Estado de nu (José Saramago)

Essa linha que nasce nos teus ombros,

Que se prolonga em braço, depois mão,

Esses círculos tangentes, geminados,

Cujo centro em cones se resolve,

Agudamente erguidos para os lábios

Que dos teus se desprenderam, ansiosos.

 

Essas duas parábolas que te apertam

No quebrar onduloso da cintura,

As calipígias ciclóides sobrepostas

Ao risco das colunas invertidas:

Tépidas coxas de linhas envolventes,

Contornada espiral que não se extingue.

 

Essa curva quase nada que desenha

No teu ventre um arco repousado,

Esse triângulo de treva cintilante,

Caminho e selo da porta do teu corpo,

Onde o estudo de nu que vou fazendo

Se transforma no quadro terminado.

 

José Saramago, poeta e escritor português.

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Martes, Mayo 17, 2011 - 01:34

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