A Fábrica da Poesia

Nenhuma palavra minha
faz com que hajam auroras.
Nenhuma palavra minha
desenha o reflexo da lua no mar.
Eu sou fábrica.
Linha de montagem literária.
Nenhuma palavra minha
chilreia cantos de pássaros.
Nenhuma palavra minha
consola os amantes.
Eu sou fábrica
Linha de montagem literária
onde as palavras não nascem perfeitas.
Nenhuma palavra minha
traz o sol em fim de dia chuvoso.
Nenhuma palavra minha
Inspira a juventude esfomeada.
Eu sou fábrica.
Linha de montagem literária
onde as palavras vêm sujas, com defeito.
Onde mecanismos que não sentem
Cortam o excesso aqui
e preenchem a falta acolá.
Onde androides imaginários
escolhem as palavras já prontas
e juntam-nas em frases-tupperware,
encaixotando-as em contraplacados-poemas
que ainda cheiram a quimicos quando chegam ao fim
da linha de montagem literária que sou.
Nenhuma palavra minha tem força própria para ser.

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Lunes, Febrero 21, 2011 - 11:51

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