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GLOSAS XIX

19

Analia terna, e constante.

No triste imperio da Morte
Vagueei já turvo dia ;
Eis que em minha alma sentia
Um desusado transporte:
Tu, que reges minha sorte,
Que sempre me está diante,
Oh! Feliz o teu amante
Quando baixar ao jazigo,
Se repousares commigo,
«Analia terna, e constante!»

Consta o bem da humanidade
Em objectos mui diff'rentes;
Alguns existem nas mentes,
Outros vivem na verdade:
Estes que tem dignidade
Dá-os sciencia brilhante,
Outros um gráo triumphante,
Palma, louvor, gloria, louro;
Mas inda é maior thesouro,
«Analia terna, e constante.»

Entre os teus mimos, e a vida
Não acho nenhum espaço;
Desate-se aquelle laço
Se esta prisão fôr partida;
A minha alma sempre erguida
N'uma idea relevante,
Não imita indigno amante,
Que aspira a tenue prazer;
Ou possuir-te, ou morrer,
«Analia, terna, e constante.»

Iremos ambos unidos
Onde nossas almas voam,
Ou onde os prazeres soam,
Ou onde soam gemidos:
Ambos seremos punidos
Feliz um, e outro amante,
Soará no céo brilhante,
Soará no escuro inferno,
Josino constante, e terno,
«Analia terna, e constante.»

A natureza corrupta
É objecto ante quem tremo;
Nem padece mal supremo,
Nem bem supremo desfructa:
Ora o vicio amado enluta
Esta machina ambulante,
Ora a virtude anda errante,
Entre temor, e incerteza;
Ah ! Corrige a natureza,
«Analia terna, e constante.»

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segunda-feira, outubro 5, 2009 - 16:05

Poesia Consagrada :

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Bocage

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