A mulher Montanha e o rio Homem
A mulher Montanha e o rio Homem
A Montanha queria falar com o rio que em vassalagem servia a seus pés, como véu descaído em busto de mulher.
Apesar da dura, fria e escura constituição do granito, o corpo da mulher Montanha escondia musgos, bosques e bichos de muitas qualidades. O rio Homem fluía. Forte, activo e fresco, soltava a boa vida desse primeiro dia de Primavera.
(Mas, de que modo é que essa enorme rocha coberta de cinza, castanho e verde, poderia dialogar com o rico mas implacável Homem fugaz?)
Dinâmico, o rio nunca parava. Amansava nas semanas quentes de Verão, é uma verdade…
… mas longe estavam ambos de saber a Verdade. Nem o rio Homem, nem a mulher Montanha conheciam o segredo que unia as suas existências. A Montanha, na sua imponente elevação, desconhecia ser ela que nutria o Homem. A água era a essência sanguínea do rio e era ela, a mulher, que o alimentava.
Era nas curvas do seu corpo, que o precioso elemento escorria, vertido em torrentes de nuvens líquidas, nos meses frios e húmidos do tempo. …
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