GLOSAS VI

6

Pondo a mão nas sacras aras
Tu juraste, e eu jurei;
Cuida tu em ser constante,
Que eu á fé não faltarei.

GLOSA

No templo do nume alado
Cujas leis adoro, e sigo,
Entrei, Marilia, comtigo
De verde myrtho c'roado:
Ali jurei ao teu lado
Vivo amor, finezas raras;
E tintas as faces claras
Do purpureo pejo honesto,
Tu fizeste egual protesto
«Pondo a mão nas sacras aras.»

Cupido a frente menêa,
E pago da jura amante,
Co'um sorriso no semblante
O seu prazer patentêa:
A multidão, que o rodêa,
Escrava da sua lei,
Tu ouviste, eu escutei
Hymnos mil, Marilia amada,
Louvando a fé, que prostrada
«Tu juraste, e eu jurei.»

Aureo thuribulo então
Prompto ministro nos dá,
Mutuamente o movem já,
A minha, e a tua mão;
Perturbando os ares vão
Nuvens de incenso fragrante;
E do solio de diamante
Diz Amor a mim, e a ti:
«Guarda o voto, que te ouvi,
«Cuida tu em ser constante.»

Eu com a voz do respeito
Ardendo em férvido lume,
Lhe respondo: «Oh Gnideo nume,
Nume a quem vivo sujeito !
Dos votos, que tenho feito,
Eu jámais me esquecerei;
Dos deuses o pae, e o rei
Com raios.o mundo estrague,
O céo caia, o sol se apague,
«Que eu á fé não faltarei.»

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Lunes, Septiembre 21, 2009 - 00:56

Poesia Consagrada :

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Bocage

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