Tu

Tu

Tu, menino visível
Indiferente entre muitos
Marcado a meus olhos
Num dia inesquecível.

Interrogo-me constantemente
Por entre pensamentos
Cortados, por momentos.
Poderia ter sido diferente?

Passaste despercebido
Numa multidão adolescente.
Não tiveste tempo
De gritar presente?

Como foi possível
Não haver um olhar
Que pudesse fintar
O teu trágico destino.

Neste espaço educacional,
Caminhamos desencontrados.
Parecemos apertados,
Em espaços indiferenciados.

Sentimo-nos culpados
Dessa indiferença relacional.
Não podia acontecer!
O L., de olhos lavados,
Deveria permanecer!

Ninguém percebeu
O teu silencioso sofrer.
Ninguém reparou
Que as palavras sussurradas,
Teriam de ser escutadas.

O choro colectivo
Não poderá ser em vão.
Dentro de cada coração,
No gesto de cada mão,
O indiferente será vencido.

OF – 09-03-2010