Jamáli e o relógio

JAMÁLI E O RELÓGIO
Jorge Linhaça

Jamáli despertou aquela manhã com o som bem conhecido do alarme do seu relógio.
Era hora de iniciar mais um dia...talvez um dia como outro qualquer, não fosse um fato interessante.
Enquanto Jamáli procurava acordar por completo, preso naquele limbo de semi-consciência que vem quando acordamos, percebeu o som dos passarinhos a gorjearem lá fora, saudando um novo dia.
Levantou-se e foi lavar o rosto, escovar os dentes, etc...O gorjeio parecia ter se entranhado em seus ouvidos, os outros ruidos do dia a dia não tinham mais a menor importância...estava como que hipnotizado pelo canto melodioso dos pássaros.
Pegou sua xícara de achocolatado e foi sentar-se na varanda para desfrutar daqueles momentos que tantas vezes lhe haviam passado despercebidos ao longo dos dias.
Enquanto ouvia o canto dos pássaros, pôs-se a refletir sobre o relógio da vida.
Hoje temos celulares, relógios, televisão,etc que programamos para nos despertar na hora que estipulamos ( ou nos estipulam) para iniciarmos as nossas tarefas diárias. Robóticamente acordamos e passamos o dia a olhar para o mostrador que nos informa do horário atual. Contamos o tempo de forma automática, preocupados apenas com nossos compromissos. A cada dia aceleramos mais na estrada da vida, como que buscando bater nossos próprios recordes pessoais na execução de nossas tarefas. Paracemos atletas olímpicos...aumentamos nossos fardos com novas atividades, como se fossemos levantadores de pêso, aceleramos nossos passos como se participássemos de uma maratona, estamos sempre de olho no sarrafo como se fossemos atletas de salto com vara em busca de ir mais alto a cada momento. Corremos em busca de impulso para dar nosso salto em distãncia buscando ir cada vez mais longe. Nos atiramos nas águas da piscina da vida, sequiosos por chegar primeiro ao outro lado e bater a mão no dispositivo de chegada.
Mas o relógio da vida, esse caminha tranqüilo, mantém o seu ritmo...os pássaros não se apressam, as plantas não crescem mais rápido, e , ainda assim, cumprem o propósito de sua existência.Cada qual com sua função com o seu ritmo próprio.
os pássaros despertam quando amanhece o dia e saem gorjeando para acordar a natureza, a brisa fresca de cada manhã nos refrigera o corpo e oxigena para as tarefas diárias...
O relógio da vida não faz tique taque..é um conjunto de sons e sensações que nos ajuda a despertar para o propósito de nossa existência.O mais importante não é o despertar do corpo, mas sim, o despertar da alma.
Jamáli sentiu-se revigorado com aquela sua descoberta, continuou os fazeres diários, porém agora cosnciente de que existe algo mais na vida do que contar dos segundos no relógio digital. Ele agora conseguia perceber as coisas simples, sua alma libertara-se dos grilhões da luta contra o tempo.O que queria agora era aproveitar, com qualidade, cada segundo do dia, sem paranóias de prazos, sem a pressão de ser o melhor.
O engraçado é que, sentindo-se mais leve, caminhava mais rápido, saltava mais alto e mais longe e deslizava sobre as águas da vida com muito menos esforço.

*****

Um lindo dia para todos e um magnífico despertar da alma.
Jorge Linhaça

* Jamáli é um personagem criado pelo escritor Jorge Linhaça para ilustrar as suas reflexões.

 

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Sábado, Mayo 21, 2011 - 12:11

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