A barca e o nevoeiro


O que a chuva traz?
Por que esse céu,
pra que essa tristeza
que vem do nevoeiro do mar?

A água é a mesma,
a baía não mudou,
os homens entreolham-se ansiosos,
a barca opera com dificuldades.

Andar não pode o vagante passageiro
Esguichos d´água por toda parte
Fazem-no mudar, girar, feito marujo
ziguezaguear, tonto depois no calçadão

Não seria melhor ficar no mar?
Seria apenas um olhar apático
no horizonte aquático
perdido em meio a imagens longínquas.

O que encontrar em um dia assim?
Mal diviso o farol da Ilha Fiscal,
mal distingo o que é a vida,
seria preciso um dia assim pra escrever?

Nada mudou no meu tom melancólico,
nada de novo, apenas a volta a Niterói
não há tristeza, tampouco alegria,
não há rancor, ódio muito menos.

Estático na barca lotada, nem sei quem gira
não sei se é brisa ou calafrio que sinto no rosto
sou apenas mais um anônimo
rumo a Niterói, como outros tantos...

 

AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em junho de 1976.

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Miércoles, Diciembre 29, 2010 - 20:26

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AjAraujo

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A paisagem descrita no poema

A paisagem descrita no poema é linda e realmente gera essa coisa de sou mais um na multidão ...

Muito bom reflectir com teu poema !!!!

Beijos

Susan

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