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ELOGIOS XXI

21

Ao publico, em nome
de uma actriz do Theatro da Rua doa Condes

(Anno de 1805)

A Musa, que nas scenas de Ulysséa,
Não sem gloria, ajustava o métro á lyra,
De Elmano o só thesouro (a socia mesta
Da, quasi muda cinza, aérea sombra)
Inda um salvé tremente á luz envia,
E dá versos á patria, ou dá suspiros,
Da nobre Gratidão pelo orgão puro.
Oh Lysia ! Escuta os sons, talvez extremos,
Que do seio affanoso, a custo, exhala:
(O cysne divinisa os sons na morte)
Ouve, em métro não baixo, ouve alto affecto,
Que me honra o coração, na voz me ferve,
E na patrio favor a ardencia nutre.

Recente arvoresinha em chão bravio,
De humor celeste definhando á mingoa,
(E mimosa jámais de um sol fagueiro)
Eu para a terra, para a mãe pendia,
Que os succos mesquinhava ao tenro arbusto,
Talvez de produzil-o arrependida,
Eis braço, a que apiedou meu ser já murcho,
Me extráe, propicio, do terreno avaro,
E em liberal torrão me põe, me arreiga.
Subito esperta, subito enverdece
A planta moribunda, e qual se, oh Lethes,
Aferrasse a raiz nas margens tuas,
Que das Furias o bafo esterilisa.
Influxo animador me altêa, e fólha;
Halito ameno de vivaz Favonio
Com macios vaivéns me embala os ramos,
Flôres me adornam, fructos me ataviam:
Os sorrisos da patria, os mimos d'ella
Estas boninas são, são estes fructos.
Das trevas, e da morte as aves feias,
(De atra voz, em que o Fado ás vezes sôa)
Fogem d'entorno a mim, carpindo agouros,
Nas agras, negras furnas vão sumir-se;
E na coma louçã gorgêa encantos
Teu cantor, Primavera, o vosso, Amores.

Quanto sou, quanto valho, a Lysia devo,
E a Lysia o coração na voz consagro.
Acólhe com ternura, acólhe, oh patria,
As off'rendas por mim do triste vate,
Que para te cantar surgiu da morte,
E em ancias balbucia o tom dos numes:
Honra déste ao cantor, dá honra ao canto.

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domingo, outubro 25, 2009 - 15:56

Poesia Consagrada :

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Bocage

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