INCRÍVEL FANTÁSTICO

Aquele trajeto lhe era bem familiar, conhecia cada centímetro daquela estrada de terra, daquele carreador, daquele sítio onde morava sua amada. Tantas noites quentes; frias e chuvosas enfrentara passando por ali, coração batendo acelerado ao ritmo do trote de seu cavalo que galopava altivo e seguro do caminho. Apenas um cemitério no percurso o desviava dos pensamentos amorosos, e dava-lhe um calafrio na espinha, um sentimento ruim de morte lhe sobressaltava a alma toda vez que o avistava ao longe, e ia se aproximando, ao passar fechava os olhos tentando evitar as lembranças das estórias que ouvia no rádio no programa “Incrível Fantástico” sobre almas penadas, sobre mortos que deixam seus túmulos depois da meia noite assustando aqueles que encontram pelo caminho. Um medo que não ousava admitir, nem pra si mesmo.
Mas aquela noite era especial, a lua brilhava no céu, linda como uma noiva, convidando ao amor, provocando as mais loucas paixões, estava com tanta saudade de sua amada que nem se lembrou do maldito cemitério. Quando se deu conta já o havia passado, Pensou: ufa! Graças a Deus! Já passei agora é só voltar um pouquinho antes da meia-noite e tudo bem.
Olhou o relógio e ainda faltavam cinco horas para meia-noite, sentiu-se aliviado, teria um tempo bom para namorar matar a saudade de seu amor.
E naquela noite, especialmente, ela estava muito mais carinhosa e sedenta de seus carinhos, beijos e abraços e foram se envolvendo na magia daquele amor e desejos que cegava e os fazia desejar cada vez mais estarem ali coladinhos, trocando juras de amor... E o tempo foi passando e ele nem se deu conta, o relógio da sala implacável, bateu doze badaladas anunciando a chegada da zero hora
_ meia-noite?
Pulou de sobressalto:
_ Preciso ir!
_Sim já é meia-noite, que pena! - disse a noiva
Ele disfarçando o medo, despediu-se e saiu num galope só, chicoteando o cavalo sem dó...
Na cabeça agora só o cemitério, tentava em vão arrancá-lo de seus pensamentos.
Eis que o avista, respira fundo e pede ajuda a Jesus e a todos os santos...
E prontamente vê um cavaleiro que também vai, mais a sua frente, e pensa: Que fé! Obrigada Jesus! Um companheiro pra atravessar o cemitério junto!
Chicoteia o cavalo que parece se negar ir adiante, assustado, meio que querendo empacar... Mesmo, trotando alcança o companheiro que vai tranqüilo em sua cavalgada, sem pressa de chegar. E lhe dirige a palavra:
_Companheiro, que bom que te alcancei! Vou contar-lhe um segredo só meu:
_Tenho muito medo de passar em frente a esse cemitério principalmente depois da meia-noite.
O cavaleiro respondeu com uma gargalhada que ecoou noite adentro
_ hahahahahahaha
E exclamou:
_Quando eu era vivo também tinha muito medo!
 

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Martes, Abril 19, 2011 - 00:50

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