A aventura de um pequenino raio de luz…
Era uma vez,
num lugarzinho, no meio do nada, numa floresta encantada, um sítio onde o sonho nasceu…
Com ruído estridente surgiu um pequenino raio de Luz, de modo improvável começou a cintilar e foi pelo mundo descobrir o belo em cada lugar.
Caminhando sozinho em cada amanhecer foi-se cruzando pelo caminho com os elementos, com as forças da natureza, com as mais diversas formas de vida deste nosso planeta. Um dia ao acordar disse:
- Hoje sou um raio de luar, sou luz ... luz em todas a formas, hoje vou conhecer a noite, quero fazer amigos que gostem de aventuras! Vou espreitar ali à frente ... serão irmãos meus certamente, vejo luzinhas a brilhar!
E assim o nosso pequeno raio apressou-se a aproximar-se, com entusiasmo exclamou:
- Que lindos! E como brilham! Seremos por acaso primos? Porque irmãos vejo que não, pois tão diferentes somos. Quem são vocês? E que fazem nesta noite tão escura?
E de imediato com vontade de brincar, responderam:
- Olá! Nós somos pirilampos, e adoramos iluminar estas noites tão escuras. Brincamos por entre as flores, jogamos à apanhada com as estrelinhas, que por vezes se juntam a nós para acender a noite e fazer nela uma luz como se fosse magia! Queres vir connosco também? Vamos ver os meninos que jogam às escondidas ao luar, escutar as risadas deles quando nos descobrem a iluminar. Queres vir, pequeno raio de luar?
Pensou, e decidiu:
- Vamos! Mas que grande alegria! Desde que nasci, apenas conheço a luz do dia!
Assim, o nosso pequenino lá foi partilhar brincadeiras com os nossos amiguinhos! A noite passou a voar pois estavam entretidos com os meninos que partilhavam com eles muitos jogos e sorrisos. Os Pirilampos seguiram, então, para as suas casinhas e o nosso enérgico amigo, sempre com mais luz para dar, de um salto ergueu-se de novo e gritou:
- Amanheceu, sou raio de sol, que bom, vou passear!
Contudo, nesse dia, os céus estavam cinzentos e caiam pequenas gotinhas…que ele encontrou mas não conhecia e resolveu, então, perguntar:
- Olá pequeninas, porque são tantas e tão frias? Como se chamam? De onde vêm? Querem brincar? Eu não sei porquê mas hoje sinto-me…frágil, com pouca força para brilhar…
Entre risinhos tímidos, escutou baixinho:
- Olá, nós somos gotinhas de chuva, somos frias porque somos água que cai das altas nuvens, e adoramos chapinhar! Conheces as gotas de orvalho? Somos primas e brincamos muitas vezes juntas! Chapinhamos nas pocinhas, escorregamos nos beirais, trocamos canções com os pardais e o melhor de tudo…oh bom, escorregamos no Arco-íris !!!! Queres vir? Anda! Lá ficarás com mais força! Por mais escuro que o céu pareça não há luz igual à que sai dos vários tons de um arco que perdeu a flecha!
E assim, mais uma vez curioso, o raiozinho arriscou. Saltou por entre as nuvens e escorregou num emaranhado de cores, de brilhos em mil tons! Com uma força veloz, viu passar uma gaivota, não resistiu e saltou! No dorso desta ave viajou sobre o mar e sentiu a brisa das ondas, pairou ao sabor do vento, numa viagem imprevista. Observou, lá de cima, sítios que nunca vira, de beleza intensa e rara onde a brava natureza mantinha pura a sua forma. Verdes inebriantes em florestas tropicais, observou lindos animais, viu cursos de água, ouviu cantar alegres rios…Com o peito cheio de belo, respirou fundo e disse:
- Ai minha amiga gaivota, como é simples sermos felizes! Basta fechar os olhos e guardar estes momentos dentro do nosso coração! Sentes o poder desta imensidão?
A ave pensou e, com cuidado, por fim disse:
- Meu pequeno e novo amigo…concordo em tudo o que dizes, mas o meu coração bate triste porque, em muitas terras distantes, já não é isto que vemos…o homem com as suas fábricas, com sua sede de ganância, não respeita esta beleza que faria o bem das crianças…
Perante esta resposta, fixou os olhos no chão e, ao ver um brilho cristalino intenso, pediu:
- Querida amiga, será que podes aproximar-te? Contempla este belo oceano, grande e profundo, abre o teu coração ao imenso amor do mundo, as crianças são o nosso futuro, nos seus olhos estão novos sonhos! Acredita na força das gerações vindouras, no amor a todas as criaturas…
Então a bela ave baixou e o raiozinho, de um salto, partiu. Fundiu-se na luz esplendida do sol que poisava sobre as ondas daquele entardecer, e despediu-se dizendo:
- Obrigada por esta viagem! Encontrei o meu lar no brilho dos olhos desta criança que vês na praia a brincar. Aqui fico e permaneço para que ela cresça a sonhar!
Sílvia Cerico
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