As cores do pássaro verde

Tu sabias.
E, por saberes
Costumavas pintar as cores do pássaro verde
com pinceladas de dor e desespero
não obstante o acaso e o medo
desenhavas os dedos,
com os olhos dos voos ocultos
como se fossem rodopios do teu acossado ser.

Órfão de ti.
Desposado de tudo.

Já tudo era ontem e as tuas asas destruídas
Arredores e telas fingidos de paciências subtis
Paisagens vedadas vestidas de renúncias envergonhadas
Espiavam por detrás da tua imóvel figura.

Tu sabias,
E, por sabê-lo
Juntaste as cores e enterraste-as na argila sem cor
Fechaste as portas simulando fechaduras
com a ideia ensombrada que algum brilho se abrisse.

Tu sabias,
E, por saber
Da negra cor do pássaro verde
Decidiste pintá-lo até ao fim
Converter-te, para sempre, nele
E, desaparecer…

(O verdadeiro grande artista não deseja criar: Deseja que o mundo seja um lugar em que ele possa viver a vida da sua imaginação. A primeira cor trémula que assenta na tela é a do anjo ferido: Dor.)

A Ti Meu Amigo.

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Miércoles, Octubre 15, 2008 - 22:43

Poesia :

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admin

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Comentarios

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Re: As cores do pássaro verde

Viver a imaginação na realidade.
Que sonho seria.:-)
Gostei MT!

Beijo

Imagen de nomada

Re: As cores do pássaro verde

Belo poema e bela dedicatória, que foi, por acaso, onde mais me retive, porque me fizeste lembrar um filme lindíssimo “Big Fish”… e dei com o meu pensamento a resvalar para o “man of the hour” dos Pearl Jam que faz parte da banda sonora.
Obg por este momento.

*Beijo.

Imagen de IsabelPinto

Re: As cores do pássaro verde

Apesar da tristeza da dor que envolve o teu poema existe beleza no “pássaro verde”
Bjs
IC

Imagen de Anonymous

Re: As cores do pássaro verde

Admiro muito a tua maneira de escrever...
muito lindo...este poema:
"Tu sabias,
E, por sabê-lo
Juntaste as cores e enterraste-as na argila sem cor
Fechaste as portas simulando fechaduras
com a ideia ensombrada que algum brilho se abrisse."
Está magnifico...
beijo
Breizh

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