Um festival de violência gratuita

Se a refilmagem do clássico Halloween já chamava a atenção por fazer a violência tomar o lugar do suspense que deixava  o espectador tenso, a sua continuação,  filmada em 2009, é um festival de violência gratuita e de extremo mau gosto, que entedia em vez de assustar, além de termos a impressão de que o sangue invadirá a tela. Nesta continuação, Laurie Strodie está tentando, dentro do possível, levar uma vida o mais normal possível,vivendo com o xerife e sua amiga, também sobrevivente de Michael Myers, fazendo terapia, tomando remédios e tendo pesadelos em que ele reaparece para completar o seu objetivo de matá-la. 
Já o doutor Samuel Loomis está faturando alto, lançando um livro no qual conta sobre sua experiência como psiquiatra de Michael e fala da chacina ocorrida em Haddonfield no Halloween do ano anterior. Aliás, Haddonfield está se preparando para o Halloween. Todos pensam que Michael Myers está morto, embora seu corpo esteja desaparecido. 
Aliás, eles logo saberão que Michael está bem vivo, perambulando como um morto-vivo pelas cidades, matando quem encontrar pelo caminho e tendo alucinações com sua mãe, que lhe aparece como um espírito, dizendo-lhe que ele deve voltar a unir a família. A visão da mãe descaracteriza mais ainda a tese de que Michael é um psicopata, a encarnação do mal. Em vez disso, ele parece mais um insano, alguém que acredita que a mãe o está incumbindo de uma missão. De uma forma estranha, parece Norman Bates de Psicose ou o Ed Gein, que matava mulheres por acreditar que sua mãe morta ordenava que ele o fizesse. 
Além da violência excessiva, esta continuação de Halloween é cheia de falhas e a caracterização dos personagens é péssima. A Laurie vivida por Scout-Taylor Compton é muito fraca, em nada lembra o perfil de uma heroína por quem os espectadores vão torcer para viver e escapar do irmão assassino, como a de Jamie Lee Curtis. Se, no primeiro filme, ela parecia apenas uma adolescente fútil e despreocupada, neste, ela lembra alguém que está mergulhando aos poucos na loucura. O dr. Loomis também é um belo exemplo de como atropelar a ética médica. Enquanto o de Donald Pleasance  era um homem sério e compenetrado na sua missão de deter Michael, a quem via como o mal personificado, o de Malcolm Macdowell é um oportunista que está conquistando fama em cima das mortes que seu antigo paciente provocou. E isto enraivece os psiquiatras sérios,que têm um compromisso com a ética profissional.
A propósito, este Michael Myers está totalmente descaracterizado. Apenas se destaca dos outros que já apareceram nas telas porque Tyler Mane, com seus dois metros, é o ator mais alto a interpretar o terrível assassino. Enquanto o Michael Myers dos outros filmes, dirigidos por John Carpenter, é calculista e age com calma e fria premeditação, este age como um selvagem, matando como se estivesse possuído pelo espírito de uma besta-fera.
Durante o filme, somos brindados com cenas sangrentas e cansativas. Como os personagens que aparecem no caminho de Michael não nos despertam simpatia, já sabemos muito bem que vão morrer. Assim, as aparições de Michael para matá-las não nos pega de surpresa e acompanhamos as suas matanças quase dando bocejos tanto tédio.
Que o diretor Rob Zombie não queira fazer outra continuação, já que, com estes dois filmes, ele conseguiu o que ninguém conseguiu nas telas: desmoralizar o personagem que foi pioneiro dos filmes slasher.