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FASTOS DAS METAMORPHOSES IV

A gruta da Inveja

(Traduzido do Livro II)

É a estancia da Inveja em grata enorme,
Lá n'uns profundos valles escondida,
Aonde o sol não vae, nem vae Favonio.
Reina ali rigoroso, eterno frio,
De humidas, grossas nevoas sempre abunda.
O monstro vive de vipereas carnes,
Dos seus tartáreos vicios alimento.
Da morte a pallidez lhe está no aspecto,
Magreza, e corrupção nos membros todos;
Olha sempre ao revez; ferrugem torpe
Nos asquerosos dentes lhe negreja;
Vê-se o fel verdejar no peito immundo,
Espumoso veneno a lingua vérte:
Longe o riso lhe jaz- dos negros labios,
Só se nos mais ha pranto ha n'ella riso,
Em não vendo chorar lhe acode o chôro:
Não gosa de repouso um só momento,
Os cuidados que a roem não soffrem somno:
Mirra-se de pezar, ao vêr nos homens
Qualquer bem; rala, e rala-se a maligna,
E' verdugo de si, odio de todos.

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domingo, novembro 1, 2009 - 20:49

Poesia Consagrada :

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Bocage

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