Para onde caminha seus passos?

Ele saiu tranquilo. Há muito tempo não se sentia tão bem. Pairava sobre seus pensamentos uma brisa suave de felicidade. Uma noção de liberdade. Algo que a tempos não sentia. Queria apenas caminhar sozinho, ver as pessoas e os lugares sem a preocupação de ter que atender celular ou responder a pergunta: onde está? Ou o que está fazendo?

No cinema viu um filme excelente. Sozinho teve calma para analisar os cenários e enredo do filme. Ninguém estava ao seu lado para o distrair nos momentos chaves da trama. Sentiu o silêncio e a sensação de ser único e especial neste mundo.

Caminhou pela praça e viu as pessoas. Diferentes, únicas e sensíveis. Cada uma tinha em seus rostos a marca de pensamentos e frustrações. Casais de mãos dadas revelando sentimentos compartilhados. Aproveitem hoje, pensou, as coisas podem mudar amanhã. O que está junto hoje pode estar separado amanhã. Pessoas andando sozinhas e outras em grupos. A vida é uma eterna busca pela realização pessoal.

Comprou uns filmes piratas de um vendedor ambulante, “contribuindo”, assim, com o crime. Alimentou-se de um suculento churrasquinho acompanhado de vinagrete, arroz e uma farofa, por sinal muito gostosa.

Como tinha comprado uma cartela do bingo da festa dos Cabos e Soldados e, a cartela dava direito aos ingressos, resolveu dar uma passada por lá antes de ir para casa dormir. Com pouco tempo lá percebeu alguns colegas e amigas que o comprimentaram e, alguns até conversaram com ele. Aquela menina. Linda e sedutora lhe fez companhia. Sentiu-se atado por não poder ter uma aproximação mais séria com ela. Diversos fatores o impediram de “ficar” com ela apesar das oportunidades. A levou em casa e voltou para a festa.

Durante muito tempo acalentava a idéia de como era esperar os finais de festas desse famoso clube da cidade. Mulheres, muitas delas com as sandálias nas mãos, saem caminhando do clube. Praticamente se oferecem para conseguir uma carona de carro ou moto. Inúmeros homens ficam na porta do clube só na espreita.

Três delas se aproximaram dele e pediram para dar uma volta na cidade. Queriam ir em outras festas. Em um dos lugares mais lugúbres da cidade. Um bar na avenida Nossa Senhora Aparecida. Ele nunca tinha parado lá, mas sentiu-se tentado a acompanhar aquelas menina. Afinal, como falar de um lugar de onde você nunca foi?

Mais ou menos três horas da manhã. O local é um antro de prostituição e bebedeira. Pessoas sem futuro. Mulheres insatisfeitas, vencidas pela vida. Homens bêbados e fedorentos circulam pelas mesas daquele bar. Um lambadão misturado com forró anima as pessoas que dançam no salão. As mulheres bebem e se entregam aos poucos homens que podem pagar por esses momentos passageiros.

Risadas estridentes podem se ouvir de algumas delas já alteradas pelo álcool. Esfregação pelas mesas e banheiros imundos do bar. Um odor horrível de urina e cerveja adentram as narinas de quem senta nas mesas. Então ele ouve a frase que o faz refletir. A mais empolgada das três que ele carrega, a que mais bebe cerveja e que se atira aos homens que ela acha ter dinheiro diz: aquele senhor ali tem um carrão. De fato. Ele observou esse detalhe. O homem tinha uma carro de luxo. Estava sentado sozinho em uma mesa e atraia os olhares das mulheres interesseiras que por ali passava. No final da festa. Perto do alvorecer de um novo dia ele sensibilizou uma das garotas a sair com ele e deixou as outras duas lá. Então pode notar o contraste. A mulher que havia admirado o homem de carrão acabou ficando com um cara de bicicleta. Nada contra, pensou ele, mas o fato é que de nada adiantou a ambição da mulher.

A conclusão que ele tirou dessa noite foi o fato das desilusões da vida. Pessoas que não pensam no futuro ou que o entrega ao primeiro gole de cerveja. Uma situação lamentável que, infelizmente, deve continuar. Ao deitar, com o cantar do galo, pode refletir sobre sua própria vida. O que realmente vale? Para onde caminha seus passos?

Submited by

Domingo, Julio 11, 2010 - 23:53

Prosas :

Sin votos aún

Odairjsilva

Imagen de Odairjsilva
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 16 horas 18 mins
Integró: 04/07/2009
Posts:
Points: 16114

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Odairjsilva

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Amor Na noite de nossos sonhos 5 571 09/19/2009 - 02:38 Portuguese
Poesia/Dedicada Nietzsche 5 847 09/18/2009 - 22:50 Portuguese
Poesia/Desilusión Nunca Existiu "Nós" 3 617 09/16/2009 - 19:25 Portuguese
Poesia/Tristeza Essa Noite Não Dormi 2 778 09/15/2009 - 04:06 Portuguese
Poesia/Amor Procura-se um Coração! 3 764 09/13/2009 - 18:19 Portuguese
Poesia/Pasión O Espetacular Homem-Aranha 5 2.083 09/13/2009 - 18:16 Portuguese
Poesia/Amor Sabes Ler o Meu Olhar? 12 1.296 09/12/2009 - 15:24 Portuguese
Poesia/Amor Vejo seu olhar nos meus sonhos 3 2.127 09/11/2009 - 22:27 Portuguese
Poesia/Tristeza Infidelidade 7 698 09/09/2009 - 22:07 Portuguese
Poesia/Aforismo Talvez eu escreva um poema 1 817 09/09/2009 - 22:03 Portuguese
Poesia/Pasión Por Pensar Tanto em Você 3 430 09/09/2009 - 22:00 Portuguese
Poesia/Tristeza Uma Tristeza Sem Fim 7 544 09/09/2009 - 21:55 Portuguese
Poesia/Meditación Elogio a Ignorância 9 642 09/04/2009 - 23:18 Portuguese
Poesia/Pasión Corinthians, Tu és o Maior 2 600 09/04/2009 - 23:16 Portuguese
Poesia/Tristeza Despedida 4 1.342 09/04/2009 - 23:15 Portuguese
Poesia/Desilusión Coração 3 1.338 09/02/2009 - 15:30 Portuguese
Poesia/Aforismo Preciso 3 1.505 09/02/2009 - 09:19 Portuguese
Poesia/Meditación Parasitas Sociais 1 1.576 08/30/2009 - 13:36 Portuguese
Poesia/Desilusión Nenhum de nós 3 622 08/29/2009 - 10:01 Portuguese
Poesia/General Que o Inferno vá para o Inferno 2 1.402 08/28/2009 - 04:54 Portuguese
Prosas/Contos Nem Santo, Nem Demônio 1 901 08/26/2009 - 17:13 Portuguese
Poesia/General A Negação do Ser 2 1.233 08/26/2009 - 13:19 Portuguese
Poesia/Amistad Seguindo Adiante 4 1.091 08/26/2009 - 13:17 Portuguese
Poesia/Aforismo Um Verso de Amor 2 1.087 08/26/2009 - 04:22 Portuguese
Poesia/Amor Uma Carta de Amor 1 1.649 08/26/2009 - 04:20 Portuguese