Este Eterno Quase por Acontecer
Neste cemitério de letras
Onde em palavras-túmulo
Jazem ideias outrora vivas
Que não chegaram a consumar os seus verbos.
Tristemente contentam-se em ser somente escritas
Não vividas.
Constroem o real mas não como gostavam de o ter construído,
Sendo vividas, nutridas de qualquer outra forma que não fosse pela escrita.
Porque a escrita por mais bem conseguida que seja por quem a escreve,
Acaba sempre somente por nos trazer o eterno-quase por acontecer.
E é esse eterno quase por acontecer que nos faz escrever.
É esse eterno quase por acontecer que nos faz viver de uma
Forma para a qual não temos linguagem
As tais ideias que não conseguiram consumar os seus verbos,
Chamam-se movimento, acção,
Contentamento.
Carlos Cabecinha
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Ministério da Poesia :
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