CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Lúbrica
Lúbrica
Quando a vejo, de tarde, na alameda,
Arrastando com ar de antiga fada,
Pela rama da murta despontada,
A saia transparente de alva seda,
E medito no gozo que promete
A sua boca fresca, pequenina,
E o seio mergulhado em renda fina,
Sob a curva ligeira do corpete;
Pela mente me passa em nuvem densa
Um tropel infinito de desejos:
Quero, às vezes, sorvê-la, em grandes beijos,
Da luxúria febril na chama intensa...
Desejo, num transporte de gigante,
Estreitá-la de rijo entre meus braços,
Até quase esmagar nesses abraços
A sua carne branca e palpitante;
Como, da Ásia nos bosques tropicais
Apertam, em espiral auriluzente,
Os músculos hercúleos da serpente,
Aos troncos das palmeiras colossais.
Mas, depois, quando o peso do cansaço
A sepulta na morna letargia,
Dormitando, repousa, todo o dia,
À sombra da palmeira, o corpo lasso.
Assim, quisera eu, exausto, quando,
No delírio da gula todo absorto,
Me prostasse, embriagado, semimorto,
O vapor do prazer em sono brando;
Entrever, sobre fundo esvaecido,
Dos fantasmas da febre o incerto mar,
Mas sempre sob o azul do seu olhar,
Aspirando o frescor do seu vestido,
Como os ébrios chineses, delirantes,
Respiram, a dormir, o fumo quieto,
Que o seu longo cachimbo predileto
No ambiente espalhava pouco antes...
Se me lembra, porém, que essa doçura,
Efeito da inocência em que anda envolta,
Me foge, como um sonho, ou nuvem solta,
Ao ferir-lhe um só beijo a face pura;
Que há de dissipar-se no momento
Em que eu tentar correr para abraçá-la,
Miragem inconstante, que resvala
No horizonte do louco pensamento;
Quero admirá-la, então, tranqüilamente,
Em feliz apatia, de olhos fitos,
Como admiro o matiz dos passaritos,
Temendo que o ruído os afugente;
Para assim conservar-lhe a graça imensa,
E ver outros mordidos por desejos
De sorver sua carne, em grandes beijos,
Da luxúria febril na chama intensa...
Mas não posso contar: nada há que exceda
A nuvem de desejos que me esmaga,
Quando a vejo, da tarde à sombra vaga,
Passeando sozinha na alameda...
Camilo Pessanh
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 287 leituras
other contents of CamiloPessanha
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Geral | Poema Final | 0 | 415 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Branco e Vermelho | 0 | 287 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Porque o Melhor, Enfim | 0 | 468 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Vida | 0 | 309 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Na Cadeia os Bandidos Presos! | 0 | 287 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Voz Débil que Passas | 0 | 301 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Em um Retrato | 0 | 333 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Violoncelo | 0 | 301 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | O Meu Coração Desce | 0 | 304 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Depois das Bodas de Oiro | 0 | 321 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Se Andava no Jardim | 0 | 296 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Rufando Apressado | 0 | 357 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Canção da Partida | 0 | 711 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Crepuscular | 0 | 334 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Amor | Não Sei se Isto é Amor | 0 | 1.327 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Lúbrica | 0 | 287 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Imagens que Passais pela Retina | 0 | 363 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Quando Voltei Encontrei os Meus Passos | 0 | 289 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Foi um Dia de Inúteis Agonias | 0 | 291 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Floriram por Engano as Rosas Bravas | 0 | 320 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Quem Rasgou os Meus Lençóis de Linho | 0 | 321 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Olvido | 0 | 291 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Depois da Luta e Depois da Conquista | 0 | 295 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Vénus | 0 | 335 | 11/19/2010 - 16:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Desce em Folhedos Tenros a Colina | 0 | 334 | 11/19/2010 - 16:49 | Português |
Add comment