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ELOGIOS IV

4

Aos annos do mesmo Senhor

(Recitado no Theatro da rua dos Condes, em 18 de Maio de 1801)

Honra, Patria, Virtude! Oh Leis! Oh Throno !
Objectos venerandos, majestosos,
Lustrae na escuridão, que abrange o mundo,
Do vate a phantasia erguei de abysmos.

Em tanto que no céo renasce o dia,
Dia eterno, sem par nos lusos fastos,
Mordendo-se, escumando, Erynnis vôa
Ante o carro fatal do deus das armas,
Onde nuvens de horror gotejam sangue.
Na truculenta mão rodêa o facho,
Cresta os Favonios, as delicias varre.
De sanhudos leões ondêa a coma,
Longo rugido horrisono rebrama,
Pelos troncos se amolam, dentes, garras.
O bronze aloja em si rivaes do raio;
No espectaculo atroz, na scena infesta,
Sedentas de um futuro ensanguentado,
A.s Furias se embellezam, ri-se a Morte...
Debalde rebentaes, vulcões do inferno,
Longe, agouros crueis! Lysia não treme,
Lysia será qual foi, qual é no globo,
Mãe de heróes, das nações a flôr, o esmalte,
Da virtude esplendor, da gloria templo,
Pomposo torreão de férrea base;
Lysia embraça o pavez de eternos Fados:
Se Lysia baquear, baquêa o mundo:
Um Deus não é perjuro, um Deus não mente.

Range os dentes Ismar, anhéla a preza,
Urram de Lybia os monstros, amotinam
O mar, a terra, o céo com grita horrenda:
Eis que de rosea côr se reste o pólo,
O ar, porque espera um Deus, o ornato apura.
Assoma o recto, o sabio, o grande, o Tudo!
Vacilla a Natureza ao pezo enorme:
Me olha, e d'este olhar vê campo, e campo.
Reluz o amor, o esforço, a fé nos lusos,
Na bruta multidão negreja o crime;
Da traição, da avareza os genios torvos,
As serpes da blasphemia, em roda aos impios,
Por aqui, por ali sibilam, trôam.

A voz, freio aos tufões, ameiga o Nume;
Ao guerreiro christão, que os seus inflamma,
0 triumpho assegura, e fada os lusos.
Ao solio portuguez submette os tempos,
Co'a sacro-santa mão lhe descortina
Fervendo o Granges por ceder-lhe as palmas;
D'elle homenagem recebendo o Tejo,
Ufano recostado á urna de ouro;
Montanhas de trophéos, ao longe, ao perto,
E sempre illustre a paz, illustre a guerra.

Desapparece o Deus, mas fica Affonso,
E de Affonso no ferro espantos brilham:
Sáe d'elle estrondo, morte, horror, victoria,
Não soffre arnez, escudo, é raio o ferro,
E cada portuguez leão se ant'olha,
Que, rebanhados touros assaltando,
Atassalha, desfaz, estróe, devóra.

Lá nos ares de Ourique inda vaguêam
Sagrados éccos da palavra augusta,
E das turbas fieis, do heróe terrivel
Inda o marcio rebombo estruge os valles.

Eia, enleva-te, oh Lysia, em teus destinos!
Um Deus te perfilhou, te dá, te escuda
Os dias de João, saudaveis dias,
Claros, celestes, como a luz que, eterna,
Que, immensa, resplandece além dos astros.
Quaes foram teus avós serão teus filhos,
Leaes, ardentes, invenciveis, grandes.
Nos olhos de João se nutre a gloria;
Basta volvel-os: heroismo é tudo.

Virá, virá de novo a paz mimosa
Com sorriso gentil dourar teu clima;
As Furias outra vez aferrolhadas
Na masmorra infernal darão bramidos.
Em quanto do aureo Tejo á lisa margem
(No formoso terreno, onde se encantam
Flora, as Graças, Amor, Favonios, Musas),
Hymnos mandando ao céo teus povos ledos,
Sentirão palpitar, ferver no peito
Branda ternura, que humedece os olhos,
pranto mais dôce, mais fiel que o riso;
E sem que a gloria nas delicias turve,
Transportado verá banhar teu seio
Correntes do prazer, de que é a origem,
O magnanimo heróe, da pátria nume,
Esse, em cujo natal florece o mundo,
João, mimo d'um Deus, d'um Deus imagem.

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domingo, outubro 18, 2009 - 20:27

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