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APÓLOGOS XII

12

O leão caçando com o burro

(Traduzido do mesmo)

Fez annos o leão, quiz ir á caça,
E a d'elle não costuma ser escaça:
Não consiste em pardaes, em bagatellas,
Mas em bons javalis, e em corças bellas.
O rei dos bosques próvido, e discreto,
Para sortir effeito o seu projecto,
Chama o burro, animal de voz não fina,
E o burro vai servir-lhe de bozina.
Elle ao posto o conduz, cobre-o de ramos,
Ordena-lhe que zurre, e a seus reclamos
Crê que inda os mesmos brutos, que dão provas
De atroz braveza, fugirão das covas.
Não era aquella tropa ainda usada
Ao fragor de asinina trovoada:
No ar o espantoso orneio em fim resôa,
Vaga o terror, e as grutas despovôa:
Tremendo, a turba agreste alonga o passo;
Foge tudo, e fugindo, eis cáe no laco,
Onde os espera a garra penetrante.
«Então, que tal, que tal ? Não sou chibante ?»
(Diz o burro ao leão, co'a fronte alçada,
Arrogando-se a gloria da cacada.)
«Trôas (volta o leão) trôas deveras,
E se não conhecesse quem tu eras,
Eu mesmo com teus zurros me assombrava.»
O burro, se podesse, resmungava,
E tinhamos harenga, inda que havia
Motivo para aquella zombaria;
Pois quem ha de soffrer, quieto, e mudo
Que um, que não vale nada, arrote em tudo ?
Quem soffrerá que audacia o burro affecte ?
Caracter fanfarrão não lhe compete.

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domingo, outubro 11, 2009 - 16:24

Poesia Consagrada :

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Bocage

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