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GLOSAS VIII

8

Eu quero bem á Desgraça,
Que sempre me acompanhou;
Tenho aversão á Ventura,
Que no melhor me faltou.

GLOSA

Deuses! Commigo indignados,
Meneando a sacra mão,
Vertei no meu coração
Milhões de acerbos cuidados:
Exemplar dos malfadados
O vosso rigor me faça;
Persiga-me a Sorte escassa,
Que não me obriga a queixume:
Não, deuses, não ; por costume
«Eu quero bem á Desgraça.»

Esta deidade sombria,
Em cujo livido rosto
Nunca resplandece o gosto,
O riso, a paz, a alegria:
Apenas a luz do dia
Os olhos meus illustrou,
Entre os braços me apertou,
Ao peito me trouxe unido,
E tão leal me tem sido
«Que sempre me acompanhou.»

Satisfaz-se o meu desejo
Quando nos candidos ares
Denso tropel de pezares
Correr a buscar-me vejo:
Ventura, não te festejo,
Vae-te, outras almas procura;
Vae-te, que de ti murmura
Meu infeliz coração;
Tenho ao prazer aversão,
«Tenho aversão á Ventura.»

Desgraça, numem immenso,
Tu, tu, que desejas tanto
Em vez dos hymnos o pranto,
Os ais em logar do incenso:
Vê que com affecto intenso
Minha alma e vida te dou:
Nunca jámais (pois teu sou)
Desprezes a quem te abraça;
Não se diga da Desgraça
«Que no melhor me faltou.»

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segunda-feira, setembro 21, 2009 - 00:00

Poesia Consagrada :

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Bocage

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