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Arte Poética - Capítulo VIII
Unidade de ação
O que dá unidade à fábula não é, como pensam alguns, apenas a presença de uma personagem principal; no decurso de uma existência produzem-se em quantidade infinita muitos acontecimentos, que não constituem uma unidade. Também muitas ações, pelo fato de serem realizadas por um só agente, não criam a unidade.
2. Daí parece que laboram no erro todos os autores da Heracleida, da Teseida<1> e de poemas análogos, por imaginarem bastar a presença de um só herói, como Heracles, para conferir unidade à fábula.
3. Mas Homero, que nisto como em tudo é o que mais se salienta, parece ter enxergado bem este ponto, quer por efeito da arte, quer por engenho natural, pois, ao compor a Odisséia, não deu acolhida nela a todos os acontecimentos da vida de Ulisses, como, por exemplo, a ferida que recebeu no Parnaso ou a loucura que simulou no momento da reunião do exército;<2> não era necessário, nem sequer verossímil que, pelo fato de um evento ter ocorrido, o outro houvesse de ocorrer. Em torno de uma ação única, como dissemos, Homero agrupou os elementos da Odisséia e fez outro tanto com a Ilíada.
4. Importa pois que, como nas demais artes miméticas, a unidade da imitação resulte da unidade do objeto. Pelo que, na fábula, que é imitação de uma ação, convém que a imitação seja una e total e que as partes estejam de tal modo entrosadas que baste a supressão ou o deslocamento de uma só, para que o conjunto fique modificado ou confundido, pois os fatos que livremente podemos ajuntar ou não, sem que o assunto fique sensivelmente modificado, não constituem parte integrante do todo.
1. ↑ Apenas alguns fragmentos e nomes de personagens chegaram até nós destes poemas cíclicos. Eram conhecidos entre os séculos VII a.C. e V a.C.. Os personagens principais eram Heracles, herói dório, e Teseu, o herói ateniense. Eram coletâneas de poemas, escritas por vários poetas conhecidos, entre os quais sabe-se que estavam incluídos Pisandro de Rodes (séc. VII a.C.), Paníase de Samos (séc. V a.C.), Baquídiles de Ceos (sécs. VI a.C. e V a.C.)
2. ↑ Esse ponto é bastante discutido, porque a Odisséia contém a parte em que Ulisses é ferido na perna por um javali, no monte Parnaso, sendo posteriormente reconhecido por sua ama Euricléia, que o identifica justo ao observar a ferida. Por alguma razão — esquecimento, ou porque a edição de que dispunha não trazia esta cena —, Aristóteles diz que ela não fora mencionada por Homero. Assim também, quanto à loucura fingida por Ulisses, que Aristóteles menciona também não estar presente na Odisséia, a informação é errônea.
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