Romance: O Crime de Padre Amaro
Paixões Literárias
Romance: O Crime do Padre Amaro
Autor: Eça de Queirós
Adaptação: Larry Redon
Noite escura. A tecedeira de anjo leva o bebê morto nos braços para dá fim nele.
Tecedeira de Anjos: Noite escura! Noites escuras de Portugal! O vento sopra em Leria como se quisesse denunciar o meu crime! Mas que crime é o meu? Esta criança é fruto do pecado! Fruto da paixão de um padre com uma beata! Ah, padre Amaro! O teu crime não foi destruir a vida de Amélia, foi permitir que o teu filho morresse em minhas mãos!
Padre Amaro: (gritando), Tecedeira! Tecedeira de Anjos! Onde você se encontra?
Tecedeira de Anjos: Com mil diabos! Mas não é o padre Amaro! O que ele quer aqui? Será que veio atrás do filho! Mas agora que a criança está morta! Tenho que desfazer do corpo agora! (joga a criança no mato)
Padre Amaro: (grita), Tecedeira! Tecedeira! Eu estou arrependido! Vim buscar meu filho!
T. Anjos: Estou aqui padre! Por quê gritas a esta hora da noite! Queres que a vizinhança o ouça?
P. Amaro: (chegando em cena), Vim buscar meu filho! Estou arrependido!
P. Amaro: Agora não mais adianta, padre! A criança já partiu!
P. Amaro: Partiu? Deste o meu filho para algum estranho? A quem destes o meu filho?
T. Anjos: O teu filho não está com nenhum estranho, padre!
P. Amaro: Não? Graças ao bom Deus!
T. Anjo: Não. O teu filho está morto!
P. Amaro: O que diz? Matastes o meu filho? (gritando)
T. Anjo: Abaixe a voz padre! Queres que o povo descubra do teu caso com a beata! Queres pôr tua posição à baixo! Eu não matei o teu filho! Quando cheguei ao berço, a pobre criança estava roxa! Não sei o que aconteceu, talvez tenha se engasgado, pois logo depois que eu dei o leite!
P. Amaro: Mentira! Matastes o meu filho! É o que todos dizem, meu Deus! Toda criança que vem morar contigo acaba morrendo! É por isso que tens a alcunha de tecedeira de anjos!
T. Anjo: Não tenho culpa se assim o destino o quer! Não quis Deus que eu fosse mãe biológica, nem mesmo mãe postiça! Que culpa tenho eu se todos os anjos que vem assistir em meu berço, morre misteriosamente! Se Tecedeira de Anjos me chamam, são calúnias desta gente!
P. Amaro: Mataste uma criança! Várias crianças, meu Deus! Inocentes! És uma pecadora!
T. Anjo: Cala-te padre! O pecado é todo teu! Foste tu que deitastes com a beata! Tu fizestes esta criança, que é fruto do pecado! A Santa Madre Igreja condena o teu ato! Mas ter se deitado com Amélia, não foi um pecado, pois muitos padres o faz diante dos olhos da Igreja, que finge não ver! O teu crime, padre Amaro, foi ter me entregue a criança para eu matar!
P. Amaro: Eu não pedi que a matasse!
T. Anjo: Pediu que eu sumisse com ela para esconder o teu pecado com beata! Isso é o mesmo que pedir a morte! Esta criança viveria uma vida de miséria! Jogada, sem pais e um dia a verdade poderia vir à tona! Seria o fim de tua carreira, padre! Siga o teu caminho, padre! Passado é passado! Amélia está morta e agora a criança também! Ninguém jamais saberá o que aconteceu! Não tenhas remorso! Remorso não cabe a um padre! Deus foi muito bom contigo: libertou-o das paixões que poriam a tua batina á baixo! Padres como este eu já vi muitos! Ah, esta minha vida de Tecedeira de Anjos!
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