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APÓLOGOS XVIII

18

Os cães domesticos e o cão montanhez

Affirma escriptor antigo
Que lá n'um grande sertão
Tres cães perdidos na caça
Viram sósinho outro cão.

Que este era côr de azeviche,
Aquell'outros côr de neve
(Porque isto faz muito ao caso)
Primeiro notar-se deve.

Nascêra de lãs forrado
O tal cão, e era montez:
Tinham pello muito fino,
E eram da cidade os tres.

«Um d'elles, o mais disposto
Afazer qualquer aggravo,
Dsse para o bom camponio:
Oih amigo, és nosso escravo.»

Ao som do termo affrontoso
Que os ouvidos lhe offendeu,
O rustico alçou a orelha,
Rosnou, e se enfureceu.

Queria lançar-se a elles,
Mas tinha ouvido uma vez:
— Nem Hercules contra dous,
E inda menos contra tres. —

Em fim, co'um ar espantado
Lhes disse o pobre lapuz:
«Eu captivo! Porque crime?
Vós senhores! Com que jus?»

O valentão já citado
Dá um pulo, e de repente
Ao miseravel responde,
Arreganhando-lhe o dente:

«O nosso jus é a força,
O teu delicto é a côr.»
De homens pretos, e homens brancos
Cuido que falia este auctor.

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domingo, outubro 11, 2009 - 16:34

Poesia Consagrada :

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Bocage

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