Coisas de casár
COISAS DE CASÁR
Jorge Linhaça
Ele:
Oi qui nóis semo já véinho
muitos causo temo pra cuntá
coisas boa e uns desatino,
de adurtos e de meninos,
aqui e alí, lá e acolá.
Nossa históra é sem inguár
ou quem sabe tem paricida
nóis um era um lá e otro cá
e num havia jeito di si acertá
módi nossas históra di vida.
Minha véia era dum jeito,
e eu di um outro jeito era,
sempre fui um bão sujeito
mas tenho us meu defeito
num sô di fugi di guerra.
Minha véia é mais contida,
mais de ficá em cima du muro,
não gosta muito de briga
mas avevía ouvindo intriga
e me chamando de casmurro.
Sô di sê o que pareço,
num gosto de vê falsidade,
solto a língua, pago preço,
-e muitas vezes eu padeço-
por falá sempre a verdade.
Foi por essas e por outras
que avivemos asseparados:
a vontade dus bejo na boca;
uma sôdadi duída e lôca;
os coração incomodado.
Cada quár cum seu cada um,
cada um com seu cada quár,
pior que caroço di angú,
i cercados di uns urubú,
a fazer di tudu um espinhal.
Mai u tempo foi passando,
as coisa forum contecendo,
us sentimento fôrum ficano,
as dores si acomodando,
i as verdade aparecendo.
Num foi fácir, ocês acredite,
eu e ela, os dois, turrão
mai quando o amor inziste,
num há nada que arresiste
à força di dois coração.
Hoje nóis oia pra trás
i fica inté pasmo di vê:
quanta dor qui a gente traz
quanta besteira si faz,
por conta de tre-lê-lê.
Ela:
Ah, meu véio, tome tento,
eu já vejo bem diferente,
verdade que foi um tormento,
que fartou em nóis alento,
mais isso foi só entre a gente.
Ocê acha qui teve gente,
qui si meteu no romance,
com as língua de serpente,
i qui ficarum contente
de ver a gente distante.
Verdade que inté pareceu,
por conta das hora ocorrida,
mas, se eu era tua e tu meu,
quem disse passou e morreu,
e nois seguimo as nossa vida.
Vancê ficou arreliado
por conta di uns acontecido:
Se virou logo no diabo,
chutou os balde pro lado,
quereno tudo esclarecido.
Mai eu num sô di falá,
e fiquei sem arrespondê,
as coisa garraram a piorá,
e o povo a mi agradá
e a si afastá di ocê.
Fiquemo us dois irritado,
larguemo di nus falá,
os coração apertado,
os oio, d'água, enxarcado,
i cada um no seu lugá.
Ocê saiu, correu mundo,
eu nu meu canto fiquei,
a dor mordendo bem fundo,
i eu num medo profundo
nus amigo me agarrei.
Ocê ficou assombrado
di vê eu cum seus "inimigo",
acho que inté inciumado,
mando mais di mil recado
cabando cum eles e cumigo.
Mais isso é coisa passada,
ninguém manda nu coração,
a vida seguiu a estrada,
e nossas ármas cansadas
acabarum si dando as mão.
obs:
Este poema é obra de ficção, baseado em fatos reais.
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 942 reads
other contents of Jorge Linhaca
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Fantasía | O pégasus e o unicórnio | 0 | 1.876 | 05/30/2011 - 10:56 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | O Curupira | 0 | 1.519 | 05/30/2011 - 10:55 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Eu, o boto rosa | 0 | 1.158 | 05/30/2011 - 10:54 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | EU Nefelin | 0 | 789 | 05/30/2011 - 10:52 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Violino ao Entardecer rondel | 0 | 1.188 | 05/30/2011 - 10:41 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Tatuagem rondel | 0 | 1.093 | 05/30/2011 - 10:38 | Portuguese | |
Poesia/General | Sonhos Meus que lá se vão- rondel | 0 | 1.679 | 05/30/2011 - 10:37 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Sombra Angelical - rondel | 0 | 1.124 | 05/30/2011 - 10:35 | Portuguese | |
Poesia/Alegria | Rosa Vermelha ( rondel) | 0 | 1.247 | 05/30/2011 - 10:33 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Relembranças ( rondel ) | 0 | 1.074 | 05/30/2011 - 10:32 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Paixão do Oriente ( rondel ) | 0 | 2.232 | 05/30/2011 - 10:31 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Moça do chapéu florido ( Vilanella) | 0 | 1.452 | 05/30/2011 - 10:29 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Lençóis ao vento | 0 | 1.553 | 05/30/2011 - 10:26 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | Vem O mar ( rondel ) | 0 | 1.262 | 05/30/2011 - 10:23 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Farol da Paixão Rondel | 0 | 1.198 | 05/30/2011 - 10:22 | Portuguese | |
Poesia/General | Cravo Vermelho | 0 | 1.441 | 05/30/2011 - 10:19 | Portuguese | |
Poesia/General | AS ROSAS QUE TE OFERTEI ( rondel ) | 0 | 1.898 | 05/30/2011 - 10:17 | Portuguese | |
Poesia/General | A Luzes da Cidade Além ( rondel) | 0 | 1.139 | 05/30/2011 - 10:14 | Portuguese | |
Poesia/General | Ao tocar das mãos ( Rondel ) | 0 | 1.343 | 05/30/2011 - 10:12 | Portuguese | |
Poesia/General | Ao tocar das mãos ( Rondel ) | 0 | 988 | 05/30/2011 - 10:12 | Portuguese | |
Poesia/General | A Mulher da foto | 0 | 1.567 | 05/30/2011 - 10:11 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Árvore da Sedução ( rondél ) | 0 | 1.774 | 05/30/2011 - 10:07 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Navego com asas de borboletas | 0 | 1.454 | 05/30/2011 - 10:05 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Luz No Jardim | 0 | 1.326 | 05/30/2011 - 10:03 | Portuguese | |
Poesia/General | SABOREAR | 0 | 1.312 | 05/29/2011 - 23:49 | Portuguese |
Add comment