A Marquesa de Santos
Paixões Literárias
Teatro: A Marquesa de Santos
Autor: Larry Redon
(Quarto de Domitília. Ela está a espera de D. Pedro I)
Marquesa: Ai! As horas passam! Este tempo cruel que escorre pelos meus dedos! E tu Pedro, que não me apareces! Eu pensei que depois da morte da imperatriz Leopoldina, te teria ao meu lado! Que solidão! Este maldito quarto me sufoca! Meu Deus! E ele não vem!Ai, quantos gritos estou a sufocar no meu peito! Acalme-se Domitília! Não te esqueças que tu és a Marquesa de Santos!
D. Pedro: Domitília!
Marquesa: (corre para ele), Pedro! Meu amor! Eu sabia que aparecerias! Não me abandone, Pedro! Agora com a morte de Leopoldina, seremos felizes, Pedro!
D. Pedro: Não. Não seremos, Domitília! Vim apenas despedir-me de ti!
Marquesa: Que diz? Pedro, não brinques comigo! Sabes, que morreria sem ti! Eu não estou brincando Pedro: se abandonar-me eu me matarei!
D. Pedro: Chega, Domitília! Basta de loucuras! Não foi o bastante tentar matar tua própria irmã, a Baronesa de Sorocaba!
Marquesa: Sim. O meu amor por ti é tão grande, que eu seria capaz de banhar-me com o sangue de minha própria irmã! A tua amante Pedro! Minha irmã e tua amante, Pedro! Eu sou a Marquesa de Santos, Pedro! Mesmo assim eu te perdôo por ter me traído com minha própria irmã!
D. Pedro: Marquesa! Marquesa! Título apenas! Nunca foste à cidade de Santos! Ès uma marquesa que não conhece a cidade que deu-te este título!
Marquesa: Zombas de mim, Pedro! Zombas de meu amor! Eu nunca passei de uma concubina para ti! Sou a Titila como todos dizem! A amante de D. Pedro! A rameira que provocou a morte da Imperatriz do Brasil! Joga-me na face o título que tenho!
D. Pedro: Basta! O povo pede a nossa separação! Guarde na memória os momentos felizes que vivemos, isso te consolará na velhice!
Marquesa: Velhice! Eu já estou velha, Pedro! O meu amor por ti me envelheceu muitos anos!
D. Pedro: Não fales em amor! O que aconteceu conosco foi uma paixão arrebatadora que passou por cima de todos os ideais de moral desta sociedade! Tu entrarás para história como uma rameira e eu como um depravado!
Marquesa: Não, Pedro! Eu não entrarei para história apenas como rameira: eu entrarei para a história também como culpada da morte de tua mulher, a imperatriz do Brasil! Eu, Pedro! Apenas eu! E as outras rameiras que adormeceram em teus braços? Elas não mataram a imperatriz também? Acusam-me! Só a Marquesa de Santos foi a culpada pelos desgostos de Dona Leopoldina? O consola Pedro, é que tanto eu com tu entraremos para o lodo da história!
D.Pedro: Um homem é sempre um homem! Tu és mulher! Tu já nasceste condenada! Estou de casamento marcado com a senhorita Amélia. Não me procures mais, é um desejo dela e de todo o Brasil!
Marquesa: Nasci condenada! Vai-te Pedro! Eu passarei o resto dos meus dias rogando a Deus o perdão dos meus pecados! Eu sou a Marquesa de Santos, Titila como dizem, agora a condenada! Condenada a carregar nos ombros o peso desta paixão!
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