Sarau no inferno

SARAU NO INFERNO
Jorge Linhaça

Com amigos vou até o inferno
e o demo que nos ature
pode ser verão ou inverno
mas que a amizade perdure
pois amigo é ser eterno
que não há quem misture

Se um dia tiver que ir lá
pode crer que vira um sarau
de amigos sinceros leais
recatados ou caras-de-pau
que vão ali para poetar
mas que não fazem o mal.

Como Dante ao inferno foi
em busca de sua amada
não vamos deixar pra depois
o encontro de gente animada
nem que seja feijão e arroz
a poesia ali declamada

o que vale mesmo é poetar
e deixar o demo alucinado
sem poder nos aprisionar
nesse lugar amaldiçoado
ele há de gritar e berrar
contra o amor ali poetado

até as chamas ardentes
hão de servir de inspiração
aos amigos ali presentes
que fazem da real emoção
em seus versos impertinetes
da amizade a maior canção.

E na hora de ir embora
não fica ninguém pra trás
onde a amizade vigora
o coração se compraz
sem ter lugar ou hora
e a alma se satisfaz

e o demo já aliviado
há de muito se alegrar
quando o poeta resgatado
com os amigos se mandar
é melhor perder um penado
do que os poetas aturar.

pois poetas são alegria
com inferno não combinam
e o lugar de agonia
eles logo iluminam
com a luz de sua poesia
e as trevas exterminam.

poetas e amigos são anjos
que voam em revoada
aos acordes de banjos
ou de harpas tocadas
em seus lindos arranjos
de almas bem aventuradas.

e este cordel eu termino
à caminho do paraiso
e amizade eu bendigo
e assim me realizo
pois posso até ser mendigo
minha riqueza são os amigos.

 

Submited by

Lunes, Mayo 23, 2011 - 12:18

Poesia :

Sin votos aún

Jorge Linhaca

Imagen de Jorge Linhaca
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 8 años 46 semanas
Integró: 05/15/2011
Posts:
Points: 1891

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Jorge Linhaca

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Meditación Incêndio 0 599 05/30/2011 - 11:51 Portuguese
Poesia/Meditación HOLOCAUSTO 0 774 05/30/2011 - 11:49 Portuguese
Prosas/Otros História de um menino 0 560 05/30/2011 - 11:47 Portuguese
Poesia/General Guerreiro 0 588 05/30/2011 - 11:44 Portuguese
Poesia/Desilusión Famélico Ser 0 908 05/30/2011 - 11:42 Portuguese
Poesia/Meditación Droga 0 477 05/30/2011 - 11:41 Portuguese
Poesia/Desilusión Bala Perdida 0 960 05/30/2011 - 11:40 Portuguese
Poesia/General Cidades Mortas 0 1.338 05/30/2011 - 11:38 Portuguese
Poesia/General Cavaleiro Negro 0 927 05/30/2011 - 11:37 Portuguese
Poesia/Desilusión Canto do povo da terra 0 438 05/30/2011 - 11:27 Portuguese
Poesia/Desilusión Brasilidade 0 824 05/30/2011 - 11:26 Portuguese
Poesia/General Bonecas de Carne 0 662 05/30/2011 - 11:25 Portuguese
Poesia/General As Lágrimas da Pátria 0 548 05/30/2011 - 11:21 Portuguese
Poesia/General Sobre o Argênteo Mar 0 985 05/30/2011 - 11:18 Portuguese
Poesia/General ANJO DAS ASAS NEGRAS 0 688 05/30/2011 - 11:16 Portuguese
Poesia/General ANJO DAS ASAS NEGRAS 0 1.240 05/30/2011 - 11:16 Portuguese
Poesia/Amistad Alucinógena Fada 0 509 05/30/2011 - 11:15 Portuguese
Poesia/Amor Alô, Mamãe? 0 848 05/30/2011 - 11:13 Portuguese
Poesia/Desilusión A Imagem do Cruzeiro Resplandece 0 650 05/30/2011 - 11:09 Portuguese
Poesia/Fantasía COWBOY do Asfalto 0 554 05/30/2011 - 11:05 Portuguese
Poesia/Meditación ARAUTOS DO RETROCESSO 0 489 05/30/2011 - 11:03 Portuguese
Poesia/Meditación AGUADEIRO 0 1.211 05/30/2011 - 11:02 Portuguese
Poesia/Fantasía o Espírito do Bisão 0 604 05/30/2011 - 11:01 Portuguese
Poesia/Fantasía O unicórnio 0 851 05/30/2011 - 10:58 Portuguese
Poesia/Fantasía O pégasus e o unicórnio 0 867 05/30/2011 - 10:56 Portuguese