia/Dedicada Na poesia do prato da fruta 0 1.634 12/04/2011 - 23:06 Portuguese
Poesia/Aforismo O barro moldado na transpiração 0 1.959 11/30/2011 - 17:23 Portuguese
Poesia/Aforismo Agora nada me está faltando 0 2.250 11/30/2011 - 11:23 Portuguese
Poesia/Intervención O velho caminho ferroviario 0 2.599 11/29/2011 - 11:37 Portuguese
Poesia/Canción A árvore que está no meio 0 1.861 11/27/2011 - 20:41 Portuguese
Poesia/Dedicada se a água corta-se 0 1.691 11/27/2011 - 20:37 Portuguese
Poesia/General Dá-me o teu lado inquieto 0 1.659 11/23/2011 - 16:19 Portuguese
Poesia/General Se tu soltares a lua 3 2.326 11/22/2011 - 19:28 Portuguese