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FASTOS DAS METAMORPHOSES XX
A alma de Julio Cesar mudada em Cometa (Traduzido do Livro XV) Da tua morte, oh César, teve o mundo Não duvidosos, tétricos presagios. E' fama que em fulmineas, atras nuvens Tubas horrendas, armas estrondosas, Duros clarins os pólos atroaram, Do negro parricidio anuncios dando; E' voz geral tambem que o Sol tristonho Um pallido clarão mandava á terra, Que nos ares arder se viram fachos, E em chuveiros cair sanguineas gotas; De ferrugineo véo surgir a Aurora, De sangue o carro teu vir tinto, oh Lua. Com dolorosos sons o môcho esquerdo Logares mil entristeceu de agouros, N'outros mil o marfim se viu chorando. Foram cantos, e vozes de ameaço Sentidos nas florestas consagradas; Aceita aos numes vitima não houve: Feros tumultos, iminentes males Tinham na reta fibra aparecendo; Achou-se nas fatidicas entranhas Decepada cabeça gotejante; No fôro, em torno aos templos, ante os lares Os cães noturnos ulular se ouviram, Roma tremeu, por ela andaram sombras. Tolher o efeito de vindouros fados, De medonha traição tolher o efeito Não puderam do céu com tudo avisos. Entram punhaes sacrilegos no templo: Que teatro da barbara tragedia, Da ação nefanda, o teu Senado, oh Roma ! A alma Venus, porém, baixando á curia, Entre os conscriptos invisivel pára, Em quanto da perfidia os golpes fervem. Eis de Cesar o espirito arrebata Sem dar tempo a que em ar se desvaneça, Quer apural-o nos ethereos lumes. Erguendo-o, vê que a luz, vê que se inflama : Ela o solta, ele vôa além da Lua. De acceza grenha, de espaçosa cauda, No céu girando, resplandece estrela.
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