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PROGRAMA DO XIX GOVERNO CONSTITUCIONAL III

FINANÇAS PÚBLICAS E CRESCIMENTO


Finanças Públicas e Administração do Estado
Nos próximos anos o ajustamento da economia portuguesa terá uma exigência sem
quaisquer precedentes históricos recentes. A correcção dos desequilíbrios financeiros
externos e internos é a prioridade máxima do Governo. O objectivo primordial é o
regresso do País ao financiamento em condições normais de mercado. A par de servir
esse grande objectivo este ajustamento inédito servirá para lançar as bases para a
promoção de um crescimento económico sustentado, a criação de emprego e a
promoção da solidariedade.
Neste quadro, o cumprimento dos objectivos e das medidas previstas no Programa de
Assistência Financeira acordado com a União Europeia e com o Fundo Monetário
Internacional terá precedência sobre quaisquer outros objectivos programáticos ou
medidas específicas, incluindo apoios financeiros, benefícios, isenções ou outro tipo de
vantagens fiscais ou parafiscais cuja execução se venha a revelar impossível até que a
sustentabilidade orçamental esteja assegurada. O Governo adopta como princípio
prioritário para a condução de todas as políticas que nenhuma medida com
implicações financeiras será decidida sem uma análise quantificada das suas
consequências no curto, médio e longo prazo e sem a verificação explícita da sua
compatibilidade com os compromissos internacionais da República.
Todavia, e sem prejuízo do cumprimento escrupuloso das medidas acordadas com o
FMI e a União Europeia, o Governo será mais ambicioso na concretização do processo
de ajustamento da economia portuguesa e, em particular, dos objectivos e exigências
que lhe estão colocados, precavendo-se contra eventuais desenvolvimentos adversos
externos e internos. Nesse sentido, serão adoptadas medidas adicionais de carácter
estrutural tendentes a garantir o cumprimento e a antecipação das metas a que o País
está obrigado e, por essa via, a restaurar a confiança internacional na sua economia.

Objectivos estratégicos
A política económico-financeira do Governo será orientada para restaurar a
credibilidade financeira do País, para reduzir o endividamento nacional e o défice
externo, para retomar o crescimento económico, fomentar a produtividade e a
competitividade e para promover uma sustentada criação de emprego e a
solidariedade.
O caminho do ajustamento macroeconómico constitui uma aposta fundamentada no
aprofundamento da integração europeia e, em particular, na moeda única. Esta opção
constitui um desígnio nacional. Assim como a Europa foi central na transição para a
democracia, será agora central para a transição para uma economia mais robusta, mais
aberta e mais competitiva. As reformas estruturais previstas neste programa de
governo lançam as bases para um novo ciclo de prosperidade e crescimento no médio
e longo prazo.
A correcção dos desequilíbrios externos e internos é prioritária para permitir o
regresso ao financiamento em condições normais de mercado. Em paralelo com a
adopção de um conjunto extenso de reformas estruturais serão criadas condições para
o aumento do crescimento potencial e do emprego. O programa de assistência
financeira proporcionará o tempo julgado adequado para a implementação concreta
de medidas antes do regresso aos mercados.
A consolidação orçamental pelo lado da receita deverá corresponder a apenas um
terço do esforço de consolidação global, em cumprimento dos objectivos quantitativos
assumidos pelo Estado português no Memorando de Entendimento (os restantes dois
terços do esforço serão suportados pela redução da despesa pública).
O Governo propõe-se lançar um ambicioso Programa de Ajustamento
Macroeconómico (PAM) cujas principais medidas serão de seguida elencadas. A
abordagem que conforma essas medidas é robusta e sistémica, na medida em que não
descarta, por um lado, a antecipação de medidas já previstas no Programa Apoio
Económico e Financeiro (PAEF) e, por outro, a aprovação de medidas específicas e

temporárias que se revelem necessárias para cumprir os objectivos do défice
assumidos pelo Estado Português.
Medidas
Enquadramento Prévio:
- Para o ano de 2011 o Governo está comprometido com o objectivo de 5,9% do
PIB para o défice. Durante a restante parte do ano, o Governo implementará
rigorosamente o Orçamento de Estado para 2011, incluindo todas as medidas do PAEF.
O desempenho será monitorizado e avaliado de forma sistemática ao longo do ano;
- Cada Ministro é responsável pelo estrito cumprimento dos limites orçamentais
fixados para o seu ministério. Eventuais desvios serão compensados pelo próprio
dentro do mesmo exercício. Na impossibilidade de uma compensação integral dentro
do mesmo ano no ministério responsável pelo desvio será a mesma assegurada por
outros ministérios. No exercício seguinte, o limite da despesa do ministério
responsável pelo desvio será reduzido pelo montante não compensado acrescido de
uma penalização;
- Serão indicados, por cada Ministro, interlocutores políticos e técnicos junto do
Ministério das Finanças e Administração Pública para o acompanhamento e controlo
da execução orçamental.
Orçamento
Cabe cumprir os objectivos orçamentais estabelecidos no Programa de Apoio
Económico e Financeiro a Portugal. As medidas acordadas no âmbito desse Programa
de Apoio Económico e Financeiro condensam alterações estruturais que terão de ser
levadas a cabo para limitar a despesa das Administrações Públicas e aumentar a sua
eficiência. Até ao final de Agosto de 2011, o Governo assume o compromisso de
apresentar um programa de ajustamento orçamental de médio prazo, com base nos

levantamentos em curso. A conclusão desse trabalho permitirá ao Governo propor, já
para o Orçamento do Estado para 2012, as medidas a aplicar às Administrações
Públicas por forma a diminuir a despesa e aumentar a eficiência e eficácia da sua
actuação.
- Executando de forma rigorosa o Orçamento para 2011;
- Definindo os limites orçamentais que permitam o cumprimento dos objectivos
para os próximos anos;
- Adoptando uma estratégia orçamental para as Administrações Públicas incluindo
um quadro orçamental plurianual, para os próximos quatro anos compatíveis com os
objectivos definidos no Programa de Apoio Económico e Financeiro acordado com a
União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.
No que toca à reforma do processo orçamental, o Governo decide:
- Propor à Assembleia da República a criação do Conselho de Finanças Públicas, já
previsto na actual Lei de Enquadramento Orçamental;
- Retomar a reforma do processo orçamental reforçando a responsabilidade e a
autonomia, nomeadamente através da revisão da Lei de Enquadramento Orçamental
na parte relativa à prestação de contas, tornando-a mais efectiva e menos burocrática;
- Propor à Assembleia da República a adopção de alterações às Leis de Finanças
Regionais e Locais de forma a compatibilizá-las com a nova Lei de Enquadramento
Orçamental, nomeadamente no que respeita à inclusão de entidades no respectivo
subsector, à adopção de um quadro plurianual orçamental e às regras de
endividamento;

- Estabelecer os programas orçamentais de acordo com o actualmente definido na
Lei de Enquadramento Orçamental, e introduzindo de forma faseada mas consistente,
informação sobre resultados desses programas;
- Estender a adopção a toda a Administração Central do Plano Oficial de Contabilidade
Pública, o que permitirá a integração das três vertentes da contabilidade – a
orçamental, a patrimonial e a analítica – e assim conhecer com maior rigor a situação
orçamental e patrimonial das entidades públicas, assim como conhecer os custos dos
bens e serviços produzidos.
Tesouro e Finanças
- Eliminação dos direitos especiais do Estado enquanto accionista (golden shares);
- O Governo tem como objectivo encontrar um comprador para o BPN até ao final
de Julho de 2011;
- Alienar a totalidade das participações na EDP e REN, preferencialmente até ao
final de 2011, e garantir que sociedades cujo objecto seja a produção, distribuição ou
comercialização de energia (como a EDP) possam, directa ou indirectamente, imediata
ou diferidamente, ter posições de controlo da REN. Alienar também a totalidade das
participações na TAP;
- Racionalizar a estrutura do grupo CGD com o objectivo estratégico de
concentração nas suas actividades de intermediação financeira. Assim, a CGD
deverá vender as suas participações no sector dos seguros e nas áreas não
estratégicas. Os fundos provenientes destes desinvestimentos deverão ser
afectados ao reforço dos rácios de capital da CGD para aumentar a sua capacidade
de financiamento às empresas. Tendo em consideração a importância da CGD na
economia nacional, a Caixa deverá prosseguir as seguintes orientações
estratégicas:

- Reorientar significativamente a sua estrutura de crédito para os bens e
serviços transaccionáveis e para o apoio às exportações e à
internacionalização de empresas portuguesas;
- Desenvolver a actividade de financiamento de projectos de fomento ao
serviço da nossa economia para apoio às MPME, ao empreendedorismo, à
inovação e à internacionalização das empresas com elevado potencial de
crescimento, das empresas exportadoras e dos sectores estratégicos da
nossa economia, nomeadamente a actualização tecnológica dos sectores
tradicionais e a promoção dos novos sectores emergentes da economia do
conhecimento.
- Intensificar o acompanhamento do SEE, monitorizando o cumprimento das
reduções de custos impostas para 2011 e publicar contas trimestrais para o SEE a
partir de 2012;
- Aplicar limites progressivamente mais restritivos ao endividamento do SEE a
partir de 2012;
- Garantir a viabilidade a prazo das empresas do SEE, através de receitas próprias
ou de transferências do Orçamento do Estado, o que inclui, entre outros aspectos,
avaliar a estrutura de tarifas das empresas públicas de modo a reduzir a sua
subsidiação;
- Alinhar progressivamente as políticas salariais do SEE, sobretudo em sectores não
concorrenciais, com as das administrações públicas;
- Identificar todas as empresas com participação directa ou indirecta do Estado cuja
actividade se entenda dever ser libertada para o sector privado e calendarizar as
respectivas operações de alienação;
- Elaborar e implementar um plano para reforçar a governação no SEE, de acordo
com as melhores práticas internacionais. O plano incluirá uma avaliação da função
accionista, dotando o Ministério das Finanças e da Administração Pública de um papel
decisivo quanto a questões de ordem financeira do SEE;

- Proceder à avaliação de todos os contratos de Parcerias Público-Privadas e
Concessões (PPPC) em vigor e promover posteriormente a renegociação nos casos em
que se conclua não estar adequadamente salvaguardado o interesse do Estado. Serão
utilizados os instrumentos já conhecidos de renegociação e outros instrumentos
jurídicos fundamentados na alteração anormal e imprevisível das circunstâncias;
- Adoptar o princípio segundo o qual não pode haver execução nem pagamento
das PPP antes do visto do Tribunal de Contas, tornando-se impossível que o Estado
tenha de pagar indemnizações caso o Tribunal de Contas decida não visar um contrato;
- Manter o contacto com os investidores internacionais para promover a
capacidade de colocação de dívida pública.
Assuntos Fiscais
Receita fiscal
O aumento das receitas fiscais previsto no Programa de Apoio Económico e Financeiro
a Portugal será realizado fundamentalmente por via da simplificação dos impostos e
do alargamento da base tributável, da melhoria da eficácia da administração fiscal e do
reforço no combate à economia informal e à fraude e evasão fiscal.
Estes objectivos serão atingidos através das seguintes medidas previstas no
Memorando de Entendimento:
- Redução das deduções fiscais e dos regimes especiais em sede de IRC;
- Redução dos benefícios e das deduções fiscais em sede de IRS;
- Alteração da tributação sobre o Património (IMI/IMT), reduzindo as isenções
temporárias aplicáveis às habitações próprias e actualizando o valor patrimonial
matricial dos imóveis para efeitos de tributação;
- Redução de isenções em sede de IVA e transferência de categorias de bens e
serviços das taxas de IVA reduzida e intermédia para taxas mais elevadas;

Desvalorização e competitividade fiscal
O Governo adoptará um conjunto de medidas fiscais para promover a competitividade
das empresas portuguesas, designadamente:
- Política de “desvalorização fiscal” que visará criar emprego e promover o
crescimento económico. Através desta medida – redução da TSU - pretende-se
contribuir para uma redução substancial dos custos de produção das empresas,
pensando sobretudo no efeito que pode exercer sobre as que produzem bens e
serviços transaccionáveis, e ajudar a restaurar a competitividade da economia
portuguesa. A medida será compensada de forma a garantir a neutralidade do ponto
de vista do défice orçamental através, designadamente, de cortes adicionais de
despesa pública e medidas na área dos impostos indirectos;
- Revisão do sistema fiscal, com ênfase no IRS e no IRC, promovendo
designadamente a sua simplificação – apontando para a redução do número de
escalões, das deduções e isenções, a mobilidade social, a internacionalização, a
competitividade e tornando-o sensível à dimensão do agregado familiar;
- Reforçar as medidas de reembolso mais célere do IVA às empresas e criação
de um regime de caixa do IVA para empresas com um volume de negócios reduzido,
bem como a ponderação de um regime de caixa para todas as operações em que a
contraparte seja uma entidade pública, incluindo o SEE.
Combate à fraude e evasão fiscal e reforma da justiça tributária
O Governo compromete-se a elaborar um plano estratégico abrangente para o período
de 2012 a 2014 de combate à fraude e à evasão fiscal, que incluirá, entre outras, as
seguintes medidas:
- Aumento dos recursos destinados à inspecção na administração tributária em
pelo menos 30% do total dos respectivos trabalhadores;

- Criação de um quadro penal e processual mais exigente para os crimes fiscais
mais graves;
- O Governo compromete-se ainda a avançar com uma reforma da justiça
tributária de forma a reduzir as pendências judiciais, que incluirá as seguintes medidas:
- Revisão do funcionamento dos tribunais fiscais, de forma a facilitar o
julgamento mais célere dos litígios fiscais;
- Aplicação de juros sobre o total dos montantes em dívida durante a
totalidade do procedimento judicial, utilizando uma taxa de juro superior à
corrente no mercado e impondo um juro legal especial quando se verificar o
não cumprimento de uma decisão do tribunal judicial por parte da
administração fiscal;
- Implementação da nova lei de arbitragem fiscal.
Administração Pública
Objectivos estratégicos
O Governo pretende promover os entendimentos sociais e políticos necessários, de
forma a obter compromissos políticos estáveis e duradouros no âmbito da
Administração Pública, e compromete-se a trabalhar activamente concentrando-se nos
seguintes objectivos:
Reduzir o peso do Estado para o limite das possibilidades financeiras do País e
com vista a um melhor Estado;
Desenvolver um Estado ágil e inovador, adaptado aos desafios da sociedade da
informação, que preste serviços de qualidade e individualizados aos cidadãos,
segundo novos paradigmas de organização e funcionamento em rede,
suportados pelas tecnologias de informação e comunicação;
Promover um Estado que dignifique os seus agentes, valorize o seu trabalho, o
seu dinamismo e inovação, invista na sua capacitação e motivação, avalie e

remunere adequadamente o seu desempenho por referência a objectivos
claros e concretos;
Medidas
Em conformidade com o estipulado no Memorando de Entendimento, o Governo irá:
- Limitar as admissões de pessoal na administração pública para obter decréscimos
anuais de 1% por ano na Administração Central e de 2% nas Administrações Local e
Regional;
- Reduzir os cargos dirigentes e dos serviços em, pelo menos, 15% na Administração
Central, Local e Regional;
- Eliminar as estruturas sobrepostas na estrutura do Estado, reduzindo o número de
organismos e entidades (incluindo Fundações, Associações e outras entidades
semelhantes), mantendo a qualidade na prestação do serviço público. Neste âmbito
será, ainda em 2011, apresentado um novo PRACE que será objecto de uma execução
rigorosa e ambiciosa;
- Introduzir alterações legislações necessárias para melhorar a monitorização, reduzir
os custos operacionais e suspender temporariamente a criação de novas entidades
públicas ou quase públicas (incluindo empresas públicas) ao nível da Administração
Local.
- Promover políticas de flexibilidade, de adaptabilidade e de mobilidade dos recursos
humanos na Administração Pública;
- Promover a utilização partilhada de serviços ao nível da Administração Central, nas
áreas dos recursos humanos e das tecnologias de informação, implementando a
totalidade dos projectos em curso.

Economia e Emprego
A retoma do crescimento económico é fundamental para a criação sustentada do
emprego e para assegurar a sustentabilidade da dívida pública nacional. Para que tal
aconteça, o Governo compromete-se a introduzir uma nova Política de Crescimento,
do Emprego e da Competitividade, que nos permita superar mais rapidamente a crise
nacional.
O Governo compromete-se a envidar todos os esforços com vista a alcançar um acordo
social abrangente entre os parceiros sociais que permita relançar a competitividade
das exportações nacionais e estimular a produtividade nacional. Neste sentido, o
Governo irá estudar e desenvolver a aplicação de um “sistema dual” no mercado de
trabalho, em que será introduzida um novo regime contratual sem afectar os contratos
antigos. Em conformidade com as directrizes do Memorando de Entendimento, o
Governo irá aplicar algumas das medidas que a seguir se apresentam ao regime geral
actual, e outras serão aplicadas apenas ao novo regime no espírito do “sistema dual”
referido.
Emprego e Mercado de Trabalho
O bem-estar das pessoas e a competitividade das empresas e da economia portuguesa
no actual contexto de globalização exige, acima de tudo, uma legislação laboral que
fomente a economia e a criação de emprego, que diminua a precariedade laboral e
que esteja concentrada na protecção do trabalhador e não do posto de trabalho. Cabe,
então:
- Modernizar o mercado de trabalho e as relações laborais;
- Dotar as empresas de instrumentos de resposta a situações de crise e
condições para o aumento da produtividade e competitividade;
- Assegurar que a política normal de rendimentos deve respeitar o princípio geral
de que, a nível global da economia, os custos do trabalho deverão evoluir de acordo
com a produtividade.

No quadro da Concertação Social, e tendo em vista a competitividade da economia
nacional, o Governo fará tudo o que está ao seu alcance para implementar o
Memorando de Entendimento nos aspectos respeitantes à reforma do mercado
laboral. Para tal, o Governo compromete-se a:
- Simplificar a legislação laboral, permitindo uma maior clareza das normas e
diminuição da burocracia;
- Assimilar na legislação laboral a realidade específica das empresas,
independentemente das suas dimensões, designadamente nos aspectos relacionados
com as formalidades inerentes à admissão de trabalhadores, criando um regime legal
mais ajustado à realidade destas últimas e retirando burocracias e excessos de
procedimentos;
- Na situação de indemnização em substituição de reintegração a pedido do
empregador haverá uma concretização do seu alargamento às pequenas e médias
empresas;
- Promoção da arbitragem laboral em conflitos individuais de trabalho, de
forma a agilizar a resolução de diferendos;
- Regulamentação do Código do Trabalho para garantir a possibilidade de
alteração das datas de alguns feriados, de modo a diminuir as pontes demasiado
longas e aumentar a produtividade;
- Nos contratos a celebrar no futuro haverá uma ponderação da passagem para
a existência legal de um só tipo de contrato de maneira a tendencialmente acabar com
os contratos a termo, enquanto se flexibiliza o período experimental no recrutamento
inicial ou introduzindo algumas simplificações no processo de cessação dos contratos;
- Devido à actual situação de emergência social, a renovação dos contratos a
termo que caduquem nos próximos 12 meses deve ser admitida.

No domínio da duração do trabalho será permitido o estabelecimento de horários de
trabalho ajustados às necessidades de laboração das organizações e da melhor gestão
do seu capital humano, nomeadamente através de:
- Banco de horas – introduzir a possibilidade de ser estabelecido por acordo
individual ou grupal, sem necessidade de previsão em IRCT e de funcionar por períodos
plurianuais;
- Trabalho suplementar – alinhar com práticas internacionais de países de
referência, adequando a compensação às necessidades da empresa e do trabalhador,
por uma das seguintes formas (e não como actualmente com dupla compensação):
concessão de tempo equivalente (ou majorado) de descanso (com um limite máximo
anual) ou férias; por remuneração suplementar.
No que diz respeito ao trabalho temporário terão lugar as seguintes medidas:
- Admissibilidade do recurso a trabalho temporário sempre que houver uma
verdadeira necessidade transitória de trabalho;
- Prever a possibilidade de prescindir da justificação, desde que respeitados certos
limites percentuais deste tipo de contratação, face ao total de trabalhadores da
empresa.
No que se refere ao subsídio de desemprego salientam-se as seguintes decisões:
- Redução do tempo necessário para o acesso ao subsídio de desemprego, de
acordo com o estipulado no Memorando de Entendimento;
- Reestruturação do modelo actual, com vista ao estímulo ao regresso ao
mercado de emprego;

- Efectivar a atribuição do subsídio de desemprego a trabalhadores
independentes e equiparados que tenham efectuado descontos e que
comprovadamente se encontrem na situação de desemprego, a qual deverá estar
sujeita a um rigoroso processo de atribuição e de fiscalização.
Quanto à mobilidade do trabalho, há que prever mecanismos de cedência temporária
de trabalhadores por período de tempo limitado, entre empresas, dependente de
acordo expresso do trabalhador.
Além disso, será levada a cabo uma revisão do Código Contributivo no sentido de
diminuir os custos de trabalho para as empresas e promover o emprego, tendo em
particular atenção a injustiça do Código Contributivo em relação aos recibos verdes
dos trabalhadores independentes.
Nas actuais circunstâncias torna-se mais urgente do que nunca desenvolver uma nova
geração de políticas activas de emprego:
- Rever os conteúdos das ofertas formativas adequando-as às necessidades do
mercado de trabalho, promovendo a sua deslocação para as empresas e permitindo
a estas deduzir os respectivos custos em sede de tributação;
- Identificar as profissões em que a oferta de postos de trabalho não encontra
satisfação do lado da procura de emprego;
- Publicar a lista de profissões em que é previsível virem a verificar-se maiores
necessidades de mão-de-obra;
- Criar programas com o objectivo de promover o acesso ao mercado de trabalho de
jovens com elevadas qualificações que, nas actuais condições, são fortes candidatos
à emigração;
- Lançar um programa destinado à requalificação profissional de desempregados e
direccionado para as profissões em que exista maior inadequação entre a oferta e
procura;

- Desenvolver o recurso ao cheque-formação, facilitando o acesso individual dos
trabalhadores à formação;
- Criar programas dirigidos à inserção de desempregados com mais de 55 anos,
através de acções de formação profissional específica, com o objectivo de fornecer
as competências adequadas para desempenho de funções de apoio social, no
quadro da Rede Nacional de Solidariedade;
- Desenvolver mecanismos de apoio à promoção do próprio emprego e de apoio ao
início de actividade aos níveis da consultadoria, do financiamento e da qualificação;
- Aprofundar, em conjunto com os parceiros sociais, os mecanismos de intervenção
previstos no regime dos Centros de Emprego e Inserção, no sentido de privilegiar o
desenvolvimento de actividades de responsabilidade social e de trabalho
socialmente útil que contribuam para a promoção de uma efectiva integração
profissional de públicos desfavorecidos;
- Confiar a gestão dos Centros Protocolares aos agentes económicos e parceiros
sociais, na base de contratos-programa em que se definam as regras de
financiamento e as obrigações a que os beneficiários se encontram submetidos;
- Sustentar as políticas activas de emprego em programas que visam criar mais
oportunidades para as pessoas, com uma aposta centrada na formação continuada,
proporcionando qualificações transversais. Pretende-se fornecer mais capacidade
de polivalência para a empregabilidade, de modo a responder eficazmente na área
laboral;
- Reforçar a ajuda técnica, nos gabinetes de inserção profissional, para
desempregados com o objectivo de dar a conhecer as possibilidades e incentivos
para a criação do próprio emprego;
- Garantir em alternativa à entrega por uma só vez do remanescente do subsídio de
desemprego a quem cria o seu próprio emprego, a sua suspensão e eventual
retoma em caso de insucesso.

Apoios e incentivos à reestruturação e renovação do tecido empresarial
Este plano tem por objectivo promover um contexto adequado à aceleração do
crescimento económico, da consolidação, reestruturação e criação de empresas e
facilitar o seu funcionamento no quotidiano. Em concreto, visa:
- Constituir Fundos de Capitalização, garantindo a participação do sector
financeiro (via reconversão de crédito em capital) e de outros investidores nacionais e
internacionais;
- Incentivar o reforço dos capitais próprios das empresas;
- Promover junto do sistema financeiro nacional a necessidade de
financiamento das empresas com taxas de juro comportáveis para o seu saudável
desenvolvimento.
- Agilizar processos de criação, reestruturação e extinção de empresas;
- Criar a “Loja da Empresa”, concentrando num local e interlocutor único todas
as funções-chave do Estado para as empresas – finanças, inspecção do trabalho,
segurança social, pedidos de licenciamento, etc.;
- Facilitar o acesso a programas de financiamento para novas empresas com
alto potencial, baseando o incentivo nos resultados obtidos pelo projecto.
- Promover de forma coordenada a “Marca Portugal” nas vertentes “Comprar
Portugal” (mercado interno) e Buy Portugal (mercado externo).

Inovação, Empreendedorismo e Internacionalização
A inovação, o fomento do empreendedorismo e uma maior internacionalização da
economia nacional são objectivos prioritários do Governo. Neste domínio, o objectivo
central é o de tornar Portugal um país de empresas de elevado potencial de
crescimento e de internacionalização. Assim, importa:
- Assumir o cariz estratégico da inovação e I&D junto das empresas em todos os
sectores e em estreita articulação com as instituições nacionais relevantes para o
tema;
- Atrair capital de risco (inicial e de desenvolvimento) junto de instituições
nacionais e internacionais, designadamente através da:
- Promoção da excelência, competências e diferenciação das empresas
e produtos portugueses através da chancela Portugal Excellence
Enterprise junto de investidores internacionais;
- Criação de um fórum digital para apresentação de planos de negócio
a potenciais investidores nacionais e internacionais;
- Criação, em articulação com o sector privado, de uma rede nacionalg
de incubadoras de negócios de nova geração e de um pacote dirigido a
start-ups, incluindo crédito de pequeno montante e micro capital de
risco;
- Reformulação o capital de risco público, concentrando numa única
entidade os vários veículos (Caixa Capital, AICEP Capital e InovCapital);
- Reavaliação dos benefícios fiscais atribuídos aos business angels, em
particular o estudo de um regime fiscal mais favorável e compatível
com o Fundo de Co-Investimento.
- Criar programas de apoio às PME para melhorar a sua gestão estratégica e
operacional;

- Aproximar definitivamente as universidades e a comunidade empresarial,
transformando o modelo de gestão de recursos associados a programas de
inovação, o que incluirá:
- Criar novos incentivos à colaboração entre empresas e universidades;
- Introduzir incentivos salariais para investigadores em função da
capacidade de mobilizar recursos, desenvolver investigação de alta
qualidade, licenciamento de patentes e impacto numa lógica de
cooperação empresarial;
- Criar regime especial de vistos de residência para quadros e
investigadores estrangeiros, incluindo contexto fiscal favorável;
- Estimular a produção de propriedade intelectual em áreas relevantes
de mercado sob a forma de patentes com alto potencial de
licenciamento em mercados internacionais;
- Assegurar que os contratos de confiança com as universidades
incluem metas para a criação de spin-offs, registo e licenciamento de
patentes; introduzir no plano curricular e extra-curricular métodos de
ensino transversais a todas as disciplinas que promovam a criatividade
e o empreendedorismo;
- Promover a criação de incubadoras de nova geração que permitam a
pré-incubação (intra-muros nas universidades) e incubação de
tecnologias e produtos com diferenciação e elevado potencial nos
mercados nacional e internacionais.
- Utilizar a contratação pública para promover a inovação, o desenvolvimento
de PME e criação de start-ups;
- Impulsionar a contratação de produtos, soluções e serviços inovadores por
parte das grandes empresas portuguesas;
- Facilitar o acesso às contrapartidas dos negócios efectuados pelo Estado às
PME como forma de potenciar as parcerias com multinacionais e potencial
desenvolvimento de produtos conexos que possam ser revendidos noutros
mercados;

- Atrair investimento qualificado em I&D de multinacionais a actuar em
Portugal;
- Incentivar e apoiar os esforços de internacionalização, sem esquecer as
missões empresariais, as feiras de comércio e os intercâmbios, e dinamizando
as redes de lojas de exportação;
- Acelerar a transformação das delegações comerciais da AICEP em veículos
efectivos de dinamização de negócios e de apoio às empresas;
- Reforçar a orientação da diplomacia portuguesa para a vertente económica,
em coordenação com a AICEP;
- Desenvolver redes de promotores de apoio ao intercâmbio entre Portugal e
cada país;
- Incentivar as grandes empresas portuguesas com operações internacionais a
utilizarem nas suas operações e investimentos no estrangeiro, produtos e
serviços de PME portuguesas.
- Criar o “Passaporte para a Exportação”, a fim de facilitar o acesso das
empresas a especialistas em comércio internacional, nos sectores e mercados
prioritários;
- Reforçar serviço de one stop-shop para investidores externos;
- Reforço do sistema de apoio fiscal a PME exportadoras através da aplicação
de taxa reduzida de IRC nas receitas internacionais por um período limitado.
O Governo promoverá, sob orientação directa do Primeiro-Ministro, uma
reestruturação dos vários instrumentos e organismos do Estado que intervêm no
âmbito da promoção e atracção do investimento e internacionalização da economia
portuguesa. Pretende-se com esta reestruturação empreender uma maior
coordenação entre a área económica e a dos Negócios Estrangeiros reflectida numa
plataforma comum que fortaleça a diplomacia económica e dê maior abertura e
robustez ao tecido produtivo português.

Recuperação e dinamização dos clusters tradicionais de exportação
É importante desenvolver as infra-estruturas essenciais para a exportação e trabalhar
com as diferentes associações sectoriais para o desenvolvimento das estratégias de
desenvolvimento respectivas e a aplicação consentânea das políticas transversais.
- Tornar mais competitivas as infra-estruturas para a exportação (isto é,
portos, transporte intermodal e ferroviário de mercadorias) e realizar alianças
logísticas com operações globais, para agilizar processos de exportação e reduzir
custos operacionais;
- Promover a definição ou desenvolvimento das linhas mestras da estratégia
de diferenciação e desenvolvimento dos sectores exportadores, no sentido de
reforçar o valor acrescentado nacional.
Aposta na indústria Transformadora e nos bens e serviços transaccionáveis
O Governo compromete-se a implementar uma estratégia destinada a inverter a
desindustrialização do país registada nos últimos anos e promover uma
reindustrialização centrada na competitividade. Neste sentido, o Governo entende que
Portugal tem condições para continuar o processo de subida na escala da cadeia de
valor das actividades tradicionais e para desenvolver novas actividades em certos
segmentos da indústria transformadora. Assim, o Governo actuará no sentido de:
- Estimular o aumento da dimensão das empresas industriais, facilitando, do ponto
de vista fiscal, regulatório e burocrático, os movimentos de concentração e
aglomeração;
- Facilitar os licenciamentos industriais, introduzindo os princípios do balcão único
e do deferimento tácito ao fim do período de tempo razoável (mas limitado), para
assegurar a defesa dos interesses em presença;
- Revitalização das infra-estruturas tecnológicas criadas pelo PEDIP,
designadamente dos centros tecnológicos em articulação com as empresas e
associações empresariais e universidades;

- Revitalização dos laboratórios do Estado das áreas industriais e agro-industriais;
- Apoio à criação de Núcleos de Inovação nas PMEs, e de Centros de I&DT nos
grupos económicos e empresas, devendo as empresas que tenham estes núcleos e
estes centros fazer parte do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN);
- Dinamização dos clusters e pólos de competitividade, ligando universidades,
institutos politécnicos e centros de investigação com empresas e respectivas
associações nos vários sectores da indústria portuguesa;
- Dinamização de um programa Universidade-Indústria;
- Agilização do sistema de incentivos fiscais, concentrando-o no apoio à
Investigação e Desenvolvimento Tecnológico industrialmente orientado e à
inovação empresarial;
- Desenvolvimento do sistema técnico profissional em associação com as
empresas;
- Revitalização das empresas industriais que tenham estratégias de
competitividade sustentada, independentemente do sector em que operam.
Estímulos específicos às Micro, Pequenas e Médias Empresas
O Governo compromete-se a levar à prática o Small Business Act europeu com as
adaptações necessárias às especificidades da economia portuguesa. Em particular, o
Governo irá:
- Promover a criação de novas empresas, o reforço da competitividade, criação de
emprego e apoio na gestão de tesouraria das MPMEs e o seu financiamento. Em
concreto:
- Aproveitar cabalmente os fundos comunitários;
- Dinamizar o recurso a fundos de capital de risco, aos business angels e ao
microcrédito;
- Diminuir e assegurar o cumprimento sem atrasos das dívidas do Estado;
- Atribuir isenções fiscais por recrutamento de desempregados de longa
duração;

- Implementar medidas e acordos para facilitar a cobrança de dívidas
transfronteiriças;
- Reforçar a ajuda técnica, nos gabinetes de inserção profissional, para
desempregados com o objectivo de dar a conhecer as possibilidades e
incentivos para a criação do próprio emprego;
- Concentrar numa única plataforma electrónica informações relevantes
para as MPME;
- Melhorar e desburocratizar os procedimentos da Administração Pública
para uma resposta mais adequada às necessidades das MPME.
Investimento Directo Estrangeiro
A captação do investimento directo estrangeiro, quer para projectos de raiz, quer para
aquisições e fusões, afigura-se essencial para o aumento das exportações, geração de
emprego e melhoria da competitividade nacional.
É, igualmente, tarefa de crucial importância concentrar a gestão de incentivos
nacionais e comunitários, maximizando a sua utilização. Nesse sentido, estabelecem-se
as seguintes linhas orientadoras:
- Adaptar a orientação e a programação dos fundos estruturais e de coesão,
mediante concertação com a Comissão Europeia, em função das novas prioridades
de investimento que contribuam de um modo imediato para os objectivos da
política económica;
- Assumir os fundos estruturais e de coesão como meio para incentivar o processo
de realocação de recursos na economia, alinhando designadamente as
modalidades de comparticipação financeira nos projectos de investimento e os
esquemas de garantias com o propósito de reforçar significativamente o
envolvimento das instituições de crédito;
- Instituir novos mecanismos de co-investimento de capital de risco que permitam
alargar o espectro de investidores nacionais, para além do sector financeiro, e
contribuam para suscitar a participação de investidores internacionais
especializados com capacidade para abrir novos horizontes às empresas;

-aprofundar a articulação com a CGD no desenvolvimento de soluções que
promovam a oportuna absorção dos fundos estruturais e melhor potenciem a
utilização dos recursos públicos, tendo presente a sua vocação prioritária no
financiamento das empresas e a condição de principal investidor nacional de
capital de risco;
- Reconfigurar o modelo de parcerias com a vasta rede de entidades que fazendo
apelo a recursos públicos prosseguem finalidades do interesse geral junto de
agentes empresariais, possibilitando a reconfiguração da natureza do
envolvimento do Estado com ganhos de eficácia.
Transportes, Infra-estruturas e Comunicações
Os transportes, as infra-estruturas e as comunicações são pilares fundamentais de
competitividade para a economia e para as empresas portuguesas, e interagem de
forma determinante com as questões ambientais e energéticas. No domínio dos
transportes, o Governo procurará assegurar a melhoria da mobilidade das pessoas e
das mercadorias, de modo a melhorar as condições de funcionamento da economia,
aumentando a eficiência energética e reduzindo o impacto ambiental. É essencial
tomar medidas que permitam a resolução dos défices operacionais crónicos e das
dívidas financeiras crescentes e insustentáveis, quer do transporte ferroviário, quer do
transporte rodoviário público.
No domínio do transporte ferroviário de mercadorias será, ainda, dada prioridade às
ligações aos portos e centros de produção orientados para o comércio externo,
analisando-se o desenvolvimento potencial da infra-estrutura em bitola europeia, nos
corredores de tráfego internacional. Por outro lado, é urgente prosseguir e intensificar
a modernização das infra-estruturas portuárias e aeroportuárias, designadamente
numa óptica que privilegie a competitividade externa e atractividade do País.
Os investimentos em portos, transportes terrestres, transportes aéreos e infraestruturas
aeroportuárias serão prioritariamente decididos em regime de concessão
ao sector privado, de modo a minimizar o esforço financeiro do Estado e a aumentar a
respectiva eficiência.

O Transporte Ferroviário e o Transporte Rodoviário Público necessitam de resolver
urgentemente uma situação de défice operacional crónico e de dívida financeira
crescente.
Neste sector serão três os eixos de actuação.
- Em primeiro lugar, promover o transporte público e melhorar a eficiência dos
operadores, de modo a alcançar resultados operacionais estruturalmente
positivos. Devem em paralelo ser encontradas formas de minorar eventuais
aumentos tarifários, sobretudo para com os cidadãos de menor rendimento,
através de medidas de discriminação de preços;
- Em segundo lugar, reestruturar a dívida financeira histórica. O plano assentará em
dois pilares: redução da dívida através da alienação de activos não essenciais e da
privatização de participadas;
- Em terceiro lugar, promover uma clarificação do modelo de relacionamento do
Estado com os diversos operadores na área dos transportes, explorando sinergias,
definindo e contratualizando o serviço público e assegurando transparência e
compromisso com melhorias de produtividade.
Em tempo apropriado, o Governo procederá à avaliação da potencial concessão das
linhas e rotas da Carris, STCP e Metro de Lisboa.
No sector do Transporte Aéreo, as empresas públicas têm apresentado uma tendência
para resultados contabilísticos positivos, incluindo resultados não recorrentes, mas
uma frágil estrutura financeira. Os principais desafios neste sector, que mantém uma
escala reduzida no contexto europeu, assentam na definição de um projecto de
crescimento a longo prazo para a companhia aérea e no redesenho e
reenquadramento regulatório do sistema aeroportuário.
O modelo de privatização da TAP será definido dentro dos seguintes parâmetros:
- Manutenção da imagem de “companhia-bandeira”;
- Manutenção das suas principais operações baseadas no aeroporto de
Lisboa;

- Manutenção do serviço de transporte aéreo para as ilhas
No que diz respeito à TAP e à ANA, serão definidos de forma articulada os respectivos
modelos de privatização, ponderando, no caso da ANA, a transferência dos aeroportos
da Madeira e dos Açores para a respectiva tutela.
Infra-estruturas rodoviárias
- Rever o modelo de gestão e funcionamento das Estradas de Portugal, tendo em
vista assegurar a seu equilíbrio económico-financeiro, garantindo a sua
sustentabilidade;
- Rever o Plano Rodoviário Nacional, reajustando-o e redefinindo prioridades,
designadamente tendo em conta os constrangimentos financeiros e orçamentais do
país;
- Melhorar a qualidade das infra-estruturas já existentes, designadamente pela
eliminação de eventuais estrangulamentos à sua rentabilização e contributo para o
reforço da competitividade da economia portuguesa, em particular no tocante às
ligações a portos, aeroportos, centros logísticos, interligação de cidades, etc;
- Reforçar o princípio do utilizador pagador, através da introdução de portagens nas
concessões rodoviárias;
- Reforçar a segurança rodoviária, de modo a que prossiga e se intensifique a
redução da sinistralidade, com especial enfoque nas Estradas Nacionais;
Portos, aeroportos e logística
- Melhorar o modelo de governação do sistema portuário;
- Melhorar a efectiva integração dos portos no sistema global de logística e
transportes;
- Prosseguir e intensificar a modernização tecnológica dos instrumentos de
gestão portuária, tendo em vista aumentar a eficiência dos portos portugueses ( Janela
Única Portuária, Janela Única Logística, etc. );

- Avaliar e renegociar, sempre que tal se justifique, os contratos de concessão
existentes tendo em vista a redução do custo da movimentação das cargas, quer na
exportação, quer na importação;
- Melhorar a atractividade dos portos portugueses, com vocação adequada,
para o reforço da captação dos fluxos turísticos internacionais, promovendo a
existência de terminais de cruzeiro;
- Rever e modernizar o quadro jurídico que rege o trabalho portuário,
tornando-o mais flexível e coerente com as disposições do Código do Trabalho;
- Prosseguir a modernização das infra-estruturas aeroportuárias, reavaliando a
oportunidade de construção de um novo aeroporto na Área Metropolitana de Lisboa;
- Proceder à definição do modelo de privatização da ANA e à sua efectiva
concretização, articulando-o com o modelo de privatização da TAP e ponderando a
eventual transferência dos Aeroportos da Madeira e dos Açores para a competência
das respectivas Regiões Autónomas;
Transportes
- Suspender o projecto de “Alta Velocidade” Lisboa – Madrid. Poderá sujeitar-se
o projecto a uma reavaliação, incluindo o seu conteúdo e calendário, numa óptica
de optimização de custos, à luz dos novos condicionalismos, e que deverá ter em
conta o estatuto jurídico dos contratos já firmados. Uma eventual renegociação só
poderá proceder de uma avaliação deste tipo;
- Elaborar um Plano Estratégico para o sector dos transportes que assegure
uma visão integral e coerente das medidas necessárias para o desenvolvimento e a
modernização dos diferentes modos de transporte, garantindo a sua efectiva
articulação e concorrência;
- Proceder à revisão, modernização e simplificação do quadro regulador do
sector e do seu modelo de governação e regulação;

- Redefinir e estabelecer as prioridades de investimento para o sector dos
transportes, tendo em conta o quadro de restrição financeira e orçamental do País;
- Promover o transporte público, assegurando a efectiva articulação
intermodal, designadamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto;
- Proceder à reestruturação operacional das empresas públicas de transportes,
de modo a melhorar a respectiva eficiência e alcançar resultados operacionais
positivos;
- Proceder à reestruturação da dívida financeira histórica das empresas públicas
de transportes;
- Proceder à definição das Obrigações de Serviço Público de transporte e à
respectiva contratualização;
- Proceder à revisão e simplificação dos sistemas tarifários e ao ajustamento
dos respectivos níveis, sem prejuízo da adopção de medidas de protecção dos
cidadãos com menores rendimentos;
- Redimensionar e requalificar a rede nacional ferroviária, em coerência com o
Plano Estratégico dos Transportes, ponderando as necessidades do transporte de
passageiros e de mercadorias;
- Melhorar as ligações ferroviárias aos portos e plataformas logísticas, avaliando
a possibilidade de desenvolvimento da infra-estrutura em bitola europeia nos
corredores de tráfego internacional, ponderando a disponibilidade de apoios
financeiros no âmbito do QREN;
- Proceder à definição do modelo de privatização/ concessão do operador
ferroviário estatal e à sua efectiva concretização, designadamente na actividade do
transporte de mercadorias e suburbano de passageiros;
- Proceder à avaliação da eventual concessão das carreiras e linhas da Carris,
STCP e Metro de Lisboa;

- Proceder à avaliação do modelo de organização e funcionamento da REFER -
Rede Ferroviária Nacional;
- Proceder à definição do modelo de privatização da TAP e à sua efectiva
concretização, em articulação com o modelo de privatização da ANA;
Telecomunicações e serviços postais
Nas Telecomunicações e Serviços Postais é fundamental criar condições que permitam
melhorar o funcionamento do mercado, designadamente aumentando a concorrência,
o que exige uma regulação mais reforçada e eficaz, designadamente pelo controlo
efectivo do poder dos mercados e de todas as suas externalidades, em benefício da
sociedade. Assim, o Governo irá:
- Proceder à actualização dos respectivos quadros reguladores e à melhoria e
reforço da qualidade da regulação, tendo em vista aumentar a concorrência, em
benefício dos consumidores;
- Proceder ao leilão de novas frequências de rádio para acesso a banda larga
sem fios;
- Adoptar medidas para aumentar a concorrência no mercado das
comunicações fixas, designadamente reduzindo as barreiras à entrada;
- Renegociar o contrato de concessão com a empresa que actualmente fornece
o serviço universal de comunicações e lançar um novo concurso para designação de
fornecedores de serviços universais;
- Proceder à definição do modelo de privatização dos CTT e à sua efectiva
concretização.
Mercado de Arrendamento
Em Portugal, o mercado do arrendamento urbano funciona há décadas de forma
deficiente, o que tem acarretado graves consequências económicas e sociais. O
funcionamento mais eficiente do mercado de arrendamento é condição fundamental,
não só para a dinamização do sector imobiliário, mas também para a mobilidade das
pessoas, a redução do desemprego e a redução do endividamento das famílias, pelo

que os seus mecanismos de funcionamento devem ser gradualmente melhorados.
Estamos conscientes de que não é possível resolver a curto prazo deficiências
acumuladas ao longo de largas dezenas de anos, mas impõe-se a tomada de medidas
facilitadoras interligadas com a promoção da reabilitação urbana e do
desenvolvimento das cidades.
Assim, a curto, a médio e a longo prazo, o Governo propõe-se tomar um conjunto de
medidas com vista à revisão do regime vinculístico, em condições de sustentabilidade
social e à criação de condições de confiança para quem queira colocar imóveis no
mercado de arrendamento. A saber:
- Implementação de um mecanismo extrajudicial de despejo do arrendatário em
caso de incumprimento do contrato de arrendamento, nomeadamente em caso de
falta de pagamento de rendas;
- Introdução de um mecanismo de actualização de renda (dependente das
condições de habitabilidade do imóvel), que permita a sua convergência para
valores mais actualizados, desenhado numa lógica de negociação privada entre
senhorio e arrendatário (acompanhado da estipulação de regras de protecção
social);
- Ponderação da revisão da prorrogação legal forçada dos contratos num horizonte
de 15 anos (acompanhada da estipulação de regras de protecção social);
- Limitação dos casos de transmissão por morte do contrato de arrendamento para
habitação;
- Reforço da liberdade contratual entre as partes na celebração dos contratos de
arrendamento.
Sem prejuízo da eficácia destas medidas, circunstâncias particulares e demonstráveis
de carência devem ser sempre acompanhadas da actuação de mecanismos de
protecção e compensação social que tenham em conta as situações económicas e
sociais específicas dos arrendatários.

Mercado de Energia e Política Energética: Uma Nova Política Energética
Uma nova política energética, que seja mais equilibrada e direccionada para a
resolução dos problemas actuais das empresas, das famílias e do País no seu conjunto,
deverá procurar activamente atingir os seguintes objectivos:
- Garantir fontes de energia final a preços relativamente competitivos,
contribuindo para reduzir os custos intermédios das empresas e aumentar a sua
competitividade nos mercados internacionais;
- Melhorar substancialmente a eficiência energética do País (redução em 25% do
consumo até 2020), com o Estado como primeiro exemplo (redução de 30% do
consumo até 2020), combatendo os desperdícios, contribuindo para a melhoria da
balança de pagamentos e para um mais cabal cumprimento dos objectivos de
sustentabilidade;
- Direccionar consumos para as fontes de energia que façam mais sentido para
Portugal, quando considerada a balança de pagamentos, os custos relativos dessas
fontes de energia e o valor acrescentado nacional de cada uma das opções;
- Garantir um modelo energético de racionalidade económica e incentivos
verdadeiros aos agentes de mercado, adoptando uma trajectória de redução dos
défices tarifários, visando no médio prazo a sua eliminação e procedendo a uma
sistemática e rigorosa reavaliação dos projectos de investimento existentes;
- Reforçar a diversificação das fontes primárias de energia, contribuindo para
aumentar estruturalmente a segurança de abastecimento do País, diminuindo o
risco do preço de determinadas commodities e melhorando os níveis de
sustentabilidade;
- Assegurar o cumprimento dos objectivos de redução das emissões de gases com
efeito de estufa;
- Reduzir a dependência petrolífera do País, objectivo que será alcançado através
do reforço da utilização de biocombustíveis, da aposta no transporte colectivo de
qualidade, e o investimento nos modos ferroviário e marítimo no transporte para a
Europa;

- Promover a competitividade, a transparência dos preços, o bom funcionamento e
a efectiva liberalização de todos os mercados energéticos (electricidade, gás
natural, combustíveis e restantes derivados do petróleo);
- Apoiar o desenvolvimento e internacionalização das empresas do sector
energético, com ênfase na fileira associada a tecnologias renováveis;
- A médio prazo, o Governo tem por objectivo conseguir que Portugal tenha a mais
baixa intensidade na União Europeia;
- Mercados energéticos liberalizados, altamente competitivos, com mecanismos
transparentes de fixação de preços e uma regulação estável e bem aplicada.
Turismo
A estratégia do Governo para o Turismo consubstancia-se na diferenciação e
autenticidade do serviço e do produto, com presença num combinação de mercados
que reduzam as debilidades actuais de concentração em mercados e produtos, através
da incorporação de elementos de inovação, eficiência na gestão dos recursos
financeiros e regulação da actividade, com vista ao reforço da competitividade e massa
crítica dos agentes económicos na cena internacional.
Assim, apresentamos as seguintes medidas:
- Criar mecanismos e instrumentos de apoio às empresas turísticas, agindo sobre
os factores da competitividade empresarial e de criação de valor e
empregabilidade;
- Reforçar a atractividade do Turismo, nomeadamente pela articulação de políticas
com o ordenamento do espaço, o ambiente, os transportes, a saúde, o mar e a
cultura;
- Consubstanciar uma plataforma económica e logística que projecte um mercado
alargado e reforce os fluxos turísticos de raiz atlântica;
- Reforçar a acção reguladora e a visão estratégica partilhada entre actores
públicos e privados;

- Dar maior expressão aos programas de Turismo Sénior, Turismo para Emigrantes
e Turismo para Cidadãos com deficiências e incapacidades, Turismo Religioso e
Turismo de Saúde;
- Apostar no crescimento da receita por Turista, mais importante do que apostar
no aumento massificado do número de turistas.
- Simplificação da legislação do Turismo com agrupamento num Código do Turismo
e das Actividades Turísticas.
Marcas, Mercados e Produtos Turísticos
- Apostar na “Marca Portugal”
- Recuperar mercados estratégicos perdidos e afirmar o mercado interno como
prioritário;
- Promover novos conteúdos de valorização do destino Portugal em cooperação
com as indústrias criativas, com base na história, valores partilhados e
autenticidade do produto turístico.
Agricultura, Mar, Ambiente, Ordenamento do Território
Um grande desafio para Portugal é o de olhar para o território nacional, incluindo o
mar, como uma imensa fonte de riqueza que precisa de ser trabalhada. Um país
empenhado no crescimento económico encontra nos seus recursos naturais e numa
boa organização territorial alicerces sólidos para o seu desenvolvimento. O Governo
compromete-se com a mudança de paradigma que permite ter uma visão integrada do
território e dos recursos naturais, vivos e não vivos, e com a promoção de um
desenvolvimento sustentável que aumente o potencial produtivo agrícola, dinamize o
mundo rural, permita realizar o valor potencial do mar português e encontre na
protecção e valorização do meio ambiente eixos sólidos para o crescimento.

Objectivos estratégicos
Agricultura
- Aumentar a produção nacional com vista a contribuir para a auto-suficiência
alimentar medida em termos globais, ou seja, em valor;
- Aumentar o rendimento dos agricultores, condição essencial para a atracção
de jovens para a agricultura e factor crucial para obter transformações rápidas e
duráveis neste sector;
- Garantir a transparência nas relações produção-transformação-distribuição da
cadeia alimentar e promover a criação e dinamização de mercados de proximidade;
- Valorizar a inovação, o dinamismo e o conhecimento.
Florestas
- Quebrar os ciclos viciosos que persistem na nossa floresta (fraccionamento,
gestão, incêndios e doenças);
- Tornar a floresta um sector potenciador de riqueza, de biodiversidade, de
equilíbrio ambiental e de um bom ordenamento do território.
Mar
- Tornar o mar um vector essencial do desenvolvimento português,
contribuindo para repensar o conceito estratégico de Portugal;
- Promover a interoperabilidade entre os múltiplos sectores ligados às
actividades marítimas num conjunto de áreas que têm um papel de suporte e

sustentação das cadeias de valor dos componentes prioritários: os serviços marítimos
e portuários, a construção e reparação naval e as obras marítimas;
- Defender o sector das pescas e promover a aquicultura num enquadramento
de sustentabilidade.
Ambiente
- Desenvolver um território sustentável;
- Resolver os problemas ambientais de primeira geração (água, saneamento,
resíduos e contaminação dos solos);
- Implementar a nova geração de políticas ambientais europeias (assentes na
internalização dos custos ambientais na economia), respondendo aos desafios
emergentes;
- Desenvolver uma nova carteira de actividades económicas baseadas nas ecoinovações
e nas tecnologias limpas.
Ordenamento do Território
- Promover um território inteligente, actualizando as políticas de urbanismo e
ordenamento do território;
- Promover um território facilitador da mobilidade social, actualizando os
regimes de arrendamento e de reabilitação urbana;
- Promover um território competitivo, através de políticas para a maior
competitividade e o maior bem-estar;
- Promover a justiça e a competitividade associadas ao território.

Medidas
Agricultura
O Governo compromete-se a aproveitar na totalidade as verbas destinadas a apoiar o
rendimento dos agricultores (RPU), exclusivamente financiadas pela União Europeia.
Empenhar-se-á por isso na realização, tão breve quanto possível, de um acordo com a
Comissão Europeia, de modo a certificar o procedimento português quanto à
fiscalização de ajudas directas, evitando novas penalizações.
O Governo compromete-se a assegurar a comparticipação nacional necessária para
concluir o PRODER, co-financiado pela UE até 2015, bem como a proceder a uma
revisão rápida do PRODER em colaboração com a Comissão Europeia, simplificando-o e
reorientando-o para o aumento e melhoria da produção agrícola e florestal, com base
nos critérios de valoração relativa dos projectos, privilegiando a viabilização e não
exclusivamente a competitividade, tendo em conta a diversidade regional e alterando
o procedimento de apresentação dos projectos, que passará a recepção
tendencialmente contínua e deixará de ser por períodos fechados.
O Governo compromete-se a incentivar o desenvolvimento em rede das empresas
agrícolas (com a adesão espontânea de pequenos e médios agricultores) e a criar um
estatuto jurídico flexível e um enquadramento fiscal e financeiro adequado, de forma a
promover a melhoria da produtividade das explorações de menor dimensão.
Compromete-se também a repensar os tradicionais incentivos ao emparcelamento.
O Governo assume o papel de facilitador do desenvolvimento agrícola no seu modo de
actuação e de relacionamento com os agricultores, consciente da diversidade e
sensível às diferenças entre os vários tipos de agricultura que necessitam de políticas
específicas a médio e longo prazo.
O Governo compromete-se a valorizar e a aproveitar os seus recursos humanos para as
actividades prioritárias: planeamento, financiamento, acompanhamento, fiscalização e
reestruturação dos serviços administrativos de apoio à agricultura.

O acesso a informação relevante é também uma preocupação central do Governo, que
se empenhará em assegurar um apoio técnico, permanentemente disponível e
actualizado à produção agrícola a florestal, e a dar uma resposta aos agricultores
concentrada e mais próxima, o que passará também por uma transferência gradual de
serviços de rotina para as Associações de Agricultores.
O Governo irá acompanhar todo o debate e aprovação da PAC 2014 – 2020, devendo
manter a defesa de uma distribuição mais equitativa dos recursos financeiros entre os
Estados-membros, na manutenção das quotas leiteiras e na possibilidade de
manutenção de ajudas ligadas à produção em zonas com restrições naturais.
De igual modo, o Governo irá acompanhar com grande proximidade a preparação do
programa de investimentos de apoio comunitário e respectiva legislação para o
período pós-2013, incluindo a regionalização do RPU. A elaboração deste programa,
com a participação das associações de agricultores e empresas, deverá assentar nas
seguintes linhas: simplificação administrativa das candidaturas, incluindo
discriminações positivas para jovens e pequenos agricultores, continuação da aposta
nos investimentos nos diversos tipos de explorações, apoio aos sistemas de agricultura
típicos do nosso país, como responsáveis pela preservação das paisagens e recursos
naturais e desenvolvimento rural.
Visando o acréscimo da competitividade, o Governo procurará gradualmente criar
condições concorrenciais competitivas com os nossos parceiros europeus; investir nas
produções vegetal e animal, agro-industrial e indústrias de base florestal; apostar no
desenvolvimento rural resistindo às pressões de desenvolvimento assimétrico. Será
por isso valorizada a multifuncionalidade, designadamente novos usos e explorações
sustentadas da terra, como são os exemplos de produções de alta qualidade
(agricultura biológica e produtos tradicionais) e a produção de biomassa, assim como a
preservação das paisagens típicas, dos recursos naturais, da biodiversidade, dos
habitats rurais, discriminando de modo positivo as regiões desfavorecidas.
Aumentar a produção implica também aumentar a disponibilidade de terras a custo
comportável para a agricultura. O Governo irá, por isso, criar uma bolsa de terras, que

estimule os agricultores, quando não tenham capacidade ou condições para explorar
as suas terras, a cedê-las de forma voluntária, fomentando o mercado do
arrendamento rural. De igual modo, pretende-se permitir a concessão aos agricultores,
através da celebração de protocolos, das infra-estruturas e terras que não estão a ser
aproveitados pelo Estado, dando-se prioridade às associações de agricultores e aos
jovens agricultores.
O Governo compromete-se a valorizar a formação e conhecimento dos agricultores.
Neste contexto, a aproximação entre os cientistas, formadores e formandos, com a
participação das universidades, dos institutos politécnicos e de investigação e
associações de agricultores desempenha um papel central. O Governo empenhar-se-á
em alterações importantes nas áreas do ensino e da investigação para que se produza
melhor e para que a produção seja mais competitiva e ambientalmente sustentável.
Atento aos novos mecanismos de mercado e à necessidade de assegurar
transparência, o Governo promoverá a criação de organismos interprofissionais e, em
colaboração com o poder local, estará empenhado no desenvolvimento de mercados
para a comercialização de produtos locais e de qualidade superior.
Florestas
Para garantir o equilíbrio do tecido florestal e combater o fraccionamento que leva ao
seu abandono, o Governo compromete-se a promover o associativismo florestal, o
emparcelamento funcional e a gestão colectiva. Nesse sentido, o Governo irá
redinamizar as ZIFs (zonas de intervenção florestal) com consistência e atractividade.
O Governo fará o indispensável cadastro florestal e empenhar-se-á na criação de um
mecanismo de segurança e de gestão de riscos, com o apoio da União Europeia e em
conjunto com as seguradoras, para reduzir substancialmente os riscos de incêndios
florestais. O Governo assume como verdadeiras prioridades combater o declínio dos
povoamentos suberícolas, bem como envidar todos os esforços para o combate ao
nemátodo do pinheiro.

O Governo empenhar-se-á no aproveitamento do PRODER para a floresta,
actualmente com um grau de aproveitamento verdadeiramente residual.
Mar
O Governo propõe-se a incentivar a produção de pensamento estratégico sobre o mar
e que permita um conhecimento sistemático sobre as actividades e os mercados
respectivos; a elaborar planos de alimentação, englobando os planos e medidas para
as componentes com um papel de estruturação, inovação e alimentação das condições
futuras de desenvolvimento sistemático do hypercluster; a actuar nos sectores dos
portos, logística e transportes marítimos; a incentivar o desenvolvimento das pescas,
aquicultura e indústria do pescado, apostando também na formação de uma nova
classe de profissionais; a promover a actuação empresarial conjunta, no respeito
escrupuloso das regras de concorrência; a actuar no domínio da náutica de recreio e
turismo náutico, promovendo a criação de centros de mar ao longo da nossa costa; a
divulgar a cultura marítima, através da visibilidade, comunicação e imagem/cultura
marítima; a actuar nos sectores relativos à energia, minerais e biotecnologia, nos
serviços marítimos, nomeadamente incentivar a construção e reparações navais; a
actuar no domínio das obras marítimas, promover a investigação científica, inovação e
desenvolvimento, actuar no domínio do Ensino e Formação das actividades ligadas ao
mar, nas regiões do País de maior vocação marítima, intervir na defesa e segurança no
mar e promover o ambiente e conservação da natureza.
Relativamente ao sector das pescas, o Governo aposta numa mudança cultural que
nos permita relançar o sector pesqueiro ao nível da competitividade mundial. Para tal,
iremos acompanhar a política comum de pescas, defendendo o interesse nacional nas
negociações e revisões dos planos de pesca para espécies específicas e
desenvolveremos acções junto da Comissão Europeia e de países em que existem
acordos bilaterais para promover planos de pesca adequados. O Governo
compromete-se igualmente a acelerar a execução do programa comunitário de
investimento na pesca – PROMAR.

Ambiente
O Governo irá promover as seguintes medidas:
- Combater as alterações climáticas e desenvolver uma economia de baixo carbono,
apostando na mitigação através da redução das emissões nacionais e na participação
nos mecanismos internacionais;
- Inaugurar uma nova estratégia para a conservação da natureza e biodiversidade,
apostando na valorização económica dos recursos naturais e dos serviços dos
ecossistemas e na revisão do modelo de gestão das áreas classificadas;
- Dar um novo impulso à política e à gestão dos recursos hídricos, concretizando e
implementando o planeamento hidrológico em atraso (Planos de Ordenamento das
Bacias Hidrográficas e Plano Nacional da Água);
- Criar um Plano Nacional de Acção para o Uso Eficiente da Água, visando enfrentar a
escassez e degradação dos recursos hídricos, vinculando todos os sectores a metas de
redução do consumo;
- Reformular o modelo institucional de gestão dos recursos hídricos, de modo a
agregar competências e articular, no terreno, as diversas políticas sectoriais,
materializado na fusão e integração de organismos da administração directa e
indirecta do Estado, com ganhos de eficiência e eficácia;
- Garantir a implementação plena da Directiva-Quadro da Água ao nível da qualidade
da água;
- Reorganizar o sector do abastecimento de água e saneamento de águas residuais,
com prioridade para a sustentabilidade económico-financeira do sector;
- Prosseguir a identificação e resolução do défice tarifário, a revisão do sistema de
tarifas, a abertura à participação de entidades públicas estatais ou municipais (bem
como de entidades privadas na gestão do sistema), a promoção da eficiência, a

integração vertical e o agrupamento de sistemas exigentes, a adequada manutenção
de redes e equipamentos antigos e a prevenção da construção de capacidade
desnecessária;
- Promover a sustentabilidade da política e do sistema de gestão e tratamento de
resíduos, implementando efectivamente a hierarquia dos 3Rs (redução, reutilização e
reciclagem); autonomizar o subsector dos resíduos no seio do Grupo Águas de Portugal
e implementar as medidas necessárias à sua abertura ao sector privado;
- Privilegiar soluções de valorização energética de resíduos não recicláveis e refugos
com potencial energético, a promoção da reintrodução dos materiais recicláveis e
subprodutos como matérias-primas secundárias e a promoção de um mercado
efectivo para os Combustíveis Derivados de Resíduos;
- Optimizar soluções de tratamento e valorização de resíduos industriais perigosos já
existentes;
- Definir programas específicos para o problema da contaminação histórica dos solos;
- Apostar na ecoeficiência e rever a fiscalidade ambiental;
- Implementar um Sistema Local de Índices de Sustentabilidade ao nível municipal;
- Rever a Lei de Bases do Ambiente, a Lei dos Solos e os instrumentos legislativos;
promover a adopção de comportamentos mais sustentáveis; coordenar e integrar
efectivamente as políticas e os interesses ambientais e de sustentabilidade nas outras
políticas e estratégias sectoriais com relevante impacto nos recursos naturais e
sistemas ecológicos.
Ordenamento do Território
O Governo irá promover a simplificação do modelo institucional de ordenamento do
território, procurando:

- Diminuir entidades sectoriais com intervenção no âmbito dos processos de gestão
territorial e de gestão urbanística;
- Acabar com as situações de duplas autorizações e pareceres vinculativos, suprimindo
situações de sobreposição de protecção dos recursos naturais, conferida por
diferentes regimes;
- Concentrar competências em matéria de ordenamento do território e gestão
urbanística;
- Optar por um único interlocutor para os municípios e um único interlocutor para os
munícipes.
O Governo irá promover, igualmente, o ordenamento, a protecção e a valorização do
litoral e a ordenação, protecção e valorização do espaço marítimo.
No âmbito de uma nova abordagem da política de cidades, o Governo irá combater o
crescimento assimétrico das cidades e os graves desequilíbrios no ordenamento do
território e promover o agravamento da penalização em sede de IMI para fogos e
edifícios devolutos; a dedução aos rendimentos prediais das despesas de reparação de
edifícios; a simplificação dos procedimentos para o licenciamento de obras de
reabilitação urbana; o estímulo à constituição de Fundos Imobiliários de Reabilitação
Urbana; o aperfeiçoamento da Política de Reabilitação Urbana, para que seja
socialmente mais justa, bem como ao repovoamento dos centros urbanos; a
simplificação do regime da reabilitação urbana, no que se refere à criação e
delimitação das Áreas de Reabilitação Urbana (ARU); a inclusão no regime da
reabilitação urbana das “operações de reabilitação urbana isoladas”; e a promoção de
um quadro fiscal, tanto quanto possível, favorável ao arrendamento.
Neste âmbito, o Governo irá:

- Estimular a implementação de um novo paradigma para a mobilidade urbana
(incluindo a mobilidade eléctrica), fomentando em simultâneo a utilização do
transporte público;
- Estimular a consolidação de uma estratégia municipal que seja o garante da definição
e implementação de uma visão estratégica;
- Promover a articulação supramunicipal;
- Dinamizar a utilização dos instrumentos de gestão estratégica pelos municípios;
- Promover alianças e parcerias estratégicas entre municípios e actores privados;
promover a inserção em redes regionais e internacionais;
- Desenvolver e dinamizar, em cada município, sistemas de monitorização de
desempenho;
- Promover a optimização da despesa através de análises custo-benefício;
- Optimizar as estruturas de gestão e serviços públicos, no sentido da obtenção de
economias de escala e maior eficiência;
- Reforçar a articulação com as universidades e os politécnicos a nível regional;
- Criar modelos e regimes de gestão mais flexíveis adaptados à boa gestão de projectos
municipais que facilitem a promoção do investimento;
- Adequar a Lei das Finanças Locais com vista a uma economia competitiva;
- Dinamizar a notação de rating para os municípios e suas operações de financiamento
com dimensão relevante;
- Auditar regularmente as contas consolidadas dos municípios, integrando as empresas
municipais e outras entidades e eles ligadas;
- Implementar um Programa Nacional de Promoção de “Agendas 21” locais;

- Promover a constituição de ecossistemas locais e regionais de inovação e
empreendedorismo, bem como lógicas de pólo/cluster;
- Promover o envolvimento do sector privado na governança competitiva das cidades e
dos sistemas urbanos;
- Identificar, formular e promover projectos estruturantes de apoio ao
desenvolvimento competitivo que tornem o nosso território mais inteligente.
 

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terça-feira, junho 28, 2011 - 15:41

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