Pelo resto de nossas vidas (Silvana Duboc)

Existem coisas pequenas e grandes,
coisas que levaremos para o resto
de nossas vidas.

Talvez sejam poucas, quem sabe sejam
muitas, depende de cada um, depende
da vida que cada um de nós levou.

Levaremos lembranças, coisas que
sempre serão inesquecíveis para nós,
coisas que nos marcarão, que mexerão
com a nossa existência em algum instante.

Provavelmente iremos pela a vida
a fora colecionando essas coisas,
colocando em ordem de grandeza
cada detalhe que nos foi importante,
cada momento que interferiu nos
nossos dias, que deixou marcas,
cada instante que foi cravado no
nosso peito como uma tatuagem.

Marcas, isso… serão marcas, umas mais
profundas, outras superficiais porém
com algum significado também.

Serão detalhes que guardaremos dentro
se contarmos para terceiros talvez não
tenha a menor importância pois só nós
saberemos o quanto foi incrível vivê-los.

Poderá ser uma música, quem sabe um
livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail,
uma viagem, uma frase que alguém tenha
nos dito num momento certo.

Poderá ser um raiar de sol, um buquê de
flores que se recebeu, um cartão de natal,
uma palavra amiga num momento preciso.

Talvez venha a ser um sentimento que foi
abandonado, uma decepção, a perda de
alguém querido, um certo encontro casual,
um desencontro proposital.

Quem sabe uma amizade incomparável,
um sonho que foi alcançado após muita luta,
um que deixou de existir por puro fracasso.

Pode ser simplesmente um instante, um olhar,
um sorriso, um perfume, um beijo.

Para o resto de nossas vidas levaremos
pessoas guardadas dentro de nós.

Umas porque nos dedicaram um carinho
enorme, outras porque foram o objeto do
nosso amor, ainda outras por terem
nos magoado profundamente.

Quem sabe haverão algumas que
deixarão marcas profundas por terem
sido tão rápidas em nossas vidas e
terem conseguido ainda assim
plantar dentro de nós tanta coisa boa.

Lá na frente é que poderemos realmente
saber a qualidade de vida que tivemos,
a quantidade de marcas que conseguimos
carregar conosco e a riqueza que cada uma
delas guardou dentro de si.

Bem lá na frente é que poderemos avaliar
do que exatamente foi feita a nossa vida,
se de amor ou de rancor, se de alegrias ou
tristezas, se de vitórias ou derrotas,
se de ilusões ou realidades.

Pense sempre que hoje é só o começo de tudo,
que se houver algo errado ainda está em tempo
de ser mudado e que o resto de nossas vidas
de certa forma ainda está em nossas mãos.

 

Silvana Duboc, poetisa.

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Miércoles, Febrero 16, 2011 - 12:57

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AjAraujo

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Pelo resto de nossas vidas (Silvana Duboc)

Silvana Duboc!

Lindo, maravilhoso seu texto!

Meus parabéns,

MarneDulinski

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