Mercenários do amor

MERCENÁRIOS DO AMOR
Jorge Linhaça
Arandú, 19/07/2005


Existem pessoas que não entendem o amor como força motriz para a felicidade, acreditam que esse sentimento não merece ser cultivado com o devido cuidado.
São como beija-flores que vão de flor em flor sugando um pouco de néctar aqui e ali.
Fazem do amor um simples moeda de troca, e quando não auferem lucro de uma relação, simplesmente a deixam de lado e vão em busca de outro ser para sugar.
São verdadeiros mercenários do amor, não se deixam envolver pela emoção verdadeira, tangenciam o sentimentos sem jamais se permitirem aprofundar as relações.
São como soldados de aluguel que lutam enquanto são pagos para isso, sem ideais ou bandeira.
Pior do que isso, muitas pessoas se contentam com seus “ serviços” e quando a relação deixa de existir, buscam avidamente, após alguns momentos de luto e de levantamento de novos recursos emocionais, outro mercenário que lhe possa dar alguns instantes de prazer. São pobres seres solitários que se deixam levar por qualquer promessa de atenção e que depois de envolvidos na rede, passam a achar que não é tão ruim manter um relacionamento com alguém que já tenha até mesmo outra pessoa. São seres que se contentam em ser reservas no jogo do amor. De que outra forma pode-se entender o envolvimento com pessoas casadas ou comprometidas? De que outra forma podemos avaliar o viver de migalhas , de dias livres que a pessoa tenha?
De que forma podemos enxergar um relacionamento baseado quase que exclusivamente em sexo para satisfazer as necessidades físicas? Ou será que alguém pode me dizer que um homem ou mulher casados querem mais dos amantes do que a satisfação das noites de prazer?
Alguém pode realmente acreditar que esses mercenários não iraõ embora tão logo se vejam presos a uma rotina com os amantes? Será que para eles o que vale não é apenas a sensação da caça?
Como predadores, comem até satisfazer-se e depois abandonam a carcaça para que os lixeiros da natureza a consumam.
Mercenários existem por que existem aqueles que se prestam a viver de ilusão, por que existem aqueles cuja auto-estima é tão fragilizada que confundem um anel de vidro com diamantes, não se sentem no direito de ser felizes plenamente e se contentam com pequenos agrados e elogios, se deixam seduzir por um passeio ou uma noite de amor, esquecidas de que a recompensa pode muitas e muitas vezes, ser a perpetuação dessa solidão e sentimento de impotência diante do amor.
É nesse campo fértil que os amantes de aluguel instalam suas tendas e fazem acampamentos temporários, marcando no cabo de suas armas o número de presas abatidas em combate.
Vivem eles também da ilusão de que a quantidade das relações é melhor do que a qualidade de um relacionamento estável e edificante.
Predadores e presas, tem assim os seus papéis confundidos em muitos momentos, no final ambos vivem de ilusão, com a única diferença de que o predador tem isso como opção de vida e já entra na relação antevendo o final da mesma, já ama com hora marcada para acabar. A presa muitas vezes acredita em virar o jogo, em virar matriz e não filial e jamais está preparada para o final da relação.
Cada ser humano faz o que quer da vida, não existem garantias em nenhum tipo de relação, mas para que saltar de um prédio de 50 andares sem rede de segurança, quando se pode caminhar com os pés no chão e correr apenas o risco de um tropeço que no máximo causará pequenos hematomas?
 

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Sábado, Mayo 21, 2011 - 12:07

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