Da Remissão dos Pecados, Tempo V (Cleto de Assis)

Eu, pecador, confesso:
deixei de colher pequenas vitórias passageiras
porque busquei glórias definitivas.
Abandonei faces que cativei e me cativaram
em troca de ilusórias paixões imorredouras.

Fui sempre infiel à vida
porque não a percebi nem a recebi
em sua infinda misericórdia e compaixão,
mas me acreditei superior à ela,
e contra ela blasfemei ao criar um deus, deuses e santos
para livrar-me da condenação eterna
por meio de breves arrependimentos
e esconsas meae culpae.

Deixei a balançar mãos solitárias
porque me neguei a estender as minhas,
pretensamente solidárias.

Fundei religiões que me impediram
de ver em mim e diante de mim a maravilha da criação
e imaginei paraísos e nirvanas distantes
que turvaram a visão da verdadeira vida.

Por não saber ter olhos para ver,
me reinventei em visionário,
pensando em luzes e cores
muito além de meu já mágico poder de visão.

Cleto de Assis, poeta, Curitiba, junho de 2010.

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Martes, Abril 19, 2011 - 10:57

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