O DESPERTAR DA SILIDÃO

(Às mulheres mal amadas)

Acordo,
Infelizmente acordo
E não me recordo
Da hora em que adormeci,
De quantos cigarros fumei,
Nem de quantas batidas do relógio, ouvi.

Acordo,
E vejo teu lugar na cama bem composto
E uma lágrima solitária desliza em meu rosto,
Sou acometida por um imenso desgosto
E por uma desconcertante vergonha,
Ao ver toda machucada minha fronha,
Maltratada pelo meu corpo contorcido, esquecido...

Acordo,
E lembro de quando às vezes chegas de madrugada
E encontra-me em inquietação mergulhada,
Me dá um beijo mecânico,
Aí, entro em pânico,
Ao sentir tuas costas roçarem meus seios,
Sou torturada pelos anseios
E tu dormes...

Acordo,
Para mais um dia de solidão.
Para tentar persuadir-me em vão,
De que tu ainda me amarás,
Antes que eu exploda de amor,
Que não suporte mais esta dor
E não mais acorde.

Francisco Piedade

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Viernes, Diciembre 4, 2009 - 20:00

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