Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético

INATISMO – a tese de que algumas Idéias, Princípios, Estruturas Mentais são inatas; ou seja, já estão no cérebro humano desde o útero materno. São inerentes à natureza (as características, a forma de ser) do Homem; ao seu “Espírito”, ou à sua “Mente”, ou à sua “Alma”. E pelo fato de todos os Seres Humanos as possuírem é que tais Idéias são “Universais”; isto é, iguais em todos.
Dentro de seu Sistema Filosófico, Platão afirmava que o Homem tem “reminiscências”, ou recordações, lembranças, do “Mundo das Idéias”, onde vivem as Almas antes de nascerem (ou encarnarem) neste Mundo (sic). Essas lembranças são confusas na mente humana, como as que sucedem um sonho ou um delírio; e como não podem ser elucidadas causam em algumas vezes a “estranha de sensação” de já se ter estado em algum lugar, com alguma pessoa, participando de algum acontecimento e coisas do gênero. E isso sem que haja relação com sua vida material, atual. Em outras ocasiões, resultam dessas reminiscências as “Idéias Geniais”, as invenções, as descobertas etc. “que não se sabe de onde vieram”. É por isso, aliás, que o Mestre Platão dizia que: “o Homem não conhece. Reconhece”. Para Platão tais idéias já estão na “Alma”, que as traz quando “veste” o corpo físico. São imagens, saberes e fatos que tal “Alma” contemplou, como já se disse, em sua “vida anterior”.
Alguns críticos de Platão alegam que por esse modo de pensar, nada de autenticamente novo surge, pois tudo é fruto de recordações. São críticos que acreditam ser o Tempo comparável a uma “linha reta, infinita e direcionada para um rumo definido”; porém, vale lembrar, que para Platão o Tempo é mais bem representado por um Circulo, sem fim nem começo, em que tudo se repete. Portanto, de fato, se autênticas inovações acontecem, serão apenas as exceções que confirmam a regra.
Essa tese do Platonismo*, como as demais, é nitidamente influenciada pelo Hinduísmo e é preciosa para os seguidores de doutrinas espíritas, especialmente a intitulada de Kardecismo*, onde, infelizmente, é citada com freqüência sem que sua autoria original seja colocada, tampouco a transposição feita pelo filosofo grego. Erroneamente é citada, salvo as exceções, como se fosse um “ensinamento dos Espíritos”.
Igualmente para Descartes (1596/1650, França), as “Idéias Inatas” tem um papel decisivo em seu Sistema. Por serem Inatas, são elas que possibilitam a aquisição dos outros Conhecimentos, servindo-lhes, pois, como a base. E isso acontece por terem o caráter, ou a característica, de serem imediatamente acessadas pelo cérebro que as julga como “evidentes, claras e indubitáveis”. Dentre essas Idéias Inatas, para o francês, havia a de que “Deus existe”, bem como outras questões de aspecto transcendental.
Em alguns outros Sistemas de Pensamento, é a teoria que admite haverem Idéias que independem de terem existido experiências relativas anteriores. Aqui, já não se associa tão claramente com o fato de serem genuinamente “inatas” (até por uma questão de sintaxe), pois poderiam ser o produto da acumulação de Saberes que em algum momento produz uma solução tão inesperada quanto valiosa. Um “insight”, ou uma inspiração, sem uma explicação metafísica ou fisiológica.
Contemporaneamente esse Conceito de que o Homem já nasce com certas Idéias foi adaptado pelo Lingüista CHOMSKY (NOAM, 1928, EUA), que em suas teorias defende a noção de que há uma “Estrutura Lingüística” inata, do Pensamento Universal; ou seja, o Homem já nasce com a capacidade fisiológica e intelectual para falar. Note-se: para verbalizar Idéias e não simplesmente emitir sons.
É claro que no inicio essa capacidade é como uma pedra bruta que vai sendo transformada pelo acréscimo de Conhecimentos. Capacidade Universal, posto que seja própria de todos os Homens, embora persistam as diferenças individuais e subjetivas. Ainda segundo CHOMSKY, é a “Competência (ou a capacidade) do Falante” que permite o aprendizado da língua.
Também no Campo da Biologia, sobretudo em Genética, existem estudos e debates sobre quais características podem ser consideradas inatas (ou “de nascença”) no Individuo, principalmente as hereditárias, ou herdadas de seus antepassados.

Submited by

Jueves, Marzo 4, 2010 - 01:27

Prosas :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 8 años 28 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Prosas/Otros O "Coxinha", o "Mac-Calango", a Legalidade e a Legitimidade 0 5.739 10/29/2014 - 00:22 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte VIII - A Perseguição Política 0 4.110 10/25/2014 - 21:30 Portuguese
Poesia/General Asas, quem dera 0 2.506 10/24/2014 - 01:33 Portuguese
Prosas/Mistério Rousseau e o Romantismo - Parte VII - A Publicação de "Emílio", de "O Contrato Social", de "La Nouvelle Héloise" e outras 0 15.899 10/23/2014 - 14:56 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte VI - O rompimento com os Enciclopedistas 0 5.515 10/22/2014 - 14:29 Portuguese
Poesia/General Destino 0 2.971 10/16/2014 - 02:05 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte V- Os Enciclopedistas 0 5.890 10/15/2014 - 21:35 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte V - Notas Biográficas, continuação 0 5.377 10/14/2014 - 20:53 Portuguese
Prosas/Otros O FIM da FILOSOFIA e da SOCIOLOGIA no ENSINO MÉDIO 0 5.627 10/13/2014 - 20:23 Portuguese
Poesia/Amor O Voo da Vida 0 2.385 10/10/2014 - 15:22 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte III - Jean Jacques - Notas biográficas 0 9.488 10/09/2014 - 16:04 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte II - Jean Jacques Rousseau - Prefácio 0 2.855 10/08/2014 - 20:20 Portuguese
Prosas/Otros Rousseau e o Romantismo - Parte I - Preâmbulo 0 5.333 10/08/2014 - 01:16 Portuguese
Poesia/Amor Retornos 0 2.328 10/06/2014 - 16:17 Portuguese
Poesia/Tristeza A Mulher e as Fotos 0 3.016 10/03/2014 - 23:04 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte X - Considerações Finais 0 10.439 10/02/2014 - 20:59 Portuguese
Poesia/Dedicada Luz e Sombra 0 3.604 10/01/2014 - 01:19 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte IX - O Antagonismo entre Voltaire e Rousseau 0 4.417 09/29/2014 - 21:43 Portuguese
Poesia/Tristeza Canção de Sarajevo 0 2.481 09/28/2014 - 20:59 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VIII - O Tempo da Concessão e do Abrandamento 0 5.202 09/27/2014 - 01:27 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VII - O Tratado sobre a Tolerância 0 7.181 09/25/2014 - 15:41 Portuguese
Poesia/Tristeza Yumi do bordel 0 6.085 09/25/2014 - 14:17 Portuguese
Poesia/Tristeza Dragões 0 3.735 09/23/2014 - 21:17 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VII - Ecrasez L´infame 0 6.185 09/23/2014 - 21:02 Portuguese
Prosas/Otros Voltaire e o Iluminismo francês - Parte VI - Dicionário Filosófico (a Enciclopédia) 0 4.274 09/22/2014 - 15:18 Portuguese