Cancioneiro - O Maestro Sacode a Batuta

O Maestro Sacode a Batuta

O maestro sacode a batuta,
A lânguida e triste a música rompe ...

Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal Atirando-lhe com, uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo ...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares e a bola vem a tocar música, Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo... (Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos ...

Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda, Donde há árvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,

Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro, E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Fonte: http:// www.ciberfil.hpg.ig.com.br

Submited by

Martes, Octubre 6, 2009 - 16:35

Poesia Consagrada :

Sin votos aún

FernandoPessoa

Imagen de FernandoPessoa
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 14 años 23 semanas
Integró: 12/29/2008
Posts:
Points: 745

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of FernandoPessoa

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Esta espécie de loucura 0 1.201 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Feliz dia para quem é 0 931 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Flor que não dura 0 845 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Foi um momento 0 939 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fosse eu apenas, não sei onde ou como 0 919 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fresta 0 670 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Fúria nas trevas o vento 0 2.346 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - É brando o dia, brando o vento 0 1.344 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ela canta, pobre ceifeira 0 1.304 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ela ia, tranqüila pastorinha 0 859 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Elas são vaporosas 0 627 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Em Busca da Beleza 0 884 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Em horas inda louras, lindas 0 1.162 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Emissário de um rei desconhecido 0 908 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Além-Deus 0 1.022 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o bater rasgado dos pendões 0 1.263 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o luar e a folhagem 0 841 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Entre o sono e sonho, 0 525 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Eros e Psique 0 836 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Dá a surpresa de ser 0 1.732 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Da minha idéia do mundo 0 1.219 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - De onde é quase o horizonte 0 906 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - De quem é o olhar 0 828 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Ditosos a quem acena 0 1.322 11/19/2010 - 16:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cancioneiro - Dizem que finjo ou minto 0 1.188 11/19/2010 - 16:55 Portuguese