devaneio

sabes, encontrei agora restos de sorrisos
que sobraram
encontrei laços descoloridos
órfãos de função
vi papéis de embrulho rasgados, perdidos
arrastados pelo vento
lambendo o chão.
o cheiro, agora bolorento
pousou numa toalha amarrotada
invadiu uma rabanada
e coloriu um pedaço de creme
queimado
pelo relógio que amargurado
silenciou ontem a décima segunda badalada.
o tempo dos abraços, acabou
o beijo que me deste, azedou
o livro repetido repousa em espera
ladeando o perfume com um cheiro sucedâneo
a primavera.
sabes, encontrei agora restos da felicidade
que perdeste, jogando cartas de saudade
encontrei uma lágrima brilhante
enfeitando o caminho onde vagueio
iluminando o meu devaneio
com uma luz densa e sufocante

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Jueves, Enero 14, 2010 - 22:41

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NunoG

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