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8

A morte é certa, seres da vida errada!
Leva-se a vida inteira
pra se morrer de uma hora para outra.

Vida… O que seria vivê-la de verdade?
Descansar todo dia santo
e trabalhar todo santo dia?
Pagar as prestações, engraxar os sapatos,
fumar os cigarros, engolir os comprimidos,
votar no partido, constituir a família?
Ou andar de iate cheio de prostitutas
com vista para o mar? Jogar golfe,
beber uísque com muito gelo e comer escargô
num restaurante francês (mesmo sabendo
que em certas regiões do Brasil
o mesmo caramujo é ração de porcos)?
Então, deve ser melhor sonhar do que viver…
Que prazer agora? Vinhos finos, pratos raros,
lugares exóticos, longas viagens
em seis vezes sem juros no seu
cartão de crédito Fulanodecard,
elepês, cedês, devedês, agaivês,
fax, effex, fix, fox, fux!
Ma me vá enchê os pacová da tua vó!
Que fazer? As malas?
Mas não há pra onde fugir!
Nomadismo é a grande viagem
das agências de viagens…
A fuga é fugaz – a teoria literária
mostrará que não há mais para onde ir
que não seja lugar comum!
Qualquer lugar é bom pra se ser triste –
ser feliz é um lugar que não existe.
A cárie da carência é sempre maior –
é ela que empurra o mundo,
e leva carentes e carecidos
daqui para lá, de lá para acolá,
de acolá pra banda de lá,
e assim sucessivamente sem sucesso,
enquanto suportarem o peso
dos seus respectivos aquis.
É pra isso que se frequentam
os lugares mais frequentados do mundo,
os lugares mais bonitos:
pra se sonhar com um mundo
efetivamente bonito, pra cá de bom,
para além de aquém, pra já.
Mas essa modalidade de sonho
é pra lá de longe, pra depois
de amanhã, pra nunca mais.

Ou a grande Vida estará no amor?
Não, ainda tá frio…
Muitas pessoas acham possível
encontrar a pessoa certa,
mas todas estão erradas.
Na estranha matemática
da cara metade,
quantas metades se encaixam?
Como é que alguém que nunca
ganhou nem na loteria
pode acreditar em encontrar
o único número que lhe sirva direitinho
no meio desses bilhões de outros bichos?
O amor da tua vida –
não é isso que vai te dar a Vida maiúscula.
O bicho-que-ama é um desastre natural,
um acidente de percurso,
mas é impressionante como
o amor consegue mudá-lo –
principalmente para pior!
Romântico é apelido;
negócio é ser passional –
como os crimes de amor.
Afinal, viver não é arder?
Amor é fogo!

Amar é desejar as estrelas do céu
e se contentar com as do mar…
Você acha isso bonito?
Pois parece o do cabrito!
A melhor definição de amor está em Sade.
Amor com amor se apaga.

O amor pode ser chama,
mas o que se chama de amor
não passa de uma fagulha
dessa máquina de incendiar.
Se não incendeia o mundo
é por inúmeras razões,
e a primeira delas é que falta pólvora.

Então o quê?
N.d.a., Q.e.d.!
Passar assim, passim,
aqui e ali, nem lá nem cá?
Pois aperte o pari passu,
que o tempo passa mais
rápido no moderno mundo pós-contemporâneo!
Antes nunca que tarde demais,
mas hoje em dia é sempre
mais tarde do que você pensa!
Na atual desconjuntura
os tempos já são muito outros,
a voz da experiência caducou,
até seguro já morreu de velho.
Aí, demorou…

Da cidade de Algures
todos os caminhos levam a Nenhures,
capital da Zerolândia,
Terra do Nunca Nunca,
País das Maravilhas!
Seja bem-vindo embora –
zero de zerembro
de zero mil zerocentos e bolinhas,
dia de São Nunca Mais!

Negar o Eu, o Aqui e o Agora,
não é mais que dar o fora –
por que que você sempre foge do que te dói?
A Verdade dói de verdade…
Quem foge, desaventura;
quem procura a verdade acha –
mas só aquela que procura –
que procuras encobrir?
Recentes pesquisas realizadas
nos estados zunidos comprovam que
a tua verdade é sempre
o disfarce da tua fome!
Mas eis que o conhecimento
vem como uma frustração –
desde a vinda à luz
até a extrema unção,
toda experiência é
a experiência de uma dor!
Lamento ter de te dizer isso –
tem Super-Homem nenhum,
tem Papai-Noel nenhum,
Papai-do-Céu também não tem.
E coelho não bota ovo,
que dirá de chocolate.
Quem se cura da ilusão
tem de sofrer de desilusão?
A decepção faz parte do desengano –
mas só porque, primeiro,
fomos enganados.
Quem perde a inocência ganha a culpa??

A Inocência mais pura é sempre ganha,
nunca perdida: ela é o que sobra
depois de nos despoluirmos
das mentiras que aprendemos.
O que é preciso que se saiba
é que a verdade que nunca se sabe
é mais terrível que a mentira
amplamente divulgada –
ou não haveria motivo
para guardá-la a tantas chaves!
Mas como é possível saber isso,
se o que não sabe é,
por definição, desconhecido?
Eis a lógica paradoxal da Lógica –
o cálculo frio nos permite
brincar com fogo sem nos queimar
nem fazer pipi na cama!
Eu não acredito em tudo,
mas já não duvido de mais nada –
depois de tudo o que vi,
imagino o que não pude ver.
A tautologia pode parecer
gagueira do pensamento gagá,
mas parece
que neste mundo de parecenças
às vezes é sempre bom
repetir e rerrepetir
a todo mundo alguns conceitos básicos
aparentemente básicos demais –
e é bom rerrerrepetir
com outras palavras,
pra não sermos acusados de plágio.
Por isso repito maiúsculo:
O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM,
O CORAÇÃO PRESSENTE!
E a verdade é que temos
de forçosamente
nos habituar às perdas.
Todos perdemos
(no presente do indicativo)
nossos pais;
se ainda não os perdemos
(no pretérito perfeito),
perdê-los-emos no futuro.
Todos os que já tiveram o amor,
perderam-no; todos os que o têm,
perde-lo-ão, ou serão perdidos por ele;
e quem não tem amor para perder,
já tá perdendo tempo, meu!
TENHA UM CASO DE AMOR COM VOCÊ MESMO
ANTES QUE ALGUÉM PIOR O FAÇA!
Havemos de perder tudo
quanto formos capazes de ganhar –
vai concluir disso
que o melhor é não ganhar nada?!
Bom, problema seu, nego!
Quem come prego, sabe o que tem…

Se a montanha não vai a Maomé, desencana.
Se teu deus ainda não te encontrou,
o que te faz crer que você pode encontrá-lo?
Deus não existe: por que diabos
não aceitamos essa solidão?
Porque sem ele a vida não teria sentido?
Tá, e se ela não tiver mesmo?
Procurar o sentido da vida
é a melhor maneira de acabar
esquecendo de viver!
Se você precisa
de um sentido para a vida,
você é um suicida em potencial –
a única vantagem é poder
escolher com mais calma
suas últimas palavras…
Mas lembre-se:
O SUICÍDIO É O ÚNICO PECADO EFETIVAMENTE MORTAL…

A opção entre o suicídio
e a morte natural é, muitas vezes,
a decisão de morrer antes
ou depois de sua resignação –
há quem desista da vida
mas teime em subviver.
O suicídio só chocaria
a quem te amasse:
e por que que você se mataria
se alguém te amasse?

Ainda quer se hemorragir daí de dentro, quer?
Amarra teus pesadelos no pescoço
e pula num rio bem fundo!
Mas não…
Depois de tanto descaminho,
você sempre volta aos teus labiríntimos,
onde não há horizontes,
mas apenas paredões.
Você ainda não sabe direito quem é,
e pensa que a solidão
substitui a identidade,
que um nômade não carece de cidadania.
Por isso você não acredita
em nada do que você mesmo diz.
Vai por mim, isso passa.
Tudo que hoje carne, amanhã carniça –
haja carnaval antes da derradeira missa!
Você é só um moleque bobo de trinta anos.
Com metade disso, uísque já é vovô.

Você já entendeu que a vontade
é só mais uma faceta da fatalidade,
mas acha que isso justifica qualquer irresponsabilidade…
Como é que pode?
Até o que você entende certo
dá um jeito de estragar?

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sábado, dezembro 19, 2009 - 22:38

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MauroBartolomeu

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