QUERO MAIS DE MIM, SER EROS

Dor que não chora,
que se arrasta por mim fora em silêncio.

Corpo de perfeição desfocada.
Uma saudade loucamente sentida.

Alma açulada de acaso,
vadia sem azo na distância que em mim entra.

Orquestras de longe,
mil vidas numa tempestade de bonanças.

Indomável colheita
de esperanças que me traz o vento.

Voz ausente dos meus lábios.

Cai em mim o sol,
como a face do mundo aos ombros.

Brisas de loucura, ninhos onde abandonei os pés.

Pairam no ar as lágrimas,
pousadas em marés de quem já nada sente.

Quero mais de mim,
ser um momento de mar,
ser monumento na porta da frente do meu estar.

Ser Eros,
testemunhar o amor, revelar
como as noites são lindas quando se ama.

Ser o eco dos meus sonhos, ser louco.

Dar vida aos sonhos, dar qualidade à vida.

Encher-me de luas novas,
fechar os olhos e continuar-me a ver.

Sentir-me maior, trazer
a eternidade esculpida no meu sentir.

Acontecer à toa, ser canoa nos rápidos da vida.