A Morte de Helena

"Eu não quero morrer," dizia a pobre Helena,
E a fronte, a soluçar, caiu no travesseiro...
(Ai! recordava assim a pálida açucena
Ou, do galho a pender, a flor do jasmineiro!)

“Não me deixem morrer assim na primavera:
Esconde-me no seio, ó minha mãe querida!
A morte como é triste! e o noivo que me espera
Há de chamar por mim... Quem restitue-me a vida?

E se pôs a chorar: mas, chegando o delírio,
Esqueceu-se da morte e começou a rir...
Pobre noiva do amor! Pobre folha de lírio!
Ela os olhos cerrou, como quem vai dormir.

Misérrima criança! Estava ali bem perto
A morte, a se abeirar do seu leito sagrado,
Para arrastar-lhe o corpo ao túmulo deserto,
Onde não brilha o Sol e nem o Riso amado.

E, quando despertou daquele doce encanto,
Conheceu que morria e, cheia de pavor,
Suplicou a Jesus, por seu martírio santo,
Que a deixasse na terra ao pé de seu amor.

"Mas, sei que parto sempre", acrescentou chorando.
"Mostrou-se-me da crença o doloroso véu...
Minha mãe vem comigo, a noite vai chegando
E eu talvez possa errar o caminho do céu!”

E nessa mesma noite escura, tenebrosa,
Deixou a doce Helena a terra, pobre goivo!
Mas tinha para ungir-lhe a campa lutuosa
Uma prece de mãe e as lágrimas do noivo.

Angicos - 1896.

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Domingo, Abril 12, 2009 - 21:50

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