Soneto ao Adormecido (Augusto Frederico Schmidt
Como não te sorrir, ó adormecido,
E como não chorar sobre nós mesmos!
Como não se alegrar ao contemplar-te,
E não entristecer em nós pensando?
Como não perceber que a vida impura
Se conservou de ti distante e ausente
E em nós vingou seus ásperos desejos,
Seus caprichos terríveis e suas mágoas?
Como não te sorrir, morto e inocente
Cansado de brincar, se está liberto
Do destino de ter nosso destino?
Como não alegrar com a tua sorte,
Se nunca hás de chorar sobre ti mesmo,
Sobre a tua inocência e os teus brinquedos?
Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), In: Mar Desconhecido.
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Martes, Mayo 17, 2011 - 21:22
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