MURALHA DE VAZIO

Quero acordar da noite vil
onde dorme o meu fôlego febril,
pela fadiga do quão seco existo
e me assisto de cabeça perdida.

Que a perpétua perda de tempo se cale
ao estremecimento mudo do pensamento,
suspendendo o espírito na ultima verdade
repousada na profundidade do gelo,
que me cobre o rosto com a distância do gosto
da minha hora de viver.

E do tão alto silêncio do sonho caia a luz
sobre as asas da minha voz que reluz
na sombra dos olhos abertos para a foz,
de onde vigio os restos de um sentimento
abandonado no dorso de besta sem sono,
nas águas sem dono de uma fonte
enterrada nas ruínas do esquecimento.

Esvoaço pelo exterior do meu corpo
como as abas de um vestido,
alumiado pelo signo da dor fechada
num cálice de lágrimas,
onde ternura é tortura de uma árvore jovem
sobre as minhas margens de homem.

Caminho,
por ruelas de gritos nos bosques aflitos,
da criança que há em mim poeira,
erguendo-me os calcanhares
pela escada de esperança escura,
enxotando o meu pulso para a tempestade
da minha própria ausência.

O tédio escava a cor da morte nua,
sendo a lua o odor da cólera,
separando-me da força que exalta
o sofrimento ao fundo de um espelho
desmoronado,
opondo à minha liberdade
uma muralha de vazio.

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Sábado, Noviembre 15, 2008 - 15:55

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Henrique

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Re: MURALHA DE VAZIO

É bom desabafar a tristeza na poesia…

:-)

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