Lady Ares
Lady Ares.
Parei o carro no sinal fechado, e vi uma menina com ares de mulher que saiu do meio de outras. Por mais natural que talvez fosse aquela rotina, a menina transparecia precisar da coragem de quem vai pra guerra, ao mesmo tempo em que caminhava como uma moça que acabara de perder a ingenuidade. Talvez tudo aquilo fosse uma personagem um escudo, ou apenas o meu tolo olhar literário.
Saiu do seu mutirom de guerra, porque é a mais forte e é hora da atacar. Decerto sua força era a sua beleza a olhos vistos. Aproximou-se de mim E disse olá. Antes de lhe cumprimentar, observei-a bem por um curto tempo, enquanto ela vinha em minha direção e pouco antes e pouco depois que ela me dissesse olá. Com um curto vestido vermelho rubro bem justo ao corpo este que era de fitar os olhos, delgado e bem definido, cabelos soltos e negros na altura dos ombros, pele clara e de castanhos olhos também claros, grandes, expressivos e de cílios longos e naturais eu pude perceber, mesmo com a descuidada maquiagem que em nada lhe deixava feia, apesar de que sem tantas armaduras, estaria criminalmente linda.
Fechei a boca, respirei. Antes que ela percebesse meu pasmo. Enlouqueci: coisa de poeta ou de patético e disse:
- Olá! Da esquina, da criança, a lembrança sem infância, redundância. Ciclo vicioso, penoso. Pobre, sem família, fome, dor que consome. Qual o teu nome?
Ela me olhou estranha, mas logo voltou ao discurso maquinal:
- É cinqüenta o programa, Come paga e some!
Continuei no desatino...
- Meio cíclico! Não pensa em sair dessa vida?
- O bacana quer me tirar dela?
Não! Então não embaça ô boa vida! ou fode ou sai de cima! Cobro por hora!
Dei dinheiro a ela e disse:
- Agora to pagando!
- Do programa já to gostando, mas agiliza, o tempo ta passando!
Para ter maior dimensão, pergunto-lhe:
Você tem profissão?
- está me gozando não é meu patrão! Sou profissional do sexo, um luxo não acha não?
- Acho sim! Mais antiga profissão, Mas não é por opção?
- É por falta mesmo todas são assim não tem jeito.
Fiquei sem assunto, senti-me tristemente decepcionado, às avessas; como quem ficou triste por ter decifrado o enigma da esfinge. Crie milhões de expectativa nos poucos instantes antes de conversar com aquela mulher, menina, moça, o que importa? Devo ter sonhado, e no sonho eu era a criatura diante da esfinge desejando ser devorada.
Terminei dizendo:
- Prazer em te conhecer.
- Mas já? Ainda tem tempo não quer terminar o programa?
- Não! Marcamos numa outra semana.
- Ah doutor! É Lady Ares
Deu-me um cartão e disse:
- Me liga!
Fiz um gesto e saí de carro. Um pouco distante olhei para trás um carro parou no ponto da Lady Ares ela se apoiou na janela do carro e o carro arrancou de vez, ela caiu e levantou gritando:
- FILHO DA PUTA!
E eu em pensamento disse:
- Oh vida de prostituta!
Álefe de Castro Dourado
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 597 reads
other contents of Allefe
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Pasión | Mais um | 1 | 599 | 05/05/2011 - 20:26 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Feios | 1 | 402 | 05/05/2011 - 20:21 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Possuido | 1 | 394 | 05/05/2011 - 14:42 | Portuguese | |
Poesia/General | Menino Narciso | 1 | 535 | 05/05/2011 - 14:22 | Portuguese | |
Poesia/General | Boato | 1 | 434 | 05/05/2011 - 14:18 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Conjugado | 1 | 535 | 05/05/2011 - 14:15 | Portuguese | |
Poesia/General | Demônio Brega | 1 | 397 | 05/05/2011 - 14:11 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | A vida que os homens querem | 1 | 491 | 05/05/2011 - 14:07 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Silêncio | 1 | 465 | 05/05/2011 - 14:03 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Dor de Cabeça | 1 | 529 | 05/05/2011 - 13:59 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Paga | 1 | 475 | 05/05/2011 - 13:55 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Roda contínua | 1 | 416 | 05/05/2011 - 13:52 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Escuridão | 1 | 437 | 05/05/2011 - 13:34 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Ridículo | 1 | 401 | 05/05/2011 - 12:39 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | O brinquedo do menino | 1 | 524 | 05/05/2011 - 12:28 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | "Desvindade" | 1 | 618 | 05/05/2011 - 12:23 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Passado | 1 | 450 | 05/05/2011 - 12:19 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Deus não me respondeu | 1 | 602 | 05/05/2011 - 12:16 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Ano novo | 1 | 490 | 05/05/2011 - 12:10 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Fins | 1 | 485 | 05/05/2011 - 11:18 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Sistemático | 1 | 461 | 05/05/2011 - 11:13 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | MORTO | 1 | 511 | 05/05/2011 - 11:01 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Evangelho | 1 | 513 | 05/05/2011 - 10:58 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Natal num boteco | 0 | 465 | 05/05/2011 - 01:16 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | NATAL | 0 | 580 | 05/05/2011 - 01:14 | Portuguese |
Add comment